O Cativeiro do Mau Amor
Roberto
Adami Tranjan, no seu livro Não Durma no Ponto (o que você precisa saber
para chegar lá), 3ª. Edição, São Paulo, Gente, 1999, capítulo 5, Nosso
“Jeitão” de Ser, p. 53, cita, a propósito de nada, Niezschte: “Vosso mau
amor de vós mesmos vos faz do isolamento um cativeiro”, o que é uma coisa assim
extraordinária, portentosa mesmo.
Não
é o isolamento que se transforma em cativeiro, até pelo contrário, o cativeiro
traz lá sua dose de libertação. Por si só o isolamento não é bom nem ruim,
porque se pensarmos a fundo veremos que estamos tanto unidos quanto desunidos, tanto
juntos quanto separados.
É
o “mau amor”, o amor ruim, o amor não-incondicional que traz a perdição. Ora, o
chamado “amor incondicional” é uma daquelas virtudes de ELI, Natureza/Deus,
Ela/Ele que os seres não podem ter sozinhos. É, mais que o amor segmentado, que
pode ser transição, o amor segmentador, separador, antilibertário, que constrói
maiores e menores, que cria patamares, alturas distintivas.
Veja
que Nietsche diz “vos faz”, como se fosse uma outra voz. “Vos faz do
isolamento”, sendo isolamento = MORTE, na Rede Cognata. Morrer não é nada, é o
tipo de morte que conta, se solitária, sozinha, só para si, ou compartilhada,
para os outros. Se é morte só para si ou para outros, até para todos. Poderíamos
traduzir na RC como “vos faz da MORTE uma QUEDA”, um corte, uma separação. É a
escolha de morrer sozinho, viver para si. Essa separação definitiva, essa, sim,
vem do mau amor, do amor condicionado, que impõe condições para ser ou não ser,
que escolhe, vem do amor separador, do amor isolante, personalista = SOLITÁRIO
= SEPARADO. Por exemplo, uma nação que
não saiba se soltar, que não saiba dar padece do mau amor nacional. Ou um
estado, ou município/cidade, ou empresa, ou grupo, ou família, ou indivíduo.
Tal nação morrerá mesmo a morte definitiva, a separação = PRISÃO.
O
cativeiro não é para sempre, não é para a eternidade – é somente um teste para
a libertação. Mas o mau amor, não permitindo que o conjunto saia de si, este
sim é definitivo. E é para isso que nos tentam o tempo todo, a ver se
sucumbimos. Somente o bom amor, o amar incondicionalmente, nos libertará da
prisão, da solidão.
Vitória,
domingo, 11 de agosto de 2002.
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