Ministério da
Brasilidade
Supõe-se
que a nacionalidade está ultrapassada. Imaginou-se durante certo tempo na
literatura de antecipação (FC e futurologia) que as nações seriam
progressivamente abandonadas e até substituídas pelas multinacionais, estas estabelecendo
embaixadas umas nas outras (com o quê elas virariam nações!). O modelo mostrou
que municípios/cidades, estados, nações e mundos são valores e descrições
permanentes, não vão desaparecer nunca.
Os municípios/cidades
não sumiram quando foi inventado o estado. Nem os estados e províncias o
fizeram quando apareceu a nação na virada do Renascimento ou no Iluminismo.
O nacionalismo é a
sobreafirmação do nacional, portanto é uma doença do info-controle /comunicação mais apto. Essa
exacerbação não é bem vinda, mas a nacionalidade sim, pois ela é a grande
família humana, a maior que há antes de o mundo todo se fundir no governo
planetário.
Compete então criar
esse ministério que estou pedindo.
O sentido é de
manifestar o que já existe e estimular o aparecimento de novas demonstrações de
brasilidade. De modo algum isso vai contra a globalização. Ninguém deseja que a
mundialização encontre as nações e os nacionais enfraquecidos, subnutridos,
frouxos, indefesos, assim como não é preciso enfraquecer os municípios/cidades
para firmar as nações. Pelo contrário, recentemente, desde faz uma década e
meia, a municipalização foi justamente o movimento de dar mais poder de decisão
e verbas a eles, que é onde vivem afinal as pessoas (indivíduos, famílias,
grupos, empresas), o primeiro ambiente.
O mesmo deve ser
feito nos outros planos, em particular o das nações. Estimular a brasilidade
não é corromper o projeto de construção do mundo, é reafirmá-lo, porquanto o
Brasil irá fortalecido para a união, como um membro de pleno direito, sabedor
de seu valor, consciente de sua grandeza. E assim também todas as nações.
Esse fortalecimento
passa pelo dicionárioenciclopédico, quer dizer, o dicionário de palavras e a
enciclopédia de imagens, nesta as biografias, as bibliografias e as
biobibliografias.
No dicionário é
preciso investigar todas as palavras, uma por uma, e dar-lhe relevo, evidência,
superposição, proeminência, realce, destaque, ênfase. No que os brasileiros já
são bons e destacados? No quê podem ser melhores? Como habilitá-los mais na
metade boa do dicionário e como afastá-lo da metade ruim?
Como remontar os
índices pedagógicos? Como retreinar os professores? Como mudar nossa psicologia
(figuras/psicanálise, objetivos/psico-síntese, produção/economia, organização/sociologia
e espaçotempo/geo-história)? Há muito trabalho por fazer. Tarefas orgânicas,
conduzidas por um consenso dos governempresas.
Tudo isso,
naturalmente, depende de um ministério, ou pelo menos (para não os multiplicar
inutilmente) de uma secretaria ligada à presidência.
Vitória,
sexta-feira, 26 de julho de 2002.
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