As Regras do Jogo
Um certo prefeito do
ES receberia, segundo me disseram, R$ 100 mil por mês (e o ex-prefeito, amigo
dele, levaria outro tanto); como já cumpriu um mandato de quatro anos e está a
caminho de terminar o segundo, em 96 meses chegará a quase DEZ MILHÕES. Não sei
se isso leva o indivíduo para o Céu ou para o inferno (engraçado que Céu é
sempre grafado em maiúsculas e inferno sempre em minúsculas), se será punido
pela lei humana, se terá a repulsa dos que não participaram nem compartilham das
festas, mas em todo caso é deselegante.
É um jogo menor.
É jogo pequenino,
mesmo, que ninguém aplaudirá.
Se existe encarnação
não sei se vem com manual (não recebi o meu) ou se as pessoas esquecem o que
sabiam, como dizem os religiosos, ou se tudo é matéria mesmo, que se extingue
enquanto organização ao findar a energia que a sustentava naquele lugar e
fazendo aquelas operações, mas em todo caso, tanto de um jeito quanto de outro,
é divertimento trapaceado, querendo-se chegar alto e longe à custa de enganos e
vilanias no caminho. A pessoa (indivíduo, família, grupo, empresa) não é aquilo
que sua aparência apregoa. Aparência e profundidade, forma e estrutura,
superfície e conceito, exterior e interior não coincidem – destoam totalmente,
como esses crentes que se vestindo bem acreditam que estão agradando a Deus, ou
aqueles iuppies que em o fazendo pensam galgar degraus (e às vezes topam com
chefes idiotas que veem, nisso, utilidade).
É chato, é
enganação, é engodo, é ilusão, é de todo ruim.
Bom é ver aquela
pessoa que apesar de todas as dificuldades consegue vencer, contra todas as
possibilidades, apensar de todo gênero de adversidade. Emocionante não é ver o
cavalo bem tratado vencer e sim o pangaré que se desdobra e chega na frente.
Esse arranca aplausos da torcida. Aquele só recebe o prêmio.
Vitória,
sexta-feira, 30 de maio de 2003.
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