Benefícios
& Custos Totais
No excelente livro de Joel Bakan, A
Corporação (A busca patológica por lucro e poder), São Paulo, Novo
Conceito, 2008 (sobre original de 2004), ele fala na página 72 e seguintes do
caso de Patricia Anderson contra a General Motors depois do acidente em 1979
nos EUA, em que seu Chevrolet Malibu foi pego por trás por motorista bêbado,
causando danos terríveis nela e em seus quatro filhos, além de um amigo
presente no veículo, quando o tanque de combustível explodiu - compre o livro e
leia.
Como resultado do julgamento, a corte local
decretou pagamentos a ela de US$ 107 milhões e indenizações punitivas de US$
4,8 bilhões, depois reduzidas a US$ 1,2 bilhões (os casos de lá não são
tratados com leviandade, como na Justiça brasileira). A Câmara de Comércio,
defendendo a GM, recorreu à Corte de Apelação da Califórnia, apresentando um
monte de argumentos indecentes, referidos a avaliação do engenheiro sobre
custos & benefícios da vida humana - precificada em favor dos acionistas –,
que colocava cada óbito potencial valendo em média US$ 2,40.
Antes de tudo, devemos mudar de custos &
benefícios para benefícios & custos (em primeiro lugar o que é mais
importante, queremos pensar elementarmente em benefícios, pois quando compramos
máquina de lavar não o fazemos para ter problemas, não estamos buscando-os,
pelo contrário, queremos soluções, eficácia). Depois, pensar que a relação B/C
deveria ser MUITO MAIOR que um, quer dizer, grandes benefícios para pequenos
custos (o contrário acontecia com os primeiros PC, favoreciam as empresas com
máquinas – até 10 vezes mais caras que hoje por 1/100 de potência - que logo,
logo davam tilte; foi horrível, falta total de consideração, elas “davam pau”,
grimpavam logo no primeiro ano). Representemos como B/C >> 1,0. Ao passo
que B/C << 1,0 deveria ser castigado fortemente.
EM TERCEIRO LUGAR O
CÁLCULO PRECISO DA B/C TOTAL (a empresa não existe no vácuo, há uma rede
de relações)
DEPENDÊNCIAS
AMBIENTAIS.
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Vínculos com o mundo.
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Vínculos com nações.
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Vínculos com estados.
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Vínculos com cidades-municípios.
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DEPENDÊNCIAS
PESSOAIS.
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EMPRESAS: vínculos com outras empresas.
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Vínculos com grupos.
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Vínculos com famílias.
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Vínculos com indivíduos.
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Há costumes populares e leis das elites (por
sinal, no Brasil, a monstruosa soma delas vai a caminho de 5,0 milhões desde a constituição
de 1988) a obedecer.
Bakan diz na página 76: “A forma como a
instituição da corporação é constituída, sua compulsão em servir aos próprios
interesses financeiros acima de tudo, exige que os executivos tomem decisões
que gerem apenas grandes benefícios para suas corporações e não custos”.
DE MODO NENHUM, os atuais cálculos de C/B isentam
os executivos e profissionais apenas internamente, quer dizer, no âmbito do
tempespaço da companhia. Os acionistas e diretores são responsáveis
externamente, devem responder PESADAMENTE tanto pelos danos diretos a pessoas
quanto pelos indiretos aos ambientes, por todo o futuro do ato.
PATRÍCIA ANDERSON
QUEIMADA
(dor e destruição para ela, os quatro filhos e o amigo, sem falar em família,
grupo, comunidade)
As empresas têm TOTAL responsabilidade, como
cada um de nós, pelos danos causados a outrem por ação ou inação.
É jogo: as empresas, acionistas, diretorias,
engenheiros, profissionais apostam: se perderem devem pagar (nessa questão,
como em todas as outras, por exemplo, a destinação do lixo, os danos causados
ao lençol freático e às águas correntes, ao ar, ao solo, a tudo mesmo).
Querem os benefícios do lucro desenfreado,
paguem o custo do erro.
Vitória, quarta-feira, 5 de outubro de 2016.
GAVA.
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