Dentro
da Minha Cabeça
ONLY YOU (somente você,
parece, meu inglês espetacular só chega até aí)
Dentro da Minha
Cabeça
Dentro da minha cabeça
Tem um pensamento só Sei que não tenho juízo Dentro da minha cabeça E quando a onda bate forte Dentro da minha cabeça E quando a onda bate forte Nas pedras do Arpoador Penso nela em Ipanema Penso nela em Salvador Eu só quero amor, amor, amor Dentro da minha cabeça |
Como já disse, não posso falar dos outros,
porisso falo de mim. Pense em como seria complicado, inclusive com os mais
íntimos, até mesmo falar de amigos homens e amores mulheres, imagine as
complicações.
Não alcanço dentro da minha cabeça, só agora
com as imagens dinâmicas é que pela primeira vez os pesquisadores poderão correlacionar
os estados racionais-emocionais com o que falamos e, através do mapeamento
genético, com a recombinação planejar os novos-seres, como venho falando.
Disse também que só vejo os pensamentos à
medida que vão surgindo, nem chega a ser uma fita como as dos antigos e
fantásticos telefaxes (quem tinha era herói comunitário; meu irmão mais velho
comprou um, saía uma fita com as palavrinhas, era emocionante mesmo, verdadeiro
êxtase, experiência religiosa, dava sensação de pertencer ao mundo mais
importante – depois, com uma década começaram a aparecer os computadores, as
pessoas transferiram seu balão para outra estratosfera), é mais como “linha de
pensamento” ou “fio de pensamento”: quero pensar e penso, quero levantar uma
perna e levanto, quero mastigar e mastigo. Sou um ignorante cheio de
habilidades.
SUBO
NESTE PALCO COM A MINHA CABEÇA
Palco
Gilberto Gil
Subo
nesse palco, minha alma cheira a talco
Como bumbum de bebê, de bebê Minha aura é clara, só quem é clarividente pode ver Pode ver Trago a minha banda, só quem sabe onde é Luanda Saberá lhe dar valor, dar valor Vale quanto pesa prá quem preza o louco bumbum do tambor Do tambor
Fogo
eterno prá afugentar
O inferno prá outro lugar Fogo eterno prá consumir O inferno, fora daqui
Venho
para a festa, sei que muitos têm na testa
O deus-sol como um sinal, um sinal Eu como devoto trago um cesto de alegrias de quintal
De
quintal
Há
também um cântaro, quem manda é Deus a música
Pedindo
prá deixar, prá deixar
Derramar o bálsamo, fazer o canto, cantar o cantar
Lá, lá,
iá
|
Tá, chego e vão
me montando (a coletividade monta a gente nos dois sentidos, vão nos
construindo como cavalgaduras e cavalgamoles, conforme a resistência dos
bobos), de bufão-a-termo recém-nascido a adulto imponente nulidade.
Quem sou? Ou, bem menos interessante, quem é
você?
Você sabe, na falta de EU e EU MESMO em nossa
língua usamos SELF e MY SELF da nossa outra língua.
Se temos sorte, como disse Caetano para
saudar o “menino Deus”, se acaso temos sorte ligamos uns breus, damos sentido
ao mundo, orientamos na direção e no sentido, depois disso todo mundo se torna
descobridor das Américas ou descobridor do Brasil, novos Colombo e Cabral.
Com sorte.
De fato, emerge, sai de dentro, lá do fundo,
não sei nada de mim, só posso pensar, sou como o aparelho de fax, as
palavrinhas vão saindo, vou entregando não sei como, tenho memórias, é assustador.
Há esforço tremendo para juntar as coisas em sentido útil, porém, pensando bem,
não sei como penso.
É como escovar dentes, vejo o ato, não vejo a
preparação do ato.
Vejo a comida pronta posta na mesa, não vejo
tudo que antecedeu.
Vitória, sexta-feira, 26 de agosto de 2016.
GAVA.
Nenhum comentário:
Postar um comentário