sexta-feira, 26 de agosto de 2016


Dentro da Minha Cabeça

 

ONLY YOU (somente você, parece, meu inglês espetacular só chega até aí)

Dentro da Minha Cabeça
Dentro da minha cabeça
Tem um pensamento só
Sei que não tenho juízo
Dentro da minha cabeça
E quando a onda bate forte
Dentro da minha cabeça
E quando a onda bate forte
Nas pedras do Arpoador

Penso nela em Ipanema
Penso nela em Salvador

Eu só quero amor, amor, amor
Dentro da minha cabeça

Como já disse, não posso falar dos outros, porisso falo de mim. Pense em como seria complicado, inclusive com os mais íntimos, até mesmo falar de amigos homens e amores mulheres, imagine as complicações.

Não alcanço dentro da minha cabeça, só agora com as imagens dinâmicas é que pela primeira vez os pesquisadores poderão correlacionar os estados racionais-emocionais com o que falamos e, através do mapeamento genético, com a recombinação planejar os novos-seres, como venho falando.   

Disse também que só vejo os pensamentos à medida que vão surgindo, nem chega a ser uma fita como as dos antigos e fantásticos telefaxes (quem tinha era herói comunitário; meu irmão mais velho comprou um, saía uma fita com as palavrinhas, era emocionante mesmo, verdadeiro êxtase, experiência religiosa, dava sensação de pertencer ao mundo mais importante – depois, com uma década começaram a aparecer os computadores, as pessoas transferiram seu balão para outra estratosfera), é mais como “linha de pensamento” ou “fio de pensamento”: quero pensar e penso, quero levantar uma perna e levanto, quero mastigar e mastigo. Sou um ignorante cheio de habilidades.

SUBO NESTE PALCO COM A MINHA CABEÇA

Palco

Gilberto Gil

 
Subo nesse palco, minha alma cheira a talco
Como bumbum de bebê, de bebê
Minha aura é clara, só quem é clarividente pode ver
Pode ver
Trago a minha banda, só quem sabe onde é Luanda
Saberá lhe dar valor, dar valor
Vale quanto pesa prá quem preza o louco bumbum do tambor
Do tambor
Fogo eterno prá afugentar
O inferno prá outro lugar
Fogo eterno prá consumir
O inferno, fora daqui
Venho para a festa, sei que muitos têm na testa

O deus-sol como um sinal, um sinal
Eu como devoto trago um cesto de alegrias de quintal
De quintal
Há também um cântaro, quem manda é Deus a música
Pedindo prá deixar, prá deixar
Derramar o bálsamo, fazer o canto, cantar o cantar
Lá, lá, iá

                              Tá, chego e vão me montando (a coletividade monta a gente nos dois sentidos, vão nos construindo como cavalgaduras e cavalgamoles, conforme a resistência dos bobos), de bufão-a-termo recém-nascido a adulto imponente nulidade.

Quem sou? Ou, bem menos interessante, quem é você?

Você sabe, na falta de EU e EU MESMO em nossa língua usamos SELF e MY SELF da nossa outra língua.

Se temos sorte, como disse Caetano para saudar o “menino Deus”, se acaso temos sorte ligamos uns breus, damos sentido ao mundo, orientamos na direção e no sentido, depois disso todo mundo se torna descobridor das Américas ou descobridor do Brasil, novos Colombo e Cabral.

Com sorte.

De fato, emerge, sai de dentro, lá do fundo, não sei nada de mim, só posso pensar, sou como o aparelho de fax, as palavrinhas vão saindo, vou entregando não sei como, tenho memórias, é assustador. Há esforço tremendo para juntar as coisas em sentido útil, porém, pensando bem, não sei como penso.

É como escovar dentes, vejo o ato, não vejo a preparação do ato.

Vejo a comida pronta posta na mesa, não vejo tudo que antecedeu.

Vitória, sexta-feira, 26 de agosto de 2016.

GAVA.

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