domingo, 25 de dezembro de 2016


A Tecnociência Mais Apta na Guerra do Fogo

 

                            No extraordinário filme A Guerra do Fogo, a tribo perde seu fogo mantido e vai a busca de outro, até que os mensageiros encontram outro grupo que sabe fazer fogo, com o que ficam surpreendidíssimos. O filme é uma delícia em todos os sentidos, uma jóia raríssima.

                            Isso serve de motivo para discutirmos a criação de todo o conhecimento alto e baixo: 1) alto: Magia, Teologia, Filosofia e Ciência; 2) baixo: Arte, Religião, Ideologia e Técnica, e a Matemática que está no topo e no centro de ambas as pirâmides de base quadrada. Então, CRIAÇÃO ALTA e CRIAÇÃO BAIXA.

                            O que sempre projetou qualquer grupo humano acima e além, o que dá futuro e sobrevivência é a aptidão e a habilidade do conhecimento superior.

                            O livro de Isaac Asimov, Cronologia das Ciências e das Descobertas, Rio de Janeiro, Civilização brasileira, 1993 (sobre original de 1889), 1.060 páginas, fala das descobertas práticas, ao passo que o de Daniel J. Boorstin, Os Criadores (Uma História da Criatividade Humana), Rio de Janeiro, Civilização Brasileira, 1995 (sobre original de 1992), 976 páginas, contando o índice remissivo, fala das descobertas teóricas. Ambos são formidáveis.

                            O de Asimov descreve em ordem cronológica aquilo ele achou oportuno colocar, permitindo-nos assim pensar, voltando a leitura, indo do fim para o começo, como era o mundo antes das descobertas listadas. Como era antes do alumínio, descoberto em 1825? Como era antes de conhecermos os efeitos da riboflavina em 1930, antes de sua síntese em 1935 por Karrer?

                            Indo para trás vamos vendo o mundo racional humano sendo des-construído, des-montado, peça por peça. A liberdade humana vai sendo sempre diminuída, o que podemos ver também no livro do Boorstin. E podemos do início para o fim ver as sociedades que tiveram acesso a essas formas superiores de conhecimento adquirindo proeminência sobre as demais, constituindo hoje os quatro mundos (como são cerca de 220 nações, 4 x 55, para os primeiros 55, os segundos 55, etc.), açambarcando cada vez mais futuro e sobrevivência. Tudo começou com o fogo, a roda, aquelas coisas dos primórdios.

                            Vai daí que não é só o gene que é egoísta (o que é uma falácia tremenda; mas podemos aproveitá-la), ou a língua, como postulam outros – poderíamos dizer que o Conhecimento sobre-vive, fabricando o mundo para conservar-se e crescer. O Conhecimento mais hábil, mais apto é selecionado artificialmente, através dos objetos desenvolvidos & das teorias pesquisadas.

                            Bem fizeram aqueles lá em ir a busca do fogo. E mais espertos ainda foram em aceitar a tecnologia superior do fogo fabricado. Sem a tecnociência superior o mais certo é morrer sem deixar descendência. Imagine-se quantos descendentes de romanos e de gregos existem agora, para povos originalmente tão pequenos.

                            Em resumo, os povos inventivos encapsularam seu ADRN dentro do conhecimento e o remeteram ao futuro.

                            Vitória, quarta-feira, 28 de agosto de 2002.

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