FC
Como venho dizendo faz tempo, quem faz ficção
científica são os cientistas, pois vários deles falsificam e enganam, publicam
relatórios com dados forjados e assim por diante.
Os literatos fazem ficção dita científica,
fabulosa, fantástica, que passa por afirmar coisas supostamente científicas
quando meramente pegam informações da ponta tecnocientífica, embrulham com
maestria literária até admirável e forçam-nas pelas goelas pouco exigentes e
espantadas das crianças.
FC,
FALSOS CIENTISTAS, FALSIFICAÇÕES CIENTÍFICAS
Creation Science News
O artigo
foi publicado no dia 22 de janeiro de 2009, na edição online do jornal inglês
Telegraph.
Estes
cientistas acreditam que o conceito nos engana, porque os seus limites e até
mesmo a teoria obscurece o estudo de organismos e seus ancestrais. A evolução
é demasiado complexa para ser explicada por algumas raízes e galhos, eles
dizem.
Em “The
Origin of Species”, publicada em 1859 por Charles Darwin, o naturalista
britânico desenhou um diagrama de um carvalho para descrever como uma espécie
pode evoluir para muitos. Mas não muito foi sabido sobre as formas de vida
primitivas ou genética na época quando ele tinha apenas lidar com as plantas
e os animais – muito antes de haver qualquer compreensão real de DNA ou
bactérias.
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Estadão, Hector Escobar
Fapesp divulga nomes de cientistas julgados por má conduta
Infrações incluem uso de imagens fraudadas, roubo de imagens,
plágio e uso de informações falsas no currículo Lattes. Cientistas são da
USP, Unicamp e CTI Renato Archer
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Estadão
Aumento de fraudes em pesquisas preocupa cientistas no mundo todo
"É uma coisa tão horrorosa e tão incômoda que, por muito
tempo, preferimos acreditar que o problema não existia. Mas ele existe, e
estamos lidando de frente com ele agora."
HERTON ESCOBAR, O Estado de S. Paulo, 24 Março 2013
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MAU
COMPORTAMENTO.
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PRÁTICAS
QUESTIONÁVEIS.
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Quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012Fraudes de Cientistas: Mais Comuns do que se Pensa.
O
site Clinical
Psychology fez uma infográfico sobre as fraudes de cientistas. Mostra que
as fraudes em trabalhos científicos são muito mais comuns do que se pensa.
Vejamos.
1) 1 em cada 3 cientistas admite cometer os seguintes tipos de fraudes: a) usar dados baseados apenas em "feeling"; b) Mudar os resultados de um estudo para se adequar aos desejos de quem financia. 1 em cada 50 admite falsificar ou fabricar dados.
2)
Há três categorias de má conduta científica: a) fabricação de dados; b)
Falsificação ou distorção de dados; c) Procedimentos questionáveis de
pesquisa como esconder conflitos de interesse (relação financiador e
pesquisador);
4)
Relatórios entre os próprios cientistas mostram que 71% dizem que colegas
usaram métodos questionáveis. 14% dizem que colegas falsificaram dados.
5)
As áreas médicas são as que possuem as maiores incidências de fraudes. E o pior, 81% admitem que mudariam os
resultados para receber apoio financeiro ou para publicar um paper.
6)
Na própria psicologia, 33% admitem que disseram que um resultado era
esperado, quando na verdade não era.
7)
O site aconselha três maneiras de fazer uma pesquisa honesta:1)
Disponibilizar os dados brutos da pesquisa; 2) Fazer com que aqueles que
denunciam condutas questionáveis ouçam os dois lados; 3) Fazer publicações
anônimas.
Das
três maneiras sugeridas, eu tenho muita dificuldade em aceitar a última. A
não ser em casos como de George Kennan que era embaixador na Rússia e
publicou um texto assinando como Mr. X sobre o que os militares russos
pensavam. (Agradeço o assunto ao site Watts
Up With That) Pedro Erik
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Isso tudo porque encheram a bola deles,
ficaram inchados de orgulho: fraudes, falsificações, mentiras deslavadas.
Isso é que é ficção!
Posso ver o geral-superficial, você também,
precisamos de estudo detalhado dos próprios cientistas sérios (que, a favor da
seriedade, querem desmascarar os perjuros) – pode ter esse título, FC.
