Ortodoxia da Memória
A memória não
inventa nada, ela é o já consagrado, o fixo, o determinado, aquilo que não
muda, o determinado fixamente como velhas inteligências, ao passo que a
inteligência é a presença das novas memórias, a reinvenção do mundo. Quando
Einstein estava inventando, lá por 1905 (vai fazer 100 anos em 2005, não
esquecer de comemorar), eram inteligências, coisas novíssimas, que empolgavam
as pessoas; agora são coisas velhas, que amarram âncoras no barco da
civilização e o impedem de ir se aventurar longe do porto.
Quando o cirurgião Joseph
Lister (Reino Unido, 1827 a 1912, 85 anos entre datas) estavam introduzindo as
medidas anti-sépticas na cirurgia lá por 1865 aquilo era novidade, mas agora é
ortodoxia e como tal obstaculiza ou dificulta o pensar, porque tornou-se centro
ou alvo de um sistema de pensamento e para mudar é preciso refletir sobre o
heterodoxo, é PRECISO PENSAR, é necessário desviar daquilo que já é sabido, é
fundamental adotar nova postura.
Quando você vai a
uma biblioteca, lá está a resistência do ser humano no passado, como ele
enfrentou e resolveu problemas – merece aplausos, mas está morto. Embora ainda
sirva para civilizações mais atrasadas (e, lembre-se, cada um que estuda está
SE CIVILIZANDO DOS ATRASOS), para todas as PESSOAS (indivíduos, famílias,
grupos e empresas) e todos os AMBIENTES (municípios/cidades, estados, nações e
mundos) mais atrasados, não serve para o futuro ALÉM DO PRIMEIRO MUNDO, só para
o futuro aquém dele, ou seja, para o segundo, o terceiro e o quarto mundos.
O que o primeiro
mundo JÁ PENSOU é adiantado para os que vêm de trás, mas não para o próprio
primeiro mundo – para este é apenas a linha de frente do trem de ondas de
mudanças da tecnociência e do Conhecimento inteiro.
Assim sendo, quando os militares
entraram no Brasil em 1964 (até 1985) para ocupar o trono, trataram de criar de
tempos em tempos novas faces para as moedas, juntando à necessidade do corte de
zeros um empurrãozinho de esperteza sociológica. Procuraram sempre dar notícias
novas, querendo dizer que as idéias estavam pulsando e conduzindo o país. Só
que eram idéias velhas, de fora. Entrementes, mesmo sendo velhas, PARECIAM
NOVAS, e deram resultado. Veja então que mesmo ortodoxias requentadas conseguem
enganar os atrasados.
Vitória,
segunda-feira, 02 de junho de 2003.
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