Empresa de Empresas
Como os jornais
vieram de trás, da prática e do amadorismo (sobreafirmação do amador) que
fecham possibilidades nas linhas preferenciais trilhadas, cavando profundos
sulcos dos vícios do olhar, as empresas também vieram de caminhos que se
tornaram ortodoxias viciantes. Assim sendo, em geral elas não são vistas como
PUROS CONJUNTOS DE SÍMBOLOS. Há um apego, por vezes irracional, de donos que as
fizeram desde o início e que tem dificuldade de se desfazerem delas, mesmo
quando nitidamente estão indo para o brejo e devem ser enterradas como
improdutivas ou se tornaram mais consumidoras que produtoras de recursos ou já
não tem aquele dinamismo das origens ou estão em ramos de negócios que já
esgotaram suas tremendas potências iniciais. Enfim, elas não são tratadas como
CICLOS OU ONDAS DE NEGÓCIOS e sim como emocionais apegos.
Se prosseguirmos em
nossos intentos de colocar empresas ou firmas devemos assentar uma acima de
todas, criando, comprando e vendendo empresas como as outras em geral fazem com
objetos, pois isso as companhias são. Sem qualquer apelo sentimental adquirir e
se desfazer de empresas que tenham se esgotado (obviamente preservando os
empregados, garantindo que tenham melhorado de vida – e desde o início
prevenindo-os do que estará em curso, para não serem enganados com o andar da
carruagem). Se tal suprema empresa hipotética tivesse, digamos, mil outras sob
seu controle poderia administrar esse patrimônio como se fosse um caderno de
ofertas de associações, como um catálogo de empresas sem qualquer
índice sentimental sufocante, aprisionador, pois o que se quer é a prosperidade
geral (sócios, funcionários, governos, povos, elites, todos).
Guardar empresas
falidas, assim como marcas que não rendem mais, é tolice; é certo que todos
tiveram uma camisa que gostavam mais, porém se tivessem continuado com ela
estariam agora vestindo roupas esfarrapadas de 30 anos atrás. Os
administradores centrais devem ser purgados desses sentimentos (preservando
sempre, como disse, a dignidade dos parceiros). Sem deixar de manter algum
investimento nelas, pois é ciclo e algum dia voltarão a serem produtivas.
Vitória,
quinta-feira, 19 de agosto de 2004.