Que Governo é Esse?
A inflação desceu de
916,4 % em 1994 a 7,7 % em 2001. Mesmo assim estão comemorando agora,
julho/2002, que o BC desceu os juros para 18,0 %, quando nos EUA é 1,5 % ao
ano. Observe que os juros brasileiros estão 10,3 % acima da inflação.
A Revista Época 208,
de 13.05.2002 publicou um quadro pequeno e incompleto da Dívida Interna brasileira (sem contar a externa, que deve ser outro
tanto – entrementes, no conjunto, estão longe da dívida americana de seis e
tantos TRILHÕES de dólares).
Mas como é que uma
dívida (veja o anexo) que era de 20,7 bilhões em 1991 pulou para 228,7 bilhões
apenas cinco anos depois? O grosso desse amontoado veio depois da passagem da
moeda anterior para a URV e o Real, o primeiro em março/1994 e o segundo em junho/1994,
três meses depois. Foi um salto de 228,7 – 20,7 = 202,0 bilhões em cinco anos,
não contando que algo foi pago no ínterim. Multiplicou por 10 em seis anos,
portanto, juros médios de 47 % ao ano! Em dólares! Sem contar o que foi pago!
Ninguém fala disso,
dessa monstruosidade. Chamei um dos meus amigos, que é estatístico, para
estudar o fenômeno, mas ele não se interessou. Seria preciso pegar os dados com
o Banco Central, saber das amortizações, quando foi gasto das privatizações
nelas, etc. Quem paga essa conta?
Somos nós, os
trouxas.
No entanto, durante
muitos anos, a Constituição Federal vedou juros maiores que 12 % ao ano, o que
foi elegantemente desprezado nos bastidores da Justiça brasileira. O governo
federal não apelou à força da lei, nem os estaduais, nem os municipais/urbanos.
Assim, ano após ano
as privatizações (dizem que de 80 a 110 bilhões de dólares) foram gastas em
amortizações, sem falar em grande parte da arrecadação geral, em todos os
níveis de governo.
Os acadêmicos não falam
da coisa, nem os jornalistas, nem os políticos, ninguém. Fica todo mundo
caladinho, numa enorme cumplicidade para o silêncio, ameaçando a coisa toda
estourar agora ou pouco mais à frente, como na Argentina. Como eu disse, em
fevereiro de 1994, quando anunciaram a URV, a Argentina iria afundar e se
escoraria no Brasil. E o Brasil, se escoraria em quem?
Agora chegou a hora
de pagar a conta e FHC (que inventou o problema) terá saído (estando por sair)
relativamente limpo de qualquer mácula. Mas ele, como Max Mauro no governo do
ES, inventou uma grande e impagável dívida.
De um lado FHC fez
um punhado de coisas boas, o Brasil deu saltos. Do outro toda essa caganeira
incontornável.
Vitória,
quinta-feira, 18 de julho de 2002.
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