Os Ouvidos que
Escutam
Que escutam os
ouvidos humanos?
Em princípio os
tecnocientistas teriam de medir, de colocar aparelhinhos, de realizar testes,
de fazer sondagens.
Com base no Modelo
da Caverna dos homens (machos e pseudofêmeas) caçadores e de mulheres (fêmeas e
pseudomachos) coletoras deveríamos esperar certas coisas, por necessidade
lógica.
Se as mulheres
ficavam muito tempo relativo dentro ou em volta da Caverna geral, dentro delas
seus sentidos devem ter sido amortecidos, o que quer dizer que quando elas
entrem em casa ordens cerebrais dispararão a produção de HORMÔNIOS DE
AMORTECIMENTO, se assim podemos dizer, ou seja, moléculas que reduzirão a
acuidade dos sentidos, porque não há muita luz, nem tantos sons, nem tanto
perigo, e o que se devia observar nesse útero geológico eram outras coisas (dez
milhões de anos hominídeos garantiram a conformação mútua pessoambiental das
mulheres e das cavernas, neste particular, entre as pessoas que estavam nos
cenários e os cenários que passaram a estar nas pessoas) e isso pode render
testes específicos. Quando do lado de fora, para as mulheres os sons vão ser
mais ou menos repetitivos. Colocando numa Curva do Sino ou de Gauss ou das
Distribuições Estatísticas as árvores, os insetos, os pássaros, as águas, o ar,
os vegetais, os animais, os primatas, com certeza notaremos repetição, com
certeza mais repetição que discordância, de modo que o ouvido delas vai estar
hoje preparado para essa média, DESCONSIDERANDO-A. Em resumo, as mulheres não
podiam todo dia ficar prestando atenção aos mesmos sons, armazenando-os
repetidamente, porque eram sempre os mesmos e a capacidade de armazenamento no
cérebro humano é constante, em média. Elas os desconsideravam e prestavam
atenção NAS DIFERENÇAS, pois elas é que traziam perigo. Há um FUNDO DE
TOLERÂNCIA e deltas sonoros específicos que disparam a correria.
Por outro lado, para
os homens era o contrário; se eles saíam para caçar os sons eram quase todos
diferentes, porque os territórios de caça se esgotavam, as presas mudavam de
lugar - não era com a coleta, fixa, era muito variável -, então os homens
deviam prestar atenção justamente nas igualdades, o que era similar, o que
identificava as criaturas buscadas, como um alvo na ponta de uma flecha – se
interessava um bisonte, era preciso distinguí-lo em centenas e milhares de
sons, de modo que o ouvido dos homens deve ser por desenho capaz de separar um
em muitos, esquecendo a multiplicidade para focar-se no que interessa. Mais uma
vez, como os olhos, os ouvidos masculinos são de linha-para-ponto, enquanto os
das mulheres devem ser de plano-para-espaço, quer dizer, num plano podendo
remeter às posições reais dos produtores de sons. Isso, evidentemente, pode ser
testado, bem como o fato de que alguns que parecem machos são pseudomachos e
devem escutar como as mulheres, ao passo que alguns que parecem fêmeas são
pseudofêmeas e escutam como homens. Mais ainda, embora a menina siga a trilha
de ser mãe e mulher, OS MENINOS são um caso interessantíssimo, como já mostrei,
pois há metamorfose em torno dos 13 anos, quando eles passam da Língua das
Mulheres para a Língua dos Homens, e também devem sofrer uma reconversão de
seus ouvidos (e de seus olhos), de modo que nessa idade os hormônios os
reconformam. Então, há muitos testes a fazer. Pois os velhos, ao passarem pela
andropausa e perder os hormônios que os sustentavam, devem ser reconvertidos à
condição de mulheres, que já tiveram como meninos até os 13. OS VELHOS, não as
velhas. Além disso, se os gatos, como mostrei, foram selecionados como babás
das crianças, também eles foram afetados, ao passo que os cachorros (grandes)
dos homens terão audição semelhante à nossa.
Se segue que a ser
isso verdadeiro homens e mulheres não podem trabalhar nos mesmos espaços, nem
ouvindo os mesmos sons, pois o que é prazeroso para uns é sofrível para outros;
o que agrada às mulheres desagrada aos homens e vice-versa.
Isso está ficando
cada vez mais interessante.
Vitória, domingo, 08
de fevereiro de 2004.