Ricos em Idéias
Juan Enriquez, em
seu livro O Futuro e Você (como a genética está mudando sua vida, seu
trabalho e seu dinheiro), São Paulo, Negócio, 2002, p. 160, diz: “ (...), entretanto,
em 2000, durante uma reunião de mais de 3.200 estudiosos latino-americanos na
ensolarada Miami... eles falaram sobre agricultura, Cuba, democracia, economia,
justiça, leis, discriminação sexual, relações internacionais, migração, raça,
religião... tudo menos ciência... Desculpa – nenhum especialista na área) ”.
Como já vimos no
modelo, é-se absolutamente pobre, porque ser pobre é não ter algo. Até Bill
Gates, com 60 bilhões de dólares é pobre de tudo que ele não tem, e é muito, é
demais. Nunca se é rico mesmo, exceto ELI, Natureza/Deus, Ela/Ele, que tem
absolutamente tudo.
Então, há vários
tipos de riqueza, em todo o Dicionário: de amores, de idéias, de dignidades, de conhecimentos, de tudo.
Particularmente,
pode-se ser rico de idéias. Mas elas não estão só na Ciência e sim em todo o
Conhecimento: idéias mágicas/artísticas, teológicas/religiosas,
filosóficas/ideológicas, científicas/técnicas e matemáticas. Pode-se ser rico
em idéias nas 6,5 mil profissões. Não apenas na Ciência. É típico dos
americanos visualizar apenas suas preferências. Evidentemente as ciências são
importantes, até mesmo fundamentais, mas não só elas, todas as formas de
conhecimento.
Quanto ao chamado
empreendedorismo (que enquanto “ismo” seria doutrina, portanto sobreafirmação
ou superafirmação, erro ou doença do info-controle mais apto, agoraqui da
humanidade) ou relações de negócios, ele pode e deve acontecer em todos os
ramos do Conhecimento. Não é só a Ciência que faz prosperar os mundos, é a
produção e a produtividade, a eficiência da produção, o rendimento crescente da
produção.
Ora, isso pode vir
tanto da Ciência quanto das outras formas de conhecer. Pode vir de tudo, pode
vir até de não-conhecer.
Agora, certamente a
Ciência tem sido, por enquanto, a principal fonte de aceleração da produção.
Como tudo é ciclo, vai vir o tempo em que ela se tornará o contrário, fonte de
aborrecimento e regressão. Não devemos nos iludir quanto a isso.
Os americanos, como
sempre, afeitos a sua suposta ética cristã-protestante (o autor gaba-se de ter
nascido católico e ter sido criado em família protestante) e ao pragmatismo,
querem as coisas de maior rendimento, uma das quais é agora a Ciência. No
entanto, deixar um não-iluminado ou pelo menos um não-santo e não-sábio, até um
não-estadista, que sequer é um pesquisador pensar tão largo assim, dá nisso: o
anúncio de uma particularidade como se fosse uma generalidade, correndo-se o
risco de tomar como regra geral o que é bem específico. Ele fotografa uma
seçãozinha reta da onda e a anuncia como plana, como se fosse a eternidade uma
reta.
Evidentemente os latino-americanos
são por enquanto a avestruz da geo-história. Mas os latinos não foram antes e
não serão depois assim. Tudo é transição.
O que importa é a
riqueza de idéias.
Pode ser que os
latinos passem por trouxas PORQUE estão precisando fazer acordos mais amplos do
que apenas no âmbito muito restrito das ciências, enquanto os anglo-saxões,
muito homogêneos em gerência do seu poder transplantado, estão na crista da
onda. Do que sabemos do passado vemos que a crista da onda está por quebrar-se
no momento seguinte; o fruto mais maduro e brilhante de todos está mais perto
do apodrecimento.
Vitória, domingo, 11
de agosto de 2002.
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