Vitória, sexta-feira, 5 de agosto de 2016.
GAVA.
ANEXO
Erros, fraudes e intrigas dos cientistas
Ao longo da História, acusações de
comportamento antiético levaram cientistas ao banco dos réus. Mas nunca como
hoje erros e denúncias de má conduta científica foram tão frequentes.
Por Redação Super
Edição 77
Fevereiro de 1994
Deixa-se apodrecer o esperma de um
homem durante quatro dias ou até que, enfim, comece a viver e mover-se. Nesse
momento, ele já parece uma criatura humana, mas ainda é translúcido e carente
de corpo. Após isso, passa-se a alimentá-lo diariamente, cautelosa e
prudentemente, com o arcano do sangue humano, mantendo-o durante 40 semanas
com o calor contínuo e igual de um ventre eqüino. Passado esse tempo, ele se
transformará em um bebê vivo, como o nascido de uma mulher, só que muito
menor. Trata-se do chamado homúnculo, que deve ser criado com todo cuidado e
zelo, até que se desenvolva e comece a adquirir inteligência.” A fórmula, por
mais absurda que seja, é de Paracelso, um dos grandes sábios da história da
humanidade.
Erro ou fraude? Provavelmente, nem
uma coisa nem outra. Paracelso (1493-1541), médico e alquimista, acreditava
não apenas na possibilidade de criar vida a partir de esperma putrefato, mas
em transformar chumbo em ouro e outras idéias que hoje nos parecem ridículas,
mas que eram tidas como verdades e constituíam o grande campo de investigação
dos sábios de sua época. Além disso, não havia até 1541, ano em que morreu,
um método científico consolidado, capaz de se contrapor às suas convicções de
que: “A imaginação tem precedência sobre tudo. Por meio dela podemos chegar a
resultados verdadeiros”.
Foi somente em 1637 que René
Descartes (1596-1650) em seu Discurso sobre o método iria definir a receita
que os cientistas seguem até hoje em seu trabalho. Em linhas gerais, o método
pode ser resumido em cinco passos: 1.º) detectar o problema ou, o que
significa o mesmo, ter uma idéia; 2.º) reunir todos os dados essenciais sobre
ele, eliminando o que não é substancial; 3.º) formular uma hipótese; 4.º)
predizer, a partir dessa hipótese, o resultado de ensaios ainda não
realizados; 5.º) se as experiências terminam como previsto, a hipótese passa
a integrar uma teoria.
Esta metodologia impôs à ciência uma
visão de mundo fundamentalmente impessoal e mecanicista. Nada é aceito como
verdade até que tenha sido experimentalmente comprovado, sem trapaças ou
“jeitinhos”. O método, por si só, não é suficiente, porém, para evitar erros,
acidentes, conclusões precipitadas , fraudes e má conduta profissional, de
forma geral. Afinal, até as acusações contra os pesquisadores
norte-americanos Robert Gallo e seu assistente Mikulas Popovic, no que
parecia o mais evidente caso de má conduta profissional dos últimos tempos,
acabam de cair por terra.
Apesar da confissão de Robert Gallo,
em novembro de 1993, o ORI — Escritório pela Integridade nas Pesquisas, órgão
do governo dos Estados Unidos, teve de desistir das acusações de má conduta
científica contra ele. Meses antes, no início de 93, Gallo havia admitido não
ter sido ele o descobridor do vírus da Aids, mas o francês Jean Luc
Montagnier, do Instituto Pasteur, em Paris. As acusações contra Gallo e
Popovic levantaram a suspeita de um enorme iceberg, do qual só uma pequena
parte é visível, de fraudes e má conduta na comunidade científica
norte-americana.
Uma suspeita robustecida pela
pesquisa da socióloga Judith Swazey, publicada pela American Scientist, com
professores e alunos de 99 instituições acadêmicas. Dos 4 000 consultados, 1
400 recusaram-se a responder. E dos 2 600 restantes, 6% tinham conhecimento
direto de uso de dados falsos em pesquisas e 9% sabiam de casos de plágio
entre colegas. Pior, 44% dos estudantes e 50% dos professores se referiram a
episódios de má conduta, como falsos créditos de autoria, fechar os olhos ao
uso de informações falsas, desvios de verba, assédio sexual, discriminação
racial, mau uso de fundos de pesquisas e negligência no cuidado com animais,
pacientes humanos e regulamentos de segurança à vida.
