Montando o Governatório
Falei
do governatório, o centro de onde se governa, por comparação com observatório,
o lugar de onde se observa.
Como
montar esse lugar especial?
Até
nossos tempos isso era meio amadorístico, e onde o profissional entrava era
insuficiente, porque fracionário, ou excessivo, para dobrar pelo abuso e a
intimidação do descomunal as consciências, atingindo então a cota suposta
elevada do profissionalismo, sendo todo “ismo” sobreafirmação ou doença do
info-controle ou comunicação mais apta.
Precisamos
agora do equilíbrio entre o sentimental e o racional, numa abordagem do todo e
da parte que seja convincente para os pagantes, o povo ou as massas
financiadoras do consórcio governamental, e para os julgamentos sobre
eficiência, competência, rendimento. Precisamos ver o governatório segundo a
lente minimax, de tal modo a não apenas conseguir o máximo com o mínimo, no
ambiente mais exíguo possível ao conforto do menor número de pessoas, como
também que essa combinação resolva até o último fiapo os problemas propostos,
gerando soluções que se encadeiem exponencialmente, criando cargas crescentes
de soluções de alto nível.
Assim,
que objetos caberão ali?
As
linhas de tráfego entre o emissor e o receptor devem estar desimpedidas. Em cada
nó os armazenamentos devem ser redundantes, para evitar prejuízos por perda de
dados, porém não a ponto de sobrecarregar o sistema com memórias excedentes, e
de custo de manutenção crescente.
O
público pagante deve poder não apenas ter as respostas mais rápidas e
confiáveis (segundo uma série padrão de quesitos mensuráveis em faixas de
tempo), mas que elas sejam aquelas que foram pedidas, e não as que emergiriam
de um sistema inercial e mal humorado.
Em
suma, como transformar esse centro de governadoria de agoraqui no governatório
muito preciso e elegante de depois? Como mudar o desconexo de hoje na rede
multiplexamente conectada e vibrante que queremos? Como motivar? Como fazer
entender a importância solitária das tarefas para a vida dos povos?
Como
premiar os atores com a idéia precisa da missão de grande nobreza a que estão
se dedicando, sem qualquer esperança de recompensa pessoal, senão aquela do
dever cumprido?
Acontece
que o governatório pede isso em seu desenho.
A
quem pode caber esse trabalho de Hércules?
Eu
não sei as respostas, mas sei que elas dependem de entendermos que devemos dar
esse passo, para muito além do que o primeiro mundo oferece hodiernamente. Quem
quer que se debruce sobre a prancheta de desenho da psicologia do governatório,
essa pessoa deve saber perfeitamente que a tarefa é sobre-humana, que estamos
pedindo algo de verdadeiramente impossível, mas pela mais nobre e justa das
causas, extrair o melhor da humanidade. É claro que as recompensas são
incrivelmente altas, também, pois a soma é zero.
Vitória,
quarta-feira, 21 de agosto de 2002.
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