segunda-feira, 26 de dezembro de 2016


Montando o Governatório

 

                            Falei do governatório, o centro de onde se governa, por comparação com observatório, o lugar de onde se observa.

                            Como montar esse lugar especial?

                           Até nossos tempos isso era meio amadorístico, e onde o profissional entrava era insuficiente, porque fracionário, ou excessivo, para dobrar pelo abuso e a intimidação do descomunal as consciências, atingindo então a cota suposta elevada do profissionalismo, sendo todo “ismo” sobreafirmação ou doença do info-controle ou comunicação mais apta.

                            Precisamos agora do equilíbrio entre o sentimental e o racional, numa abordagem do todo e da parte que seja convincente para os pagantes, o povo ou as massas financiadoras do consórcio governamental, e para os julgamentos sobre eficiência, competência, rendimento. Precisamos ver o governatório segundo a lente minimax, de tal modo a não apenas conseguir o máximo com o mínimo, no ambiente mais exíguo possível ao conforto do menor número de pessoas, como também que essa combinação resolva até o último fiapo os problemas propostos, gerando soluções que se encadeiem exponencialmente, criando cargas crescentes de soluções de alto nível.

                            Assim, que objetos caberão ali?

                            As linhas de tráfego entre o emissor e o receptor devem estar desimpedidas. Em cada nó os armazenamentos devem ser redundantes, para evitar prejuízos por perda de dados, porém não a ponto de sobrecarregar o sistema com memórias excedentes, e de custo de manutenção crescente.

                            O público pagante deve poder não apenas ter as respostas mais rápidas e confiáveis (segundo uma série padrão de quesitos mensuráveis em faixas de tempo), mas que elas sejam aquelas que foram pedidas, e não as que emergiriam de um sistema inercial e mal humorado.

                            Em suma, como transformar esse centro de governadoria de agoraqui no governatório muito preciso e elegante de depois? Como mudar o desconexo de hoje na rede multiplexamente conectada e vibrante que queremos? Como motivar? Como fazer entender a importância solitária das tarefas para a vida dos povos?

                            Como premiar os atores com a idéia precisa da missão de grande nobreza a que estão se dedicando, sem qualquer esperança de recompensa pessoal, senão aquela do dever cumprido?

                            Acontece que o governatório pede isso em seu desenho.

                            A quem pode caber esse trabalho de Hércules?

                            Eu não sei as respostas, mas sei que elas dependem de entendermos que devemos dar esse passo, para muito além do que o primeiro mundo oferece hodiernamente. Quem quer que se debruce sobre a prancheta de desenho da psicologia do governatório, essa pessoa deve saber perfeitamente que a tarefa é sobre-humana, que estamos pedindo algo de verdadeiramente impossível, mas pela mais nobre e justa das causas, extrair o melhor da humanidade. É claro que as recompensas são incrivelmente altas, também, pois a soma é zero.

                            Vitória, quarta-feira, 21 de agosto de 2002.

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