Em um depoimento ao Congresso dos
Estados Unidos, Jerome Jacobstein, da Universidade Cornell, afirmou que 25%
dos comunicados científicos poderiam estar baseados em dados intencionalmente
subtraídos ou manipulados. Como um reflexo dessa situação, a Academia
Nacional de Ciências recebe uma média anual de 1 500 denúncias contra seus
sócios por “má conduta”. Um comportamento definido da seguinte forma pela
comunidade científica norte-americana:
“Considera-se má conduta a
fabricação, falsificação ou plágio na proposta, execução e comunicação das
experiências. Excluem-se os erros de julgamento, registro, seleção ou análise
dos dados; as divergências de opinião que afetem a interpretação dos
resultados e as negligências não relacionadas com o processo de pesquisa”.
Mas, como determinar onde fica a fronteira entre o erro e a fraude, entre o
acidente e a má conduta profissional?
Os casos de comprovada má-fé, como o
do médico australiano William McBridge, são raríssimos. Foi McBridge quem, em
1961, descobriu os efeitos nocivos da talidomida sobre os fetos. Voltou à
carga quase vinte anos depois, acusando o Debendox, medicamento
comercializado pela Merrel Dow, de provocar os mesmos males. Dessa vez,
porém, foi pilhado em flagrante falsificando os testes com o remédio.
McBridge já perdeu parte de seu patrimônio, sua reputação e está ameaçado de
ter cassada sua licença para exercer a medicina, em um julgamento que se
arrasta há dez anos.
A demora tem sua razão de ser, pelas
consequências de uma condenação desse tipo. Principalmente, porque o meio
científico não está imune às falsas denúncias provocadas por rivalidades,
antipatias pessoais, interesses feridos, raiva, inveja e ciúme. Como qualquer
personalidade pública, sejam artistas, políticos ou esportistas, os
cientistas não estão livres de calúnias e intrigas. E quanto mais famosos,
mais frequentemente são vítimas desses ataques.
Gregor Mendel (1822-1884) viveu e
morreu como monge em um mosteiro austríaco, em cujo pequeno jardim fez as
experiências com ervilhas, a partir das quais deduziu a existência dos genes.
No entanto, foi colocado sob suspeita de manipular os números de sua pesquisa
para apoiar sua tese, aliás confirmada depois em todos os testes. “Mas os
resultados são bons demais para serem verdadeiros”, acusaram seus críticos.
Johannes Kepler (157l-1630) foi acusado de adulterar cálculos, para que se
ajustassem a sua teoria de que os planetas se movem em órbitas elípticas e
não circulares — e apesar disso os planetas do sistema solar continuam
descrevendo órbitas elípticas.
O mais frequente alvo dessas
maledicências foi, sem dúvida, Isaac Newton (1643-1724) . Presidente da Real
Academia de Ciências inglesa, Newton envolveu-se em várias polêmicas com
cientistas. A mais famosa delas com Robert Hooke (1635-1703), que o acusou de
plagiar seu trabalho sobre a relação matemática entre a força da gravidade e
a distância (se a distância dobra, a força diminui quatro vezes. De fato,
Hooke havia escrito a Newton sobre essa ideia em 1679. Mas tratava-se de uma
hipótese, baseada só na intuição, e na qual Newton trabalhava havia dez anos,
baseado nos estudos de Kepler. Hooke, porém, morreu acusando Newton de
plágio.
Acusações infundadas, feitas de boa
ou má-fé, são comuns ainda hoje. David Baltimore, presidente da Universidade
Rockefeller e Prêmio Nobel de Medicina em 1975 pela descoberta de uma
propriedade fundamental dos vírus causadores de câncer, foi vítima, há quatro
anos, de uma acusação de má conduta científica. Baltimore e a imunóloga
brasileira Thereza ImanishiKari foram apontados por um membro de sua equipe,
Margot O’Toole, como tendo alterado os resultados de uma experiência genética
para um artigo publicado na revista Cell. O resultado da investigação
inocentou totalmente Baltimore e Thereza.
