A Rotina dos Meus
Olhos
No livro de Keith
Devlin, O Gene da Matemática (O talento para lidar com números e a
evolução do pensamento matemático), Rio de Janeiro, Record, 2004 (sobre
original de 2003), ele diz na página 81: “A mente humana é uma reconhecedora de
padrões”; e na página 83: “(...) milhões de anos de evolução nos equipararam
com um cérebro que tem faculdades de sobrevivência particulares”.
Reconhecer padrões tem
valor de sobrevivência e os mais aptos nisso devem ter deixado mais
descendentes, o que pode ser mapeado pegando os genes de reconhecimento e
computando percentuais na população.
Por outro lado, a
repetição provoca grande agonia, mais em uns que em outros, conforme a curva do
sino.
SINO
DA REPETIÇÃO
(coloca um gênero de amarração aguda, um tipo de dependência de drogas
liberadas)
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Extremamente tolerantes.
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Tolerantes.
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Médios.
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Intolerantes.
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Extremamente intolerantes.
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2,5 % e aderentes.
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90 %.
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2,5 % e aderentes.
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Você sabe, isso de condescendência extremada
tem extraordinário significado, por exemplo, na escolha de
astronautas/cosmonautas, de professores cíclicos (não-pesquisadores), soldados
e assim por diante, tudo que coloca diante dos olhos sempre a mesma notícia.
Por outro lado, os muito exigentes quanto a
mudanças constantes são úteis à pesquisa e ao desenvolvimento, às invenções.
Veja só o fenômeno dos celulares: as
telefônicas não esperavam que fossem vendidos tantos, só foram na onda (e
esconderam a própria ignorância). É que a ausência de rotina está ligada à
fala, que muda de instante a instante (as pessoas fazem DE TUDO para conversar,
estabelecer diálogo): a pressão por novos desafios - novos caos a organizar em
padrões – é vício tremendo, poderosíssimo, leva a todos os outros, através da
supressão da libido (no latim, anseio, depois é que virou sexual), quer dizer,
a sujeição social ao enquadramento. Quanto mais novidades são apresentadas,
mais a pessoa as deseja; os pesquisadores só estão livres porque já tem droga
diária (leem em casa inclusive nos fins de semana e feriados).
Enfim, a rotina é mortal.
No extremo chama-se tédio, aborrecimento,
fastio.
A novidade é vital, está ligada àquilo de
virarmos a cabeça a todo momento para captar notícias diferentes.
Vitória, domingo, 07 de agosto de 2016.
GAVA.
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