quinta-feira, 22 de dezembro de 2016


Treinamento Cinematográfico

 

                            Desde quando uma coisa passa a existir ela se torna uma veia pedagógica, de ensinamento e desensinamento das pessoas (indivíduos, famílias, grupos, empresas), de educação e de deseducação. O mesmo aconteceu com o cinema.

                            Para o bem e para o mal ele foi uma força.

                            Para o bem tantas coisas nos mostrou: melhores sentimentos, melhores procedimentos, valores positivos que conduziram a essa notável melhoria do mundo, que vemos na atualidade, por toda parte. Juntamente com o Rádio e a TV, além das outras mídias (Livro, Jornal, Revista e mais recentemente, da década dos 1990 para cá, a Internet), fez a humanidade dar saltos em apenas 100 anos, ou pouco mais, de sua existência.

                            Para o mal, transferiu valores terrível de Hollywood e de outros centros de criação, sem o menor respeito pelas pessoas, a toda parte. Como são, supostamente, “mais avançados”, os atores, atrizes, diretores, produtores e toda gente envolvida na economia cinematográfica (agropecuária/extrativismo, indústria, comércio, serviço e banco) crê-se acima dos demais, devendo ensinar a estes seus valores, até impô-los.

                            Em particular, como fumavam e bebiam, acreditaram que todos os seres humanos deveriam fumar e beber, o que foi o desastre já conhecido dos vícios. A indústria do fumo propagou-se com base nessa divulgação contínua da mídia, o câncer derivado dos subprodutos do tabaco ceifando milhões de vida e levando a processos rumorosos contra as empresas. Da parte da bebida, são centenas de milhões de “dependentes químicos”, como são chamados agora eufemisticamente os alcoólatras (o AAA passou de Associação dos Alcoólatras Anônimos a Associação dos Alcoólicos Anônimos, uma tentativa infantil de ocultar a doença; poderia ser ABA, Associação dos Beberrões Anônimos – vai ficar escondido mesmo!).

                            Depois, eles se viraram para as drogas (cocaína, heroína, derivados, drogas contemporâneas), a ponto de num filme dizerem que TODOS, sem exceção, usavam drogas em Hollywood em certa ocasião. As prisões de atores (a pontinha de um Iceberg) são freqüentes.

                            Aí os filmes de detetives e de ação começaram a divulgar e depois a louvar os atos criminosos – roubos, furtos, assassinatos, traições, todo o lado ruim do dicionário.

                            Agora o que vemos é um punhado de gente através do mundo entrando na criminalidade nem que seja por imitação, para ficar na moda cinematográfica, para imitar seus artistas preferidos. Pior que isso, o Cinema geral vem ensinando técnicas de malandragem aos bandidos menores, retirando a inocência de nossas vidas. Sofisticados modos de furtar e roubar são ensinados constantemente nos filmes. O Cinema passou a ser a Escola dos Vícios e da Bandidagem. Os bandidos vão às telas (de TV e de Cinema) para aprender as novas técnicas.

                            É certo que a Natureza aproveitará isso tudo, pois ao elevar o nível de choque as pessoas terão de sobreviver ou encontrar aptidão nesse patamar mais alto. Mas há a tensão nervosa de viver num mundo sobressaltado.

                            De modo que também para o Cinema a soma é zero: o que ele nos trouxe de bom foi do tamanho do que nos trouxe de ruim.

                            No entanto, o fato é que os governempresas ficaram com um problemão nas mãos, como antes para os cigarros, as bebidas, as drogas, etc. Hollywood e seus congêneres ficam com os lucros e a coletividade com os prejuízos.

                            Vitória, sexta-feira, 26 de julho de 2002.

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