terça-feira, 22 de novembro de 2016


Feliz para Ser o que Falta?

 

O livro de Dominique Magalhães tem por título O Que Falta para Você Ser Feliz? – São Paulo, Gente, 2014 -, de onde tirei o título.

Você poderia pensar que é um daqueles desprezíveis livros de autoajuda (aliás, muito bons quando o desprezo intelectualóide é posto de lado), porém ele é elegante na simplicidade, embora erre, algumas vezes flagrantemente.

Por exemplo, o que é felicidade?

Pode-se identificá-la?

As pessoas confundem muito com bem-estar. Um sádico poderia estar muito bem apanhando e rindo, todo satisfeito, mas os de fora não chamariam isso de felicidade PORQUE a felicidade é métrica absoluta, é uma das medidas exclusivas de Deus, como A Verdade, como está na constituição americana, “a busca da felicidade”, pois é ideia, é inatingível, como A Verdade. Não pode ser objeto de injúria, de inconstância, da verborragia – é coisa puríssima.

A Felicidade nos mede a todos.

De fato, quando dizemos que a pessoa está feliz queremos dizer que encontra-se em condição de deleite, podendo apresentar todos os sintomas disso: alegria e contentamento, a que correspondem exterioridades corporais. Entretanto, tudo isso pode ser imitado, como os artistas imitam, aparentando o bem-estar – fingem rir, fingem gostar, etc.

O bem-estar pode ser imitado, A Felicidade, não.

Como saber se a pessoa está mesmo feliz?

Ela poderia estar e nem saber descrever.

Dentre os racionais os que mais se aproximam d’A Felicidade são os santos-sábios e, acima deles, os iluminados.

Em suma, é título errado.

Depois, ela cita “os grandes”.

Página 155, Henrik Ibsen (norueguês, 1828-1906): “A felicidade é uma estação intermediária entre a carência e o excesso”. Não é, não pode ser, como vimos, pois está além-Natureza, é um dos atributos de Deus. O que está entre esses extremos é a satisfação.

Página 106, Johan Goethe (alemão, 1749-1832): “O gênio, esse poder que deslumbra os olhos humanos, não é outra coisa senão a perseverança bem disfarçada”. Não é, não pode ser, porque existem gênios não-perseverantes - extremamente dispersivos - criando continuamente, ao passo que existem perseverantes que não são gênios, já que ninguém diria que a burocracia estatal é genial. O gênio é um construtor-destruidor, um FRANCO OPOSITOR, sendo fácil de ver que criar é tanto fazer o novo quanto de opor ao velho – quando o escâner foi inventado, por definição não existia, isso foi construção. Quando Copérnico se opôs a Ptolomeu isso foi destruição.

Então, ela erra, não é uma grande filósofa, nem mesmo filósofa.

Contudo, TEM BOA-VONTADE e isso vale muito. Tem anseio de acertar e acerta mesmo, aprendi bastante.

Passou por cima de coisa importantíssima, p.151: “(...) eu não poderia dirigir por cinco anos porque um amigo a quem eu emprestei o veículo havia cometido uma infração de trânsito por excesso de velocidade”.

No Brasil, como já disse, existe confusão tremenda, abismal, entre a Autoridade que é somente da Lei geral e os agentes da autoridade, os aplicadores; ademais, há muita ignorância e falta de lógica entre os legisladores. Pois, veja, se eu emprestar a outrem uma faca e ela for usada para matar, sou culpado? Ora, o que é julgado nunca é intenção, é o ato: se alguém teve intenção de estapear outro isso pode ir a tribunal? Mesmo se caminhar em direção a, e chegar a levantar a mão, pode? Não, somente o ato, a consagração, a consumação, mesmo sem intenção. Só o que é punível é a consecução, o fazer (e, mesmo assim, quando provado terminalmente em julgamento, quando transitado em julgado).

Se certo militar sair de quartel com metralhadora isso o tornará objeto de ajuizamento? De modo nenhum! Poderia não usá-la, poderia usá-la para treinamento autorizado em aterro, poderia levá-la para conserto ou exposição, as bifurcações são inúmeras.

Quem dirigia o carro não era a que emprestara e sim outro: ESTE cometeu o ato punível, consagrado na lei.

Seria uma daquelas multas facílimas de tirar.

Ela capitulou à toa.

Serra, sábado, 03 de outubro de 2015.

GAVA.

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