O Prazer de Inventar
Durante anos, mais
de duas décadas, insisti com meus três
irmãos sobre criarmos objetos e procedimentos diferentes, a começar do
recolhimento do lixo e seu aproveitamento, sem qualquer sucesso. Meu irmão mais
novo, Rogério, finalmente registrou duas patentes. Tempos depois comecei a
buscar dados na Internet e a seguir a descrever as minhas.
Então fiz meus
planos, sobre escrever até quatro mil patentes e idéias. De fato, fiz 1,7 mil
das primeiras e 2,3 mil das segundas, e parei, depois de seis anos do início
das buscas efetivas. A seguir recomecei e agora estou a caminho de 3,6 mil de
umas e 2,4 mil das outras, seis mil no total. Entre elas há melhores e piores.
Penso geralmente nas formas, nas coisas visuais, do dia a dia, o primeiro dos
cinco degraus: muito simples, simples, médias, complexas e muito complexas. A
primeira metade, e até mesmo as médias, podemos fazer só visualizando, ou seja,
com base em formas ou imagens, em vez de conceitos ou conteúdos, que dependem
da tecnociência.
As imagens vêm
fáceis, os conceitos dependem de muitos estudos. Tudo dá prazer, alguns são
emocionantes mesmo, até entusiasmantes. Acho que podem se imaginadas milhões de
formas – os americanos já registraram, de dentro e de fora, mais de quatro
milhões de patentes.
As patentes e os
modelos de utilidade são protegidos por 17 anos, enquanto os desenhos
industriais são-no por 20 anos. As idéias, embora não protegidas, são para
sempre, podendo durar indefinidamente, criando “n” firmas, com duração típica
de 100 anos ou enquanto a família durar. Claro que elas estão sujeitas a
concorrência, o que é bom e ruim. É ruim porque alguém imediatamente se apodera
de sua idéia; todos se lançam na nova vereda, que logo se transforma numa
avenida atolada de carros-empresa em tremendo engarrafamento do fazer. É bom
porque leva à competitividade, à luta pela sobrevivência do empresário mais
apto, à guerra desenfreada por aprimoramento, que beneficia tremendamente a
humanidade. Que sobreviva o melhor. Também teremos de lutar, o que é bom, pois
tira as pessoas do comodismo.
A idéia da colocação
de um novo tipo de bar, por exemplo, nos levará a mais choques de aprendizado e
ensinamento com o ambiente. Tanto nós inventamos para ele quanto ele para nós,
refertilizando nosso fazer. Na patente isso também existe, mas em menor grau,
com a proteção de mercado.
Tudo isso, em
conjunto, é que é emocionante, que dá prazer, todo esse embate contínuo, sem
permitir o acomodamento, não só seu como de toda a sua família. No meu caso, em
especial, estou pensando na associação com parentes (próximos e distantes), com
amigos e até com colegas, para não falar da participação natural dos filhos.
Isso tira-nos da
insipidez, da mesmice, da vida comum, plenamente aborrecida dos seres humanos. Só
isto já seria algo de fantástico, sair dessa página em branco que é, em geral,
a vida de quase todos os seres humanos, essa falta terrível de notícias e
novidades.
Vitória, domingo, 11
de agosto de 2002.
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