quarta-feira, 21 de dezembro de 2016


Ministério da Brasilidade

 

                            Supõe-se que a nacionalidade está ultrapassada. Imaginou-se durante certo tempo na literatura de antecipação (FC e futurologia) que as nações seriam progressivamente abandonadas e até substituídas pelas multinacionais, estas estabelecendo embaixadas umas nas outras (com o quê elas virariam nações!). O modelo mostrou que municípios/cidades, estados, nações e mundos são valores e descrições permanentes, não vão desaparecer nunca.

                            Os municípios/cidades não sumiram quando foi inventado o estado. Nem os estados e províncias o fizeram quando apareceu a nação na virada do Renascimento ou no Iluminismo.

                            O nacionalismo é a sobreafirmação do nacional, portanto é uma doença do info-controle              /comunicação mais apto. Essa exacerbação não é bem vinda, mas a nacionalidade sim, pois ela é a grande família humana, a maior que há antes de o mundo todo se fundir no governo planetário.

                            Compete então criar esse ministério que estou pedindo.

                            O sentido é de manifestar o que já existe e estimular o aparecimento de novas demonstrações de brasilidade. De modo algum isso vai contra a globalização. Ninguém deseja que a mundialização encontre as nações e os nacionais enfraquecidos, subnutridos, frouxos, indefesos, assim como não é preciso enfraquecer os municípios/cidades para firmar as nações. Pelo contrário, recentemente, desde faz uma década e meia, a municipalização foi justamente o movimento de dar mais poder de decisão e verbas a eles, que é onde vivem afinal as pessoas (indivíduos, famílias, grupos, empresas), o primeiro ambiente.

                            O mesmo deve ser feito nos outros planos, em particular o das nações. Estimular a brasilidade não é corromper o projeto de construção do mundo, é reafirmá-lo, porquanto o Brasil irá fortalecido para a união, como um membro de pleno direito, sabedor de seu valor, consciente de sua grandeza. E assim também todas as nações.

                            Esse fortalecimento passa pelo dicionárioenciclopédico, quer dizer, o dicionário de palavras e a enciclopédia de imagens, nesta as biografias, as bibliografias e as biobibliografias.

                            No dicionário é preciso investigar todas as palavras, uma por uma, e dar-lhe relevo, evidência, superposição, proeminência, realce, destaque, ênfase. No que os brasileiros já são bons e destacados? No quê podem ser melhores? Como habilitá-los mais na metade boa do dicionário e como afastá-lo da metade ruim?

                            Como remontar os índices pedagógicos? Como retreinar os professores? Como mudar nossa psicologia (figuras/psicanálise, objetivos/psico-síntese, produção/economia, organização/sociologia e espaçotempo/geo-história)? Há muito trabalho por fazer. Tarefas orgânicas, conduzidas por um consenso dos governempresas.

                            Tudo isso, naturalmente, depende de um ministério, ou pelo menos (para não os multiplicar inutilmente) de uma secretaria ligada à presidência.

                            Vitória, sexta-feira, 26 de julho de 2002.

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