Tratando com os Robôs
Num
desses dias assistimos meus filhos e eu a Jason X, na seqüência agora
autônoma do Massacre da Serra Elétrica. Como devem fazer o Jason
sobreviver a tudo para o próximo episódio, nesse filme ele é congelado depois
do ano 2008 e reaparece em 2455, 450 anos depois. É milagrosamente ressuscitado
e parte para a matança ridícula. Em certo momento perde mais da metade do
cérebro e as máquinas fantásticas de então o revivem mesmo assim, ainda mais
forte, poderoso e indestrutível.
À
parte esses exageros inconsoláveis, fica a questão do século XXV em si. A Terra
foi devastada, é claro, mas não vemos robôs, só um andróide feminino (aliás,
muito bonita).
Ora,
há trabalho a fazer.
Ora,
os seres humanos não podem continuar a povoar o planeta com a atual
destrutividade implícita – devemos passar a um tempo em que existirão
consideravelmente menos seres humanos e muito mais máquinas (como já é o caso),
então mais ou menos inteligentes.
Ora,
os seres humanos não ficarão apenas na Terra. O que nós sabemos do modelo é que
há pessoambientes, ou seja, conjuntos pessoais (indivíduos, famílias, grupos e
empresas) em ambientes (municípios/cidades, estados, nações e mundos). Agora o
único mundo que temos é o planeta Terra. Mais para frente juntaremos satélites,
planetas, meteoritos, cometas, vazio espacial. Uma multiplicidade de cenários
não-terrestres, que não aparecem no filme. Mudando os ambientes os seres
(humanos ou não; velhos ou novos seres) também mudarão. Daí que, se estivermos
em Marte, que é novo ambiente, teremos novas pessoas, pessoambientes marcianas,
no caso psicologias marcianas, e assim por diante.
Ora,
quando os novos seres memorinteligentes com nova carga de info-controle
materenergético surgirem, eles se fundirão exponencialmente com os velhos
seres. Por exemplo, computadores com vacas, robôs com elefantes, etc., conforme
já coloquei no modelo. Isso nos proporcionará mais pessoambientes diferentes
ainda, quer dizer, baleias expandidas vivendo nos oceanos da Terra e em
qualquer planeta terraformado.
Ora,
é preciso pensar que as coisas são extraordinariamente complexas e
fantasticamente complexantes, também, o que quer dizer que inúmeros funis
exponenciais vão ser abertos pelas invenções sucessivas em 450 anos,
misturando-se ou mesclando-se uns com outros.
Ora,
como é que um indivíduo (vai u’a moça com Jason) acorda 450 anos depois e não
se assusta com os, nem se torna impotente nos novos ambientes? E olhe que será
incomparavelmente mais avançado esse ambiente de 2455 em relação ao nosso do
que teria sido retrospectivamente o nosso em relação ao de 1550, época de
Descartes.
Ora,
onde estão os robôs?
Lembre-se
que as máquinas são onipresentes em nossas casas. Máquinas de lavar roupas, de
secar, ferros de passar, forno e fogão, forno de microondas, liquidificador,
televisores, videocassetes, DVD, computadores, máquinas de calcular, rádios,
etc.
E,
havendo robôs, haverá o TRATO COM OS ROBÔS, quer dizer, a psicologia nova, seja
com máquinas sem inteligência apreciável, seja com máquinas mais inteligentes
do que somos agoraqui. E os seres humanos expandidos, com memorinteligência
expandida? Veja só que são filmes de FC bem pobres mesmo, sem um mínimo de
raciocínio (no filme dizem que a inteligência do Jason é mínima – deve ter sido
ele a imaginar o roteiro ou script).
No
adorável Caçador de Andróides, que se passa décadas no futuro, isso já é
retratado: o personagem passa a amar e foge com uma andróide.
ORA,
onde houver espécies novas, haverá mistura de psicologias, quer dizer,
casamentos, por exemplo, entre humanos e andróides, entre antropóides (macacos
de vários tipos, a começar dos chimpanzés) e andróides, entre humanos e outros
seres expandidos. É fatal. Nada disso é retratado, embora se deva dar o
desconto do pequeno tempo. Mas sempre é possível retratar nas margens.
Daí
me deu uma vontade firme de criar um texto de FC.
Vitória,
terça-feira, 27 de agosto de 2002.
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