sexta-feira, 23 de dezembro de 2016


Ricos em Idéias

 

                            Juan Enriquez, em seu livro O Futuro e Você (como a genética está mudando sua vida, seu trabalho e seu dinheiro), São Paulo, Negócio, 2002, p. 160, diz: “ (...), entretanto, em 2000, durante uma reunião de mais de 3.200 estudiosos latino-americanos na ensolarada Miami... eles falaram sobre agricultura, Cuba, democracia, economia, justiça, leis, discriminação sexual, relações internacionais, migração, raça, religião... tudo menos ciência... Desculpa – nenhum especialista na área) ”.

                            Como já vimos no modelo, é-se absolutamente pobre, porque ser pobre é não ter algo. Até Bill Gates, com 60 bilhões de dólares é pobre de tudo que ele não tem, e é muito, é demais. Nunca se é rico mesmo, exceto ELI, Natureza/Deus, Ela/Ele, que tem absolutamente tudo.    

                            Então, há vários tipos de riqueza, em todo o Dicionário: de amores, de idéias,      de dignidades, de conhecimentos, de tudo.

                            Particularmente, pode-se ser rico de idéias. Mas elas não estão só na Ciência e sim em todo o Conhecimento: idéias mágicas/artísticas, teológicas/religiosas, filosóficas/ideológicas, científicas/técnicas e matemáticas. Pode-se ser rico em idéias nas 6,5 mil profissões. Não apenas na Ciência. É típico dos americanos visualizar apenas suas preferências. Evidentemente as ciências são importantes, até mesmo fundamentais, mas não só elas, todas as formas de conhecimento.

                            Quanto ao chamado empreendedorismo (que enquanto “ismo” seria doutrina, portanto sobreafirmação ou superafirmação, erro ou doença do info-controle mais apto, agoraqui da humanidade) ou relações de negócios, ele pode e deve acontecer em todos os ramos do Conhecimento. Não é só a Ciência que faz prosperar os mundos, é a produção e a produtividade, a eficiência da produção, o rendimento crescente da produção.

                            Ora, isso pode vir tanto da Ciência quanto das outras formas de conhecer. Pode vir de tudo, pode vir até de não-conhecer.

                            Agora, certamente a Ciência tem sido, por enquanto, a principal fonte de aceleração da produção. Como tudo é ciclo, vai vir o tempo em que ela se tornará o contrário, fonte de aborrecimento e regressão. Não devemos nos iludir quanto a isso.

                            Os americanos, como sempre, afeitos a sua suposta ética cristã-protestante (o autor gaba-se de ter nascido católico e ter sido criado em família protestante) e ao pragmatismo, querem as coisas de maior rendimento, uma das quais é agora a Ciência. No entanto, deixar um não-iluminado ou pelo menos um não-santo e não-sábio, até um não-estadista, que sequer é um pesquisador pensar tão largo assim, dá nisso: o anúncio de uma particularidade como se fosse uma generalidade, correndo-se o risco de tomar como regra geral o que é bem específico. Ele fotografa uma seçãozinha reta da onda e a anuncia como plana, como se fosse a eternidade uma reta.

                            Evidentemente os latino-americanos são por enquanto a avestruz da geo-história. Mas os latinos não foram antes e não serão depois assim. Tudo é transição.

                            O que importa é a riqueza de idéias.

                            Pode ser que os latinos passem por trouxas PORQUE estão precisando fazer acordos mais amplos do que apenas no âmbito muito restrito das ciências, enquanto os anglo-saxões, muito homogêneos em gerência do seu poder transplantado, estão na crista da onda. Do que sabemos do passado vemos que a crista da onda está por quebrar-se no momento seguinte; o fruto mais maduro e brilhante de todos está mais perto do apodrecimento.

                            Vitória, domingo, 11 de agosto de 2002.

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