A Dignidade da D. O.
R.
D. O. R. é a sigla para Dinheiro Orientado
para o Retorno, o velho lucro, o inesquecível lucro com nova roupagem, porque o
pessoal das Relações Pública RP decidiu que é preciso tirar a conotação de
impropriedade.
É o Lucro.
Lucro.
Lucro.
Que palavra doce, principalmente quando “está
no bolso”, quer dizer, no banco engordando nossas contas. Deve ser uma espécie
de ração, muito boa por sinal, porque todo mundo a quer, até os que dizem não
querer.
Deve ser o eixo da Terra, pois tudo gira em
torno dele.
Esse monte de hipócrita que tem por aí...
Inclusive o pessoal do PL (Partido do Lucro) e do PT/L (Partido do Tudo é
Lucro).
Até parece que é vergonhoso.
Pelo contrário, o lucro vem atravessando as
eras.
Inclusive a ânsia do lucro, que é aquele
louvável sentimento de que o lucro deve chegar logo, não deve parar pelo
caminho, não deve se distrair com “coisa pouca”, no dizer do povo. Parodiando o
povo na questão da liberdade [“vem ni mim, Lili Demorada” (liberdade demorada,
sonho do pessoal da prisão)], “vem ni mim, Lulu Desejada” (lucr/atividade,
atividade do lucro).
Ó modeus, ó meu Deus!
Então, com esses pruridos todos, com toda
essa dificuldade pós-contemporânea de encarar de frente os próprios desejos foi
preciso alterar o nome para D. O. R., Dinheiro
Orientado para o Retorno, bate e volta, retorna, vem garoto, vem neném para
os braços de papai.
PORISSO que o pessoal da RP inventou esse
nome, foi preciso esconder porque tem gente que quer fingir.
Agora podemos falar na dignidade da D. O. R.,
que é essa saudável iniciativa de montinho gerar montinho, aquela belezura do
enriquecimento, tipo aquilo de comprar por 50 mil lote que tempos depois estará
valendo 1.500 mil graças à “valorização imobiliária”, o nome favorável da
especulação a nosso favor.
Muito gostosa. D. O. R. A instituição.
Você pensou que era dor, essa prostituta
espertalhona que vive às custas dos outros? Não, ela não.
Serra, sexta-feira, 30 de novembro de 2012.
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