quinta-feira, 24 de novembro de 2016


Diz-Torções

 

Os contendores:

1)      Thales Guaracy, A Conquista do Brasil 1500-1600, São Paulo, Planeta, 2015;

2)     Leandro Narloch, Politicamente Incorreto (O guia dos guias, uma seleção das melhores polêmicas da história do Brasil, da América Latina e do mundo), São Paulo, LeYa, 2015.

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Guaracy p. 19.
“(...) a violência bárbara da ocupação portuguesa, marcada pela escravização e, depois, pelo extermínio da civilização nativa”.
Civilização vem de civitas, cidade – se os índios brasileiros e americanos (salvo os Pueblos) não tinham cidades (diferentemente dos andinos e dos da América Central), não podiam a rigor ser chamados de civilizados. Quanto à escravização no próprio século que ele aborda, Narloch disse na página 49: “(...) a ponto de o imperador Carlos V, em 1550 [precedendo Dom Pedro II em 130 anos], interromper as ações de colonização para debater a moralidade da conquista espanhola”. Que povo já fez isso? Os japoneses pararam a conquista da Manchúria para discuti-la? Ou os ingleses quando atacaram a França? Não houve extermínio nenhum, pelo contrário, foram na estimativa mais ampla de 3,5 milhões expandidos para 68 milhões em 2015 - 19,4 vezes - através da mestiçagem.
Narloch p. 28/29.
“Perceberam que muitos nativos se mudaram para vilas por iniciativa própria (...)”. “A escravidão indígena tinha sido proibida pelo rei Dom Pedro II de Portugal em 1680, e vetada novamente, um século depois, pelo marquês de Pombal, primeiro-ministro do reino português”. “(...) ‘demonstrando, portanto, que eles jamais foram extintos, como afirmou a historiografia tradicional’”.
Não foram suprimidos, miscigenaram-se por vontade própria a ponto de haver ADRN mitocondrial deles em 33 % da população brasileira, em 2015 204 milhões, o vasto contingente de 68 milhões (compare-se com a situação dos EUA), população maior que a da França (65,5 milhões em 2010). Foram para as vilas porque a vida lá era EXTRAORDINARIAMENTE SUPERIOR às das aldeias. E algum historiador lembrou que as contas, os vidros, as bugigangas trocadas com os índios eram milhares de anos mais avançadas em termos de industrialização que as coisas meramente colhidas por eles.

Parece que as coisas vêm sendo torcidas por um tipo de contadores-jornalistas que nem são historiadores mesmo; para grande decepção minha, que tendo a acreditar em todos e cada um.

Por aí se vê que, do lado espanhol desde 1550, do lado português a partir de 1680 os índios não foram mais escravizados (foi porisso que, infelizmente, eles escravizaram os negros; por conseguinte, os índios não lutaram por toda sua liberdade, em parte foram contemplados por ela, mesclando-se alegremente com brancos e negros através dos 500 anos).

A MÚSICA QUE MARTINHO SEM SABER DE NADA CANTA

Tribo dos Carajás
Tribo dos Carajás
Noite de lua cheia
Aruanã!
Menina moça é que manda na aldeia
A tribo dança e o grande chefe pensa
Em sua gente
Que era dona deste imenso continente
Onde sonhou sempre viver da natureza
Respeitando o céu
Respirando o ar
Pescando nos rios
E com medo do mar
Estranhamente o homem branco chegou
Pra construir, pra progredir, pra desbravar
E o índio cantou
O seu canto de guerra
Não se escravizou
Mas está sumindo da face da Terra.
Aruanã! Aruanã Açu,
É a grande festa
De um povo do alto - Xingu
Martinho da Vila

Fica posto que há gente que ataca o Brasil, não se sabe a troco de quê. As pessoas (como Sérgio Buarque de Holanda, historiador pai do compositor Francisco Buarque de Holanda) são livres para tal, o nome disso é liberdade, mas não podem esperar que não contestemos. Se for verdade, embora deplorando aceitaremos como tal, mas se for mentira devemos denunciar.

Em resumo, as posições antagônicas devem ser enfileiradas e os assuntos amplamente investigados – então os transgressores devem ser denunciados.

Serra, domingo, 17 de outubro de 2015.
GAVA.

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