A Guerra é Boa?
É
claro que a guerra é ruim, enquanto destruição, e eu tenho pavor dela, por tudo
de mau que traz. Contudo, aprendi no modelo a ver as coisas todas como soma
zero, ∑ = 0 = P – G (paz = guerra, devem ter o mesmo “tempo”; uma é longa e quieta,
outra é intensa e curta), o par polar oposto/complementar. E guerra = CRIADORA
= GERADORA, na Rede Cognata, de modo que é preciso analisar melhor a questão.
No
que a guerra é ruim nem precisamos falar, vemos seus efeitos terríveis. É no
que ela é boa que devemos tocar.
Bom,
para começar, a guerra ROMPE OS LAÇOS. Em torno de cada conjunto (laços
pessoais: laços individuais, laços familiares, laços grupais, laços
empresariais; laços ambientais: laços municipais/urbanos, laços
estaduais, laços nacionais e laços mundiais) vão se formando centenas e até
milhares de ligações emperrantes, enrijecedoras – toda uma HIERARQUIA DE
PROCEDIMENTOS, DE FAZERES, DE SABERES, DE PRECEDÊNCIAS, os tais que podem mais.
Quando a guerra vem ela talha, corta, desfaz, arrebenta, rompe todos
esses nós, abrindo os conjuntos para outras ligações e potencializações.
Impedido que estava de ligar-se com outros conjuntos mais distantes, agora pode
fazê-lo, surgindo, disso, muitas novidades. Os conjuntos não precisam mais
pedir licença a seus próximos para ligar-se aos distantes. As idéias lá de
longe, que não chegavam aqui, passam a fazê-lo. Ambos os lados tomam contato
com os valores alheios e aprendem a valorizá-los.
Depois,
confrontadas com a possibilidade de sua morte ou submissão ao estrangeiro, as
burguesias ABREM AS PERNAS, deixam passar coisas que não seriam admitidas em
outras ocasiões, como na Primeira e Segunda guerras mundiais, na guerra fria
dos EUA com a URSS, etc. Só isso já renderia muitas teses de mestrado e doutorado.
Muitas leis facilitadoras são passadas para favorecer o povo e as massas.
A
seguir, vem o processo democratizante: quem lutou na guerra não deseja mais os
torniquetes ameaçadores de antes – quer a todo custo liberdade equivalente ao
seu esforço e morte.
Mais
ainda, antes os homens, e agora homens e mulheres voltam cheios de vigor
procriativo, o que em resumo quer dizer terrenos, casas, móveis, carros,
acumulação.
Não
posso estender indefinidamente esta avaliação, porque o tempo é pequeno e há outros
textos a construir, mas você consegue visualizar por si mesmo. É claro que a
guerra é tristíssima, mas depois dela vem um período felicíssimo de bonança.
Uma calmaria quente e reconfortante, depois da procela.
É
como morar perto de um vulcão – é que as terras ali por perto são mais férteis,
a humanidade não iria se arriscar atoa.
Creio,
portanto, que as guerras são um mecanismo para a sobrevivência do mais apto,
quando estamos caindo na inércia e no comodismo das relações antigas
superenrijecidas, na imobilidade total.
Matando
essas antigas relações, limpando o campo das ervas daninhas da repetição, a
guerra revolve e oxigena a Psicologia humana geral. Pode-se dizer que, embora
detestável, é um mal necessário, um mecanismo de sobrevivência.
Vitória,
terça-feira, 20 de agosto de 2002.
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