sexta-feira, 23 de dezembro de 2016


A Glória de Cristo

 

                            Apareceram alguns livros maravilhosos recentemente, e alguns completamente tolos. Por exemplo, entre estes podemos contar o de Martin Seymour-Smith, Os 100 Livros que Mais Influenciaram a Humanidade (A História do Pensamento dos Tempos Antigos à Atualidade), Rio de Janeiro, Difel, 2002.

                            Na página 192 ele diz: “Nós entramos no que se pode chamar, sem dúvida, de Era Pós-Cristã. Os desejos de Cristo, se não o próprio Cristo, estão mortos. As igrejas fracassaram e hoje consistem em clubes para liberais, homossexuais e outros grupos não tão bem-vindos”, e mais adiante, mesma página: “Mas o Cristo dessa instituição chamada Igreja Católica, freqüentemente arrepiante e cruel, sempre certa de si mesma e da sua santidade, está, agora morto”.

                            É isso que dá deixar qualquer um tentar raciocinar, e principalmente falar. Mas, eu creio, a democracia é formidável, e deve ser preservada a quase qualquer custo. Primeiro, faz os mais odiosos governantes deixarem o poder obrigatoriamente depois de um determinado tempo, sem qualquer recurso. Depois, garante a qualquer otário, qualquer palhaço, o direito de voz, de ir e vir, de vida, de tudo. É simplesmente fantástico, adorável.

                            Ponto por ponto.

                            1º) não há qualquer Era Pós-Cristã, como não há nenhuma Era Pós-Búdica. Uma coisa assim tão vasta acontece para sempre. Agora mesmo a Igreja lançou o programa do terceiro milênio; que instituição na Terra pode arvorar-se durar mais de 300 anos (as empresas mais antigas duram 100, 150, 300 anos; algumas dinastias mais um pouco)? Tudo é ciclo, maktub, passará; mas algumas coisas duram muito mais tempo que o Seymour-Smith ou os desejos dele. A Igreja já passou por muitas crises. Ela possui a única língua verdadeiramente universal, o Latim. Está presente em quase todos os países. Têm um conjunto de homens e mulheres fidelíssimos, todos treinados na matriz, em Roma. Está num setor sempre renovável, a Fé, e assim por diante. Mesmo uma análise tímida mostra não apenas a Igreja como as vertentes cristãs todas muito fortes, administrando as consciências de mais de dois bilhões de indivíduos, 1/3 de toda a humanidade. O autor está totalmente enganado.

                            2º) os desejos de Cristo não estão mortos, mal começaram as suas construções verdadeiras. Nem foi feita uma avaliação correta, completa e desapaixonada dos serviços prestados pelos cristãos à humanidade. Os cristãos estão preparados para um novo avanço no mundo. Além do quê estamos numa interfase, num período de calma. Quando começarem quaisquer conflitos ou se houver alguma ameaça séria à vida coletiva e individual humana, quase todos retornarão ao redil.

                            3º) muito menos Cristo está morto, pelo contrário, está renascendo, como qualquer análise simplória pode estabelecer. Como o Ocidente não pode prescindir dos judeus, dos gregos, dos europeus, também não pode dispensar Cristo e os cristãos, se deseja um enfrentamento vitorioso contra as forças derrotistas, que o SS representa.

                            4º) nas igrejas não-católicas, onde os pastores são livres para casar, há menor ou nenhuma incidência de homossexualismo. Na Igreja Católica, em especial, onde há a exigência (correta) do não casamento, pois a tarefa é outra, a constituição de um superpoder para os dias que virão, naturalmente a grande pressão leva a desvios, mas é da minoria repudiada. Quanto ao homossexualismo em si, cada um tem direito de seguir a sua via, a sua escolha, as suas dependências, se trabalha por elas – só não deve com isso atacar a família, é a única proibição, dentro como fora das igrejas.

                            5º) as igrejas não são clubes liberais, embora a paz deste tempespaço agoraqui propicie essa acomodação, já que o Ocidente se tornou amplamente vitorioso justamente em razão do trabalho dos cristãos. Há essa definição de clube, que é útil, que é uma psicologia que deve ser favorecida pelo Estado, pelos governantempresários em geral, mas há também muito mais, ilimitadamente mais. Quem não vê é cego.

                            É verdade que a Igreja foi arrepiante e cruel, mas esta não é a única face sua. Ela também é caritativa, benevolente, amorosa, generosa, acolhedora e detém inúmeras qualidades, incomparavelmente mais do que podemos dizer de quase todas as instituições na Terra, inclusive do SS. Contudo, Cristo não foi nem uma coisa nem outra.

                            Enfim, o SS foi infeliz, arrogante, extremado, vil, baixo, aviltante, desprezível, abjeto, tolo e todo o lado ruim do dicionário.

                            É uma pena um historiador tomar essas posições unilaterais, de visão curta e sectária, apoiadas unicamente em seus desejos. Mas para alguma coisa serve, desde quando permite que se faça uma reavaliação de Cristo e da Igreja, e dos serviços que Ele e ela prestarão, estão prestando e prometem prestar à humanidade. Só assim descobriremos algo da grandeza que, esta sim, não é passageira. Como Cristo disse? As portas do inferno não prevalecerão. Na Rede Cognata AS PUTAS DO HUMANO ou AS SUJEIRAS DO HUMANO. Estava perfeitamente certo. E isso há dois mil anos, sem qualquer auxílio. Isso não é mesmo coisa de Deus?

                            Vitória, quarta-feira, 21 de agosto de 2002.

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