sexta-feira, 23 de dezembro de 2016


A Dívida Americana

 

                            Segundo eu soube, a dívida americana (não sei a composição, nem importa para o raciocínio a seguir), monta a 6,5 trilhões de dólares, ou 6.500.000.000.000 dólares - e dólar é aquela coisa verde que hoje vale em torno de R$ 3,20, dinheiro brasileiro que dá para comprar neste momento duas cervejas ou quase 13 pães.

                            Tradicionalmente a renda anual de juros sendo de 6 % nos EUA, ou 0,5 % ao mês, agora chegou ao patamar de 1,75 % anual, segundo a divulgação. Com (6,00 – 1,75) % = 4,25 % pela decisão do FED, por ano estão sendo subtraídos aos investidores quase US$ 280 bilhões. Com a inflação média histórica americana sendo da ordem de 4 %, na realidade as pessoas estão perdendo em torno de US$ 150 bilhões. Não ganhando dois por cento, e sim perdendo 1,25 %. O que eles ganham nem dá para repor a inflação, enquanto no Brasil os juros chegam (para grande terror dos aproveitadores) a APENAS 18 % ao ano, para inflação de quatro ou seis por cento anuais.

                            Se fosse o Brasil a decretar essa política seria uma calamidade mundial, ao passo que os americanos fazem para estimular os negócios, impedindo o dinheiro de sair da produção rumo aos bancos, para empréstimos ociosos. Nem com isso estão conseguindo.

                            A questão mais preocupante é que há ciclos de juros baixos e de juros altos, e que sabemos que à atual política de juros baixos sobrevirá uma política de juros altos. Se as pessoas aproveitassem e corressem para pagar suas dívidas, ainda bem; contudo, elas não fazem assim, são como lemingues correndo para o precipício. Tentarão esquecer os problemas, simplesmente varrendo-os para debaixo do pano do futuro. “Fica por conta do Abreu; se ele não pagar, nem eu”, como diz o povo.           

                            Quando a política de juros mudar de baixa para alta, digamos 12 % ao ano, isso significará 8 % = US$ 500 bilhões POR ANO acima da inflação. Então o povo e as elites americanas entrarão num colapso medonho, maior que qualquer coisa já vista.

                            Como eu já disse a meu filho, uma firma entra em falência porque ela é 100 % do que tem, e se você tirar 20 % que sejam a coisa começa a fazer água, não importa quanto sejam 20 % - e isso SEMPRE pode acontecer, nas circunstâncias corretas (ou incorretas).

                            Não é o Brasil, a Argentina, o Uruguai, a Nigéria e outros que preocupam, é o esteio central, que controla e manipula todos os demais. Como eu disse em 1985, os EUA estavam então espalhando a letalidade da crise que viria; agora ela veio e já veremos quanta mortalidade foi plantada e quanta será colhida.

                            Vitória, quarta-feira, 28 de agosto de 2002.

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