segunda-feira, 26 de dezembro de 2016


Tratando com os Robôs

 

                            Num desses dias assistimos meus filhos e eu a Jason X, na seqüência agora autônoma do Massacre da Serra Elétrica. Como devem fazer o Jason sobreviver a tudo para o próximo episódio, nesse filme ele é congelado depois do ano 2008 e reaparece em 2455, 450 anos depois. É milagrosamente ressuscitado e parte para a matança ridícula. Em certo momento perde mais da metade do cérebro e as máquinas fantásticas de então o revivem mesmo assim, ainda mais forte, poderoso e indestrutível.

                            À parte esses exageros inconsoláveis, fica a questão do século XXV em si. A Terra foi devastada, é claro, mas não vemos robôs, só um andróide feminino (aliás, muito bonita).

                            Ora, há trabalho a fazer.

                            Ora, os seres humanos não podem continuar a povoar o planeta com a atual destrutividade implícita – devemos passar a um tempo em que existirão consideravelmente menos seres humanos e muito mais máquinas (como já é o caso), então mais ou menos inteligentes.

                            Ora, os seres humanos não ficarão apenas na Terra. O que nós sabemos do modelo é que há pessoambientes, ou seja, conjuntos pessoais (indivíduos, famílias, grupos e empresas) em ambientes (municípios/cidades, estados, nações e mundos). Agora o único mundo que temos é o planeta Terra. Mais para frente juntaremos satélites, planetas, meteoritos, cometas, vazio espacial. Uma multiplicidade de cenários não-terrestres, que não aparecem no filme. Mudando os ambientes os seres (humanos ou não; velhos ou novos seres) também mudarão. Daí que, se estivermos em Marte, que é novo ambiente, teremos novas pessoas, pessoambientes marcianas, no caso psicologias marcianas, e assim por diante.

                            Ora, quando os novos seres memorinteligentes com nova carga de info-controle materenergético surgirem, eles se fundirão exponencialmente com os velhos seres. Por exemplo, computadores com vacas, robôs com elefantes, etc., conforme já coloquei no modelo. Isso nos proporcionará mais pessoambientes diferentes ainda, quer dizer, baleias expandidas vivendo nos oceanos da Terra e em qualquer planeta terraformado.

                            Ora, é preciso pensar que as coisas são extraordinariamente complexas e fantasticamente complexantes, também, o que quer dizer que inúmeros funis exponenciais vão ser abertos pelas invenções sucessivas em 450 anos, misturando-se ou mesclando-se uns com outros.

                            Ora, como é que um indivíduo (vai u’a moça com Jason) acorda 450 anos depois e não se assusta com os, nem se torna impotente nos novos ambientes? E olhe que será incomparavelmente mais avançado esse ambiente de 2455 em relação ao nosso do que teria sido retrospectivamente o nosso em relação ao de 1550, época de Descartes.

                            Ora, onde estão os robôs?

                            Lembre-se que as máquinas são onipresentes em nossas casas. Máquinas de lavar roupas, de secar, ferros de passar, forno e fogão, forno de microondas, liquidificador, televisores, videocassetes, DVD, computadores, máquinas de calcular, rádios, etc.

                            E, havendo robôs, haverá o TRATO COM OS ROBÔS, quer dizer, a psicologia nova, seja com máquinas sem inteligência apreciável, seja com máquinas mais inteligentes do que somos agoraqui. E os seres humanos expandidos, com memorinteligência expandida? Veja só que são filmes de FC bem pobres mesmo, sem um mínimo de raciocínio (no filme dizem que a inteligência do Jason é mínima – deve ter sido ele a imaginar o roteiro ou script).

                            No adorável Caçador de Andróides, que se passa décadas no futuro, isso já é retratado: o personagem passa a amar e foge com uma andróide.

                            ORA, onde houver espécies novas, haverá mistura de psicologias, quer dizer, casamentos, por exemplo, entre humanos e andróides, entre antropóides (macacos de vários tipos, a começar dos chimpanzés) e andróides, entre humanos e outros seres expandidos. É fatal. Nada disso é retratado, embora se deva dar o desconto do pequeno tempo. Mas sempre é possível retratar nas margens.

                            Daí me deu uma vontade firme de criar um texto de FC.

                            Vitória, terça-feira, 27 de agosto de 2002.

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