sábado, 8 de outubro de 2016


A Dignidade da D. O. R.

 

D. O. R. é a sigla para Dinheiro Orientado para o Retorno, o velho lucro, o inesquecível lucro com nova roupagem, porque o pessoal das Relações Pública RP decidiu que é preciso tirar a conotação de impropriedade.

É o Lucro.

Lucro.

Lucro.

Que palavra doce, principalmente quando “está no bolso”, quer dizer, no banco engordando nossas contas. Deve ser uma espécie de ração, muito boa por sinal, porque todo mundo a quer, até os que dizem não querer.

Deve ser o eixo da Terra, pois tudo gira em torno dele.

Esse monte de hipócrita que tem por aí... Inclusive o pessoal do PL (Partido do Lucro) e do PT/L (Partido do Tudo é Lucro).

Até parece que é vergonhoso.

Pelo contrário, o lucro vem atravessando as eras.

Inclusive a ânsia do lucro, que é aquele louvável sentimento de que o lucro deve chegar logo, não deve parar pelo caminho, não deve se distrair com “coisa pouca”, no dizer do povo. Parodiando o povo na questão da liberdade [“vem ni mim, Lili Demorada” (liberdade demorada, sonho do pessoal da prisão)], “vem ni mim, Lulu Desejada” (lucr/atividade, atividade do lucro).

Ó modeus, ó meu Deus!

Então, com esses pruridos todos, com toda essa dificuldade pós-contemporânea de encarar de frente os próprios desejos foi preciso alterar o nome para D. O. R., Dinheiro Orientado para o Retorno, bate e volta, retorna, vem garoto, vem neném para os braços de papai.

PORISSO que o pessoal da RP inventou esse nome, foi preciso esconder porque tem gente que quer fingir.

Agora podemos falar na dignidade da D. O. R., que é essa saudável iniciativa de montinho gerar montinho, aquela belezura do enriquecimento, tipo aquilo de comprar por 50 mil lote que tempos depois estará valendo 1.500 mil graças à “valorização imobiliária”, o nome favorável da especulação a nosso favor.

Muito gostosa. D. O. R. A instituição.

Você pensou que era dor, essa prostituta espertalhona que vive às custas dos outros? Não, ela não.

Serra, sexta-feira, 30 de novembro de 2012.

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