Morando Perto do Vulcão
Pompéia
era cidade da Campânia romana, ao pé do Vesúvio, e região de lazer dos
abastados, antes de ser soterrada em 79 por lava do vulcão. Vários milhares
morreram. Antes, e depois disso, muitos vulcões explodiram em diversas regiões
do mundo, matando talvez milhões, ao longo da geo-história. O Vesúvio continua
ativo e gente continua morando ao pé dele, o que é bem esquisito. E isso no
mundo inteiro, sempre há gente nas encostas.
As
pessoas não são suicidas, pelo contrário, apegam-se extraordinariamente à vida.
Vemos velhos e velhas de mais de 90 anos operando para tentar ganhar uns anos a
mais. Então, qual a razão profunda que leva tantas pessoas, e tão
repetidamente, após inúmeras catástrofes bem conhecidas, a continuar ali por
perto?
Vários
raciocínios me conduziram à conclusão de que é a própria lava, os metais e
minerais que vem do interior quente da Terra. Ora, o que gera a lava, o
derretimento desse material composto, é o calor, especialmente o calor gerado
no interior da própria Terra, porque o que vem do Sol mal tosta nossas peles, e
vem enfraquecendo conforme passam os éons.
Então,
é muito calor, porque a crosta planetária tem em alguns lugares 64 e em outros
apenas um quilômetro de espessura, para um raio de 6.372 km; na parte mais
larga tem um centésimo, ou um porcento. Um tremendo calor mantém derretido o
interior deste mundo, a ponto de serem os 20 mil graus Celsius do centro temperatura
mais elevada que a da “superfície” do Sol, de apenas seis mil graus Celsius (mas
a coroa logo acima vai a vários milhões).
Esse
calor é interno, não externo. Sendo interno só pode vir da radiação, dos
elementos radiativos, cuja desintegração constante produz essa imensa carga de
calor. Entrementes, devemos agradecer demais ao Sol, PORQUE ao mandar seu calor
ele estabelece um equilíbrio termomecânico logo abaixo da superfície.
Raciocinei
que essa radiatividade toda está presa no interior da Terra, lá mesmo onde não
existe crosta, que nos defende do imenso poder dela. Nos continentes, onde a
espessura é maior, a defesa é correspondentemente maior, ao passo que nos
oceanos, onde as fissuras deixam vazar lava que a água esfria logo em seguida,
ela é proporcionalmente maior, na relação de 64/1 entre a maior e a menor
defesa. Olhando o mundo inteiro como uma função da espessura do solo,
deveríamos encontrar mais gente e animais sofrendo de câncer onde a espessura
fosse menor, e vice-versa, menos gente onde fosse maior, por exemplo, no alto
de montanhas. Quer dizer, os montanheses devem ser mais isentos de doenças
oriundas de radiação.
E
do mesmo modo quanto a mutações, ao surgimento de novas criaturas, novos
vetores biológicos replicativos. Nas fissuras da Cadeia Meso-Atlântica, onde há
essa espessura de apenas um quilômetro, e a lava vasa diretamente até as águas
das redondezas, devem acontecer muitas mutações, o surgimento de muitos novos
seres a partir daqueles que ali vão aproveitar o calor que emana do interior.
Da
mesma forma em volta dos vulcões.
O
calor (em relação à friagem em volta, nos países muito frios) e a fertilidade
advinda dos materiais novos acrescentados ao solo atraem gente e bichos, e o
preço desse conforto são as mutações, as irradiações, que a Natureza quer.
Posso
pensar que as pesquisas irão deparar com uma variedade de vida muito maior onde
estiverem os vulcões ativos.
Vitória,
terça-feira, 20 de agosto de 2002.
Nenhum comentário:
Postar um comentário