Newton a Cavalieri,
Hook e Wren e o que Ele Fez Depois
Isaac Newton é essa
figura extraordinária que todos justamente admiram, pois ele transformou seu
presente, que dependia do passado em quase tudo, em futuro, em busca do amanhã.
Mais que tudo que disseram dele, é principalmente um divisor na tecnociência:
a.N. e d.N. (antes e depois de Newton).
Diz Richard Morris
em seu livro, Uma Breve História do
Infinito (Dos Paradoxos de Zenão ao Universo Quântico), Rio de Janeiro,
Jorge Zahar, 1998, p. 62, sobre Hook e Wren: “A contribuição capital de Newton
não foi, contudo, a invenção de uma lei da gravitação do inverso do quadrado.
Seus contemporâneos, o cientista inglês Robert Hook e o arquiteto Christopher
Wren, também perceberam que a lei da gravidade teria de ter essa forma. Se a
descoberta da lei da gravidade é geralmente atribuída a Newton, é porque ele
foi o único a possuir as habilidades matemáticas necessárias para demonstrar
que, se a gravidade realmente decrescia com o quadrado da distância, disso se
seguia que os planetas tinham órbitas correspondentes às elipses de Kepler”.
E de Cavalieri, na
página 72: “Um dos primeiros a fazer uso de quantidades infinitamente pequenas,
ou dos infinitésimos, como mais tarde passaram a ser chamados, foi Cavalieri,
um matemático jesuíta que se considerava discípulo de Galileu. Cavalieri
mostrou que era possível calcular os volumes de corpos sólidos mediante a
suposição de que eram feitos de números imensos de lâminas infinitamente finas
que chamou de ‘indivisíveis’. (...) Mas, embora não pudesse dar nenhuma
explicação clara do que estava fazendo, deu um dos primeiros passos em direção
ao conceito de infinitésimo”.
Como sabemos,
Leibniz inventou o cálculo separadamente de Newton, embora alguns anos mais
tarde; podemos imaginar agora que ambos beberam da mesma fonte, Cavalieri.
Há duas linhas
maiores: 1) da astronomia; 2) da matemática.
Em cada uma é como
uma árvore em que os ramos vão dar nos galhos e estes no tronco, que é Newton.
Pelo lado da astronomia Newton é devedor de Copérnico, Kepler (onde está
embutido Tycho Brahe), Galileu, Hook e Wren; pelo lado da matemática, de
Cavalieri (ambos, Newton primeiro, 20 anos ou mais de diferença, Leibniz
depois, sem saber de Newton, apoiaram-se nele e em seus infinitésimos). Newton
disse nitidamente que se sustentou em “ombros de gigantes”, mas se disse quais
não fiquei sabendo.
Veja que no quatro
abaixo (*) marca a distância das meias vidas, em cada caso. Tomei esse conceito
da akmé dos gregos, apresentação, quando a pessoa se mostra ao mundo; grosso
modo afirmei que é no meio da vida de cada um (o que nem sempre será o caso). Isso
ajuda a - sem dados mais precisos vindos dos estudos das bibliografias de todos
e cada um (o que daria com precisão quando se tomou algo de alguém) – afirmar
quem precedeu o outro. Veja na tabela abaixo que nosso herói (não existe
nenhuma ironia nisso, ele é mesmo) Newton foi o último da seqüência. Contudo,
os livros de geo-história das ciências não colocam a árvore de descendências (chamemos
assim).
Newton foi prematura
de sete meses, colocado no corredor para morrer, mas sobreviveu e virou tal
fenômeno. Se ele não tivesse existido o mundo teria ido adiante? Sim e não.
Existe crueldade em ambos os lados, em ambos os pólos do par polar oposto/complementar,
na disputa entre personalistas (que afirmam os gênios como fundamentais) e os
ambientalistas (que desconsideram sua presença como supersignificativa). Ora,
se Newton não tivesse existido Leibniz ainda teria nascido várias centenas de
quilômetros além e construído o cálculo vinte anos depois, ou mais, mas não
teria juntado a astronomia e a física ao cálculo, carecendo este do campo de
aplicação. Se Newton não tivesse vivido, Wren e Hook talvez prosseguissem, todavia
não teriam tido o cálculo para incrementar suas conclusões.
Foi porisso que
Newton foi um divisor de águas: PASSADO/FUTURO: antes e depois dele. Nele juntaram-se
eficazmente física/astronomia e matemática (além de filosofia).
Se Lorde Keynes (que
comprou os manuscritos alquímicos de Newton) disse deste que ele foi o “último
mago”, o último caldeu, pode estar certo, porém Newton também foi o primeiro
dos cientistas lúcidos, livre da Idade Média; porisso considerarei a data de
sua akmé (1685) como o fim da Idade Média na Ciência: a partir daí findou o
declínio e começou a ascensão do conhecimento autônomo da humanidade.
Como com Cristo (em
outra conjuntura muito mais vasta), Newton foi simultaneamente o último da era
anterior e o primeiro da era seguinte.
Vitória, domingo, 15
de agosto de 2004.
O QUADRO DAS DATAS
|
PERSONA-GEM
|
NACIO-NALIDADE
|
ÁREA
EM QUE TRABALHOU
|
VIDA
|
MEIA-VIDA
(Akmé)
|
*
|
|
Copérnico
|
Polonesa
|
Astronomia
|
1473-1543 (70)
|
1508
|
-177
|
|
Kepler
|
Alemã
|
Astronomia
|
1571-1630 (59)
|
1601
|
-84
|
|
Galileu
|
Italiana
|
Física e astronomia
|
1564-1642 (78)
|
1603
|
-82
|
|
Cavalieri
|
Italiana
|
Matemática e astronomia
|
1598-1647 (49)
|
1623
|
-62
|
|
Hook
|
Inglesa
|
Astronomia e matemática
|
1635-1703 (68)
|
1669
|
-16
|
|
Wren
|
Inglesa
|
Matemática e arquitetura
|
1632-1723 (91)
|
1678
|
-7
|
|
Leibniz
|
Alemã
|
Filosofia e matemática
|
1646-1716 (70)
|
1681
|
-4
|
|
Newton
|
Inglesa
|
Matemática, física, astronomia e filosofia
|
1642-1727 (85)
|
1685
|
0
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NA Internet
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Isaac Newton nasceu em 4 de janeiro
de 1643 e, era tão pequeno, que quase morreu. Talvez ele tenha sido o maior
gênio que já viveu. Filho único, seu pai faleceu 3 meses antes que ele
nascesse e foi criado pelos avós maternos. Ele era um homem solitário, com
poucos ou nenhum amigo e nunca se casou.
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