sexta-feira, 23 de dezembro de 2016


Vendendo Info-Controle

 

                            Como já foi dito tantas vezes, o que vendemos mesmo, o que trocamos, é infocontrole, ou capacidade de               informar e de ser informado, de comunicar e ser comunicado.

                            Usualmente vemos tudo como coisas ou pessoas, produtos e organizações, mas estamos de fato vendendo e comprando Psicologia (troca de IC de figuras ou psicanálises; troca de IC de objetivos ou psico-sínteses; troca de IC de produtos ou economias; troca de IC de organizações ou sociologias; e troca de IC de espaçotempos ou geo-histórias). Se você vai a uma loja e compra uma centena de folhas de papel para impressão, na realidade está comprando o objeto através da autorização de transferência, recebendo-o e passando adiante números de mapeamento, o que é conhecido como dinheiro. O dinheiro não é uma coisa perdida, solta – ele é psicológico, da REDE DE PSICOLOGIA ou de humanidade. Encaixa-se no SISTEMA DE MEDIÇÃO, que acopla números às formestruturas, formas e estruturas, imagens e conceitos. Pela formestrutura da casa um tanto de números e registros (nem sempre, e o mais das vezes não-governamental – o governo não tem denotação tributária da maior parte das transferências do TER, como sabemos muito bem; a maior parte dos signos tributários permanece invisível, sob a sócioeconomia oculta, não-vinculada) são transferidos de mente a mente, de posse a posse. Então, é claro, o dinheiro é um SISTEMA ou PADRÃO DE MAPEAMENTO, é uma MÉTRICA PSICOLÓGICA digitanalógica. Tem um metro, que no Brasil é o Real, R$ 1,00, cem centavos. Tal medidor, é lógico, tanto mostra quanto oculta, e oculta tanto quanto a sociedade esteja doente de desconfiança, propensa à malignidade dos segredos.

                            Não entremos agoraqui na questão dessa métrica.

                            Entrementes, ela é uma Psicologia, está claro, um conjunto de sensores da Vida-Racional (sociedade do povo, civilização das elites, cultura do povelite/nação). E, é certo também, é um dos instrumentos da troca de IC. Como a Lei, a Moeda é uma fita de herança, um replicador da psicologia humana, um instrumento de corte psicológico, de rearranjo da matriz humana de prospecção. Seja a Lei, seja a Moeda, seja o Desejo, seja qualquer palavra do dicionárienciclopédico, o que esses instrumentos fazem é facilitar/dificultar (pois sempre é um par polar oposto/complementar, ou seja, um campartícula ou onda ou circulinha) a troca de IC; repetindo, o que cada par polar contrário/suplementar faz é intermediar a troca de IC.

                            Nós compramos/vendemos IC relativo a todas as palavras do D/E a todo instante. E usamos uma série de mediadores (Lei, Moeda, Costume, etc.) para intermediar essa transferência. A pergunta é esta: como é que nós lidamos com esses instrumentos? É certo que a Lei é tratada pelos tribunais de Justiça, pelo conjunto dos operadores do sistema (juizes, advogados, promotores, oficiais de justiça, etc.), pelos interpretadores ou exegetas e o resto, mas tudo isso passa longe de ser da mais extremada consciência; está muitíssimo longe de ser matematizada. No quê a Moeda vai adiante muita coisa.

                            Temos plena consciência dos conectivos?

                            Sabemos como eles operam? O fato de que oscilem tanto faz crer que não. Tantas crises supostas improváveis faz pensar isso. Podemos azeitá-los? Podemos melhorar sua performance? Podemos treinar-nos melhor em sua aplicação?

                            Deveríamos colocar mais gente estudando essas questões, até para identificar todos os conectivos. Por exemplo, a Moeda é um conectivo econômico ou de produção. A Lei é um conectivo políticadministrativo da posse, do TER, às vezes do SER, no que tange aos conflitos pessoais (individuais, familiares, grupais e empresariais) não diretamente ligados a direitos sobre objetos. Portanto, é um conectivo psicanalítico ou das figuras, referido a ofensas ao TER e ao SER. Quais seriam os conectivos sociológicos ou das organizações e psico-sintéticos ou dos objetivos? O Sistema Internacional de Unidades, SI, é o quê? É um conectivo espaço-temporal, de uso restrito às ciências (mas que os outros conhecimentos vêm usando).

                            Enfim, as coisas são nebulosas. Não estão claras.

                            SE nós não sabemos quais são e em que profundidade operam os medidores, que tipo de medição estamos fazendo da transferência de IC? Evidentemente bem imprecisa, pouco indicativa. Incompetente. Fica o sentimento de que essas medidas, que vem sendo apresentadas pelas ciências, que nem fizeram o corte epistemológico, nem conseguiram a matematização esperada, quase nada tem de sinalizantes. Estão longe de realizar qualquer focagem substantiva, significativa. Daí o desprezo que as pessoas quase todas, com toda razão, têm pelas ciências ditas sociais, da aritmética da Contabilidade à álgebra fajuta da Administração e da Economia, ou da prosódia e literatice do Direito. Elas estão mais próximas da Astrologia, da Magia, que de verdadeiras ciências.

                            E, é claro, passam demasiado longe da visualização completa das trocas de IC, o que é verdadeiramente uma pena. Sendo assim, os mapeamentos são péssimos mesmo, estão tateando no escuro, motivo de tantas trambicagens, tanto aproveitamento errado as potencialidades humanas. Uma pessoa um pouco mais esperta poderia predar toda a espécie humana. Como, aliás, tantos têm feito, com porções um tanto menos avantajadas.

                            Vitória, sábado, 17 de agosto de 2002.

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