A Tecnociência Mais Apta na Guerra do
Fogo
No
extraordinário filme A Guerra do Fogo, a tribo perde seu fogo mantido e
vai a busca de outro, até que os mensageiros encontram outro grupo que sabe
fazer fogo, com o que ficam surpreendidíssimos. O filme é uma delícia em todos
os sentidos, uma jóia raríssima.
Isso
serve de motivo para discutirmos a criação de todo o conhecimento alto e baixo:
1) alto: Magia, Teologia, Filosofia e Ciência; 2) baixo: Arte, Religião,
Ideologia e Técnica, e a Matemática que está no topo e no centro de ambas as
pirâmides de base quadrada. Então, CRIAÇÃO ALTA e CRIAÇÃO BAIXA.
O
que sempre projetou qualquer grupo humano acima e além, o que dá futuro e
sobrevivência é a aptidão e a habilidade do conhecimento superior.
O
livro de Isaac Asimov, Cronologia das Ciências e das Descobertas, Rio de
Janeiro, Civilização brasileira, 1993 (sobre original de 1889), 1.060 páginas,
fala das descobertas práticas, ao passo que o de Daniel J. Boorstin, Os
Criadores (Uma História da Criatividade Humana), Rio de Janeiro,
Civilização Brasileira, 1995 (sobre original de 1992), 976 páginas, contando o
índice remissivo, fala das descobertas teóricas. Ambos são formidáveis.
O
de Asimov descreve em ordem cronológica aquilo ele achou oportuno colocar, permitindo-nos
assim pensar, voltando a leitura, indo do fim para o começo, como era o mundo
antes das descobertas listadas. Como era antes do alumínio, descoberto em 1825?
Como era antes de conhecermos os efeitos da riboflavina em 1930, antes de sua
síntese em 1935 por Karrer?
Indo
para trás vamos vendo o mundo racional humano sendo des-construído,
des-montado, peça por peça. A liberdade humana vai sendo sempre diminuída, o
que podemos ver também no livro do Boorstin. E podemos do início para o fim ver
as sociedades que tiveram acesso a essas formas superiores de conhecimento
adquirindo proeminência sobre as demais, constituindo hoje os quatro mundos
(como são cerca de 220 nações, 4 x 55, para os primeiros 55, os segundos 55,
etc.), açambarcando cada vez mais futuro e sobrevivência. Tudo começou com o
fogo, a roda, aquelas coisas dos primórdios.
Vai
daí que não é só o gene que é egoísta (o que é uma falácia tremenda; mas
podemos aproveitá-la), ou a língua, como postulam outros – poderíamos dizer que
o Conhecimento sobre-vive, fabricando o mundo para conservar-se e crescer. O
Conhecimento mais hábil, mais apto é selecionado artificialmente, através dos
objetos desenvolvidos & das teorias pesquisadas.
Bem
fizeram aqueles lá em ir a busca do fogo. E mais espertos ainda foram em
aceitar a tecnologia superior do fogo fabricado. Sem a tecnociência superior o
mais certo é morrer sem deixar descendência. Imagine-se quantos descendentes de
romanos e de gregos existem agora, para povos originalmente tão pequenos.
Em resumo, os povos inventivos
encapsularam seu ADRN dentro do conhecimento e o remeteram ao futuro.
Vitória,
quarta-feira, 28 de agosto de 2002.
Nenhum comentário:
Postar um comentário