Prisioneiros
que Somos
Há aquela banheira ou
ofurô com sais e pétalas de rosas, água tépida pela qual sonham tantos. Tem aquele
prato preparado por chef francês da Nova Cozinha, o que faz babar muitos
outros. Uns querem visitar alguns daqueles 1.000 lugares antes de morrer e
outros passear num cruzeiro ou ir a Caldas Novas em Minas Gerais usufruir das
termas.
Há sonhos para todos.
E por eles as pessoas
gastam 35 ou 40 ou 45 anos de suas vidas.
Há sonhos menores,
dos pobres e miseráveis, de ter tal ou qual celular ou tablet ou computador de
última geração, GPS ou notebook, netbook, videojogo. Há os mais avançados da
classe média que pensam no supercomputador caseiro. A classe média sonha com
uma Mercedes Classe A, os ricos com Ferrari.
A sócioeconomia
terrestre proporcionou milhões, bilhões de objetos que são trocados pelo
desconforto de todos nós prisioneiros em ônibus em quatro viagens diárias ou em
automóveis postos em garrafas pelos gênios do trânsito.
Particularmente, sou
prisioneiro das ideias.
Seguramente sou
prisioneiro de compromissos.
Como não tenho
orgulho, nem sou modesto, não quero fama nem poder, como o dinheiro não me
seduz (exceto como meio de cumprir os compromissos), sou cativo da minha
imaginação muito ativa.
Olho e vejo os sonhos
e pesadelos do ter em livros, filmes, nas manifestações que ouço de toda essa
desastrada existência humana. Lá vamos, metade dos 7,0 bilhões (sendo os outros
crianças ou velhos), cumprir essa carga de trabalho, balizados pelo tabu do
suicídio de um lado e pelas ofertas e superofertas do outro.
São tantas!
Drogas, bebidas,
cinema, esculturas, comidas, jóias, decoração, pastas, bicicletas de mil tipos
diferentes, motos de inumeráveis modelos, temperos, um sem-fim de
possibilidades de “satisfazer o corpo” (na realidade é a mente). Vícios mentais
indescritíveis, de ler como eu, de tomar café, de sentir-se perto dos
poderosos, de ser alguém com poder, de ter roupas tais ou quais – e com isso
bilhões de horas-homem são a cada semana desperdiçadas, indo muito além da
simples sobrevivência.
Que tolos somos!
Um universo dado, uma
vida entregue e vivemos desses excessos, dessas demências!
Serra, terça-feira,
23 de agosto de 2011.
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