quinta-feira, 26 de janeiro de 2017


Coevolução

 

                            No livro de Michio Kaku, Visões do Futuro (como a ciência revolucionará o século XXI), Rio de Janeiro, Rocco, 2001, p. 275, ele diz: “A evolução, segundo os cientistas descobriram, geralmente se funda em estruturas prévias. Embora haja exceções a essa regra, é comum vermos a natureza adaptando e cooptando estruturas anteriores para construir novas. Assim, mesmo em nossos corpos ainda existem remanescentes de genes que controlavam as funções orgânicas de nossos mais primitivos ancestrais. (É assombroso compreender que nosso próprio genoma contém fragmentos da história evolutiva primitiva de nossa espécie, remontando a peixes, vermes e até às primeiras bactérias) ”.

                            O modelo é mais completo que isso.

                            Para começar deveríamos falar de GEOGRAFIA EVOLUTIVA e de HISTÓRIA EVOLUTIVA, a primeira afeita aos CENÁRIOS EM EVOLUÇÃO e a segunda aos ENTES EM EVOLUÇÃO. No caso humano, psicológico, racional, os cenários são AMBIENTES (municípios/cidades, estados, nações e mundo) e os entes são PESSOAS (indivíduos, famílias, grupos e empresas). Um gato é um ente dependente de seu cenário ou caixa de respostas, seu nicho ecológico, onde ele se insere. Quando o gato muda ele interfere em seu nicho, e vice-versa, se o cenário muda o gato deve mudar também, sob pena de o não fazendo desaparecer enquanto futuro, cedendo lugar a outras adaptações. Ora, dentro dos gatos deve existir uma quantidade reserva de mutações, que nunca foram usadas, ou que foram usadas em outros ambientes e aposentadas. Todo o passado dos gatos está inativo dentro deles (iriam para onde esses genes aposentados?). Todos os ambientes que não existem mais foram colocados em estase; se esses ambientes voltam os genes inativos são subitamente despertados.

Então, há essa CO-EVOLUÇÃO dupla: evolução dos ambientes ou geografias ou espaços, que é geral, coletiva, misturada, e a evolução dos entes ou histórias ou tempos, que é particular, individual, isolada.

Há uma outra co-evolução, a saber: quando um organismo (ou um ambiente) muda todos os demais organismos devem em alguma medida mudar. Tomemos nosso próprio caso: na medida exata em que os seres humanos foram passando de indivíduos a famílias, a grupos, a empresas, a municípios/cidades, a estados, a nações e agoraqui a mundo, tudo em volta teve de se modificar também, teve de se adaptar imperativa e forçadamente. Uns aderiram ao projeto, os animais domésticos, e outros foram caçados e extintos, ou estão à beira disso. Daí que se o ambiente muda o ente deve mudar, e vice-versa, se o organismo se altera o cenário deve alterar-se também. Acontece que são 1,8 milhão de espécies já descritas e até 30 milhões estimados. A coisa é exponencial, na medida em que há qualquer explosão radiativa ambiental (vulcões, um ou uma série deles; queda de meteoritos; vazão nas fissuras entre placas tectônicas; até a explosão de bombas atômicas e o vazamento de Three Mile Island e de Chernobyl), acontecendo irradiações mais ou menos fortes, em círculos concêntricos. A mudança de A induz mudança do ambiente A, ambos alterando B e o ambiente B, daí voltando, ambos e os quatro mudando todos as P (i) e todos os A (i), conforme as potências.

Isso, nessa extensão, não foi investigado, nem foram feitas as ÁRVORES DE IRRADIAÇÃO, mormente a partir das sobras fósseis. O mapeamento dos genomas será tão mais importante porque poderemos seguir os rastros dessas co-evoluções, dessas interferências de entes e cenários uns nos outros, em formidável exponencialização.

Vitória, quinta-feira, 23 de janeiro de 2003.

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