domingo, 11 de setembro de 2016


Dia das Mãos

 

O Dia das Mães, segundo domingo de maio, é para menos da metade da população, pois só as mulheres mães fazem parte da confraria; não estão inclusas as meninas, nem as estéreis.

O Dia dos Pais, segundo domingo de agosto, também é para menos da metade, nas mesmas condições, pior ainda, pois há os estéreis e porque alguns que pensam ser pais nem são.

E assim cada dia dedicado, ao passo que ninguém agradece às mãos. E aqui vai meu protesto, porque elas são nossas grandes servidoras. O Aleijadinho, que as perdeu, criou algumas de suas grandes obras com o cinzel e o malho amarrados aos tocos.

Sem dúvida alguma elas são fundamentais.

MÃOS SÃO INSTRUMENTOS EXTERNINTERNOS (a cada mão exterior corresponde mão interior, quer dizer, região do cérebro, por sinal muito complexa) – há cérebros muito complexos juntos.

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As pessoas dizem “quer u’a mão” ou “vou te dar u’a mão” e nunca um pé ou um joelho ou um cotovelo ou até boca. Mão é o instrumento por natureza, o instrumento por excelência, um dos mais nobres, se não o mais nobre.

Não obstante, você viu quantos monumento à mão?

Quantos documentários?

Quantas loas cantadas às mãos?

Quantas palestras sobre as mãos?

Daí minha proposta do Dia das Mãos, que englobaria todo mundo