O Salto do Garotinho, o Passo Miúdo Constante das Menininhas, a Construção da Humanidade.

 

Acredito que a vida antiga era feita em módulos de 13 anos: nascia, vivia 13 anos, passava à idade adulta, vivia outros 13 e morria aos 26, nesse tempo as mulheres – se não tivessem morrido num dos inúmeros partos simples, duplos, triplos, quádruplos – já teriam tido uma dúzia de filhos ou mais (a partir dos oito anos, inclusive).

Assim como os sete anos de criança e os outros sete de adolescente - e os sete até a idade adulta aos 21 (três vezes sete 21) – são de toda nossa vida, DE LONGE, os mais interessantes, e os garotinhos são as pessoas mais extraordinárias. Veja que as menininhas não tem descontinuidade, mesmo levando em conta o primeiro sangramento, pois esse é o projeto. Não pense que as diminuo, as mulheres são criaturas completamente espantosas, grandes companheiras, amores de nossas vidas.

Contudo, os garotinhos eram menininhas até os 13! Inclusive possuem vozes finas, de mulheres - zombaram muito de mim, “fala grosso, menino!”, “seja homem!”.

Daí as tribos adotarem os ritos de passagem que os tornaria homens, guerreiros capazes de enfrentar até cotidianamente a morte – o extermínio era o destino desejado dos homens. Aos 13 eles eram arrancados brutalmente do ninho feminino e passavam ao respeito masculino.

O TEMPO DE VIDA DE CADA GÊNERO

MULHERES.	Menininhas (até a menstruação, quanto já eram potencialmente mães).	Mães (avós eram mães: quando param de menstruar tornam-se mães velhas, estéreis).
HOMENS.	Garotinhos são menininhas até os 13 anos, são arrancados do útero bem aqui.	Guerreiros que intrepidamente avançam até a morte para proteger a tribo a todo custo.

SOMA DE TEMPOS

MULHERES.	HOMENS.
Menininhas: 13	Guerreiros: 13
Garotinhos: 13
Mães: 13
SOMA: 39	SOMA: 13

Então, de fato, os homens viviam 1/3 do tempo das mulheres e elas tinham 39 anos para formar a todos, doutrinando os garotinhos durante 13 preciosos anos. Estes tinham de dar um salto magnífico, mudar para o avesso, de garotinho da mamãe a pré-morto, honra indizível, até porque, como vimos, só 10 a 20 % de todos saíam para caçar-pescar. Nesse instante os homens se tornavam tão visíveis quanto 3/1 x 10 = 30 ou 3/1 x 5 = 15. Os garotinhos sonhavam com isso! Não só para serem guerreiros ou homens pré-mortos como principalmente para, se sobrevivessem, serem admirados pelas fêmeas férteis. Nunca mais houve um tempo tão feliz assim, exceto quando surgiu a TCC Tribo do Cão-Cavalo. Os homens nunca mais fomos tão afortunados quanto naqueles tempos (depois, como sempre, aproveitaram mal e alguns cretinos passaram a bater nas mulheres e nas crianças).

Aquele circular “passo miúdo das menininhas” na realidade foi coisa absolutamente interessante porque elas adquiriram uma responsabilidade com que os homens sequer sonham, sem falar em suas memórias multicompartimentadas, como já estudamos.

DUAS VIDAS (o garotinho salta de um lado para outro quase sem titubear – para os que fraquejam os ritos dão um empurrãozinho, às vezes um pouco grosseiro, é verdade, mas nada que não emocione)

MULHERES	HOMENS
Preservação.	Morte.
Filhos.	Abandono.
Círculo.	Lanças (umas maiores, outras menores), as maiores são mais admiradas, as menores implicam mais criatividade.
Caverna-terreirão (casa-quintal).	Guerra exterior.
Memórias variadas.	Projeção.

E assim por diante, já estudei muito o assunto, vá ler o MCES Modelo da Caverna para a Expansão dos Sapiens, leia os 421 artigos em Material Sensível.

Evidentemente isso traz enormes consequências, por exemplo, não adianta ensinar os ofícios antes dos 13 ou buscar enfrentamento, nem falar de desilusão filosófica antes da desilusão do fim da infância (por um lado as mulheres não sofrem de desilusão, por outro lado ela ocorre mais cedo, no primeiro sangramento), ou seja, não aproveita nada ensinar filosofia aos garotos antes dos 13 anos, as mamães estão paparicando-os, ainda não bateram com a cara no muro da realidade.

Serra, sexta-feira, 15 de outubro de 2015.

GAVA.