Ao contrário das acusações contra
Baltimore e Thereza, parecia não haver muitas dúvidas sobre a culpa de Robert
Gallo e Mikulas Popovic. Em setembro de 1983, Jean-Luc Montagnier, do
Instituto Pasteur, enviou a Gallo, pesquisador do Instituto Nacional de
Saúde, nos Estados Unidos, amostra de um retrovírus recém-isolado e que
Montagnier havia batizado de LAV. Meses depois, Gallo anunciou em entrevista
coletiva ter isolado o vírus causador da Aids, que chamou de HTLV-III.
Rapidamente, os franceses protestaram, demonstrando que o material
hereditário do LAV e do HTLV-III tinham 98,5% de semelhança.
O jornal americano Chicago Tribune
publicou uma reportagem mostrando que o vírus alegadamente descoberto por
Gallo era o mesmo de Montagnier, o que “ou era um acidente ou um furto”. A
reportagem levou o Escritório pela Integridade nas Pesquisas a acusar Gallo e
seu assistente Popovic por má conduta científica, com base em um artigo
escrito pelos dois sobre a descoberta para a revista Science. Gallo e Popovic
foram considerados culpados por seus colegas cientistas, mas recorreram a uma
junta de advogados, criada pelo ORI em 1992, para apelação de suas próprias
decisões.
Popovic, o primeiro a ser julgado,
defendeu-se dizendo que a respeitada revista americana Science tinha revisado
seu texto mas se equivocara na redação. A junta aceitou seus argumentos,
exigindo que o ORI provasse que Popovic tinha a intenção de fraudar e não
cometido um “erro honesto ou uma honesta diferença de interpretação”. Diante
do resultado do julgamento de Popovic, o ORI resolveu retirar as denúncias
também contra Gallo.
Se no tempo de Newton e Hooke o
principal motivo para essas brigas era a glória da descoberta, hoje a essa
glória acrescentam-se os interesses financeiros. Gallo e Montagnier chegaram
a fazer um acordo, em 1987, para dividir os lucros vindos da descoberta.
Claro, antes já havia a disputa pelo dinheiro dos mecenas, aristocratas ricos
que patrocinavam as pesquisas. Mas acima do dinheiro impunha-se a “ciência
pela ciência”.
Esse conceito foi se desfazendo ao
longo dos anos, e com velocidade cada vez maior a partir do casamento da
ciência com a política, durante a Segunda Guerra Mundial — mais
concretamente, com o Projeto Manhattan, o programa oficial norte-americano
que levou à construção da primeira bomba atômica. “Com os custos das
pesquisas atingindo níveis astronômicos, o Estado assumiu um papel cada vez
maior em seu financiamento”, explica Shozo Motoyama, professor de História da
Ciência na Universidade de São Paulo.
Logo o casamento da ciência com a
política transformou-se em um ménage à trois, ao unir-se a eles o interesse
econômico. Por sua vez, ao financiarem uma pesquisa, os empresários passam a
ter o poder de inclusive nomear a equipe do laboratório, o que leva a dois
movimentos, aparentemente antagônicos. De um lado, a necessidade de absoluto
sigilo, exigido pelos financiadores, mas prejudicial à pesquisa: é do debate
aberto das ideias que surgem os avanços. Do outro, a extrema competitividade
da sociedade atual leva o cientista a se sentir pressionado por seus
patrocinadores, dos quais dependem seus projetos, seu cargo, seu prestígio e
até seu salário.
Com isso, surgiu uma autêntica febre
de publicar, que nos meios científicos é conhecida como papermania. No início
do século, o número de publicações científicas em todo o mundo não passava de
7 000. Hoje, calcula-se que existam mais de 40 000 revistas e jornais especializados,
publicando anualmente a média de 1 milhão de artigos. No início do século,
Santiago Ramón y Cajal (1852-1934) o neurologista espanhol que ganhou o Nobel
de Medicina em 1906 por estabelecer o neurônio como a célula básica do
sistema nervoso, investiu quase toda sua fortuna na criação de uma revista
científica, na qual ele era muitas vezes autor de todos os artigos.
Revistas como Science, e as inglesas
Nature e The Lancet recebem mensalmente muito mais material do que podem
aproveitar. A publicação do artigo de um cientista em uma dessas revistas é
quase uma garantia de patrocínio para suas pesquisas. “Quem publica um artigo
em Nature não demora a receber ofertas de trabalho e colaboração”, confirma
John Maddox, diretor da revista.
Para selecionar o material recebido,
as revistas científicas contratam consultores técnicos, que leem o material
dando um parecer técnico sobre sua importância e originalidade. O que gera
outro tipo de problema. Não é segredo nos meios científicos que determinados
consultores atrasam seu parecer — para publicar com antecedência suas
próprias pesquisas ou a de seus amigos. O mais famoso caso desse tipo na
história da ciência envolveu o matemático suíço Johann Bernoulli (1667-1748),
acusado pelo próprio filho, Daniel (1700-1782). Em 1738, o livro
Hidrodinâmica, de Daniel, estava sendo impresso quando ele foi surpreendido
pelo lançamento de outra obra, de igual título e conteúdo, assinada por seu
pai.
Mas a pressa em publicar resultados
também pode ser fatal para a reputação do cientista. Foi o caso, afirmam seus
colegas, da experiência de fusão a frio anunciada em 1989 por Martin
Fleischmann e Stanley Pons. Os físicos que a repetiram não têm dúvidas que
eles viram alguma coisa ocorrer, mas não o que anunciaram. Assim cometeram um
erro de boa-fé. De qualquer forma, a presunção de inocência é fundamental em
uma atividade eminentemente democrática — a única em que uma verdade só é
aceita como tal quando passível de comprovação por qualquer pesquisador —,
embora possa dificultar a punição de possíveis fraudes.
Nem mesmo o autor da fraude melhor
comprovada da história da ciência — a do Homem de Piltdown, um crânio humano
com mandíbula de macaco, desenterrado por Charles Dawson, em 1912 — foi
desmascarado. Somente na década de 50, com a introdução dos testes com
carbono-l4 para datação da idade de fósseis comprovou-se que o crânio
pertencia a um Homo sapiens de 10 000 anos; e a mandíbula, envelhecida
quimicamente, era bem mais recente. Apesar das suspeitas sobre Dawson e seu
colega George Edward Smith, nunca se conseguiu provar quem foi o autor da
fraude.
Contemporâneo de Dawson e Smith, o
biólogo Paul Kammerer (1880-1926) pagou com a vida por uma fraude que nunca
se provou ter sido praticada por ele. Adepto da teoria de Jean-Baptiste Lamarck
(1744-1829) de que as características adquiridas acidentalmente se transmite
aos descendentes, Kammerer apresentou em 1923 o resultado de uma pesquisa
para prová-la. Segundo Kammerer, em suas experiências, obrigados a se
acasalarem na água, sapos-parteiros de terra firme, que não têm o polegar
colorido típico da espécie que vive na água, haviam transferido a seus
descendentes esse traço característico.
Em 1926, entretanto, descobriu-se
que os polegares coloridos dos sapos de Kammerer haviam sido pintados.
Kammerer protestou inocência e foi aberto um inquérito no Instituto de
Pesquisas de Viena, onde trabalhava, para apurar o responsável pela fraude.
Kammerer não esperou pelos resultados. Sentindo-se desacreditado, matou-se
com um tiro na cabeça. O inquérito não encontrou evidências de que tivesse
sido ele o autor da fraude.
Na busca de provas de fraudes
científicas, às vezes o caçador se transforma em caça. Nos últimos dois anos,
por exemplo, só dois cientistas norte-americanos foram punidos com perda de
verbas e afastamento de seus cargos em casos ligados a má conduta: Walter
Stewart e Ned Feder, pesquisadores do Instituto Nacional de Saúde, a mesma
instituição de Gallo e Popovic. Ironicamente, os dois trabalhavam em um
programa de investigação de fraudes e má conduta científica e foram
afastados, em abril de 1993, acusados de usar seus computadores para apurar
uma acusação de plágio contra o historiador Stephen Oates, da Universidade de
Massachusetts, o que estaria fora de sua área de competência. “Muita gente na
comunidade de pesquisa básica acha que eles já foram tarde”, afirmou Science,
a revista da Associação Americana para o Progresso da Ciência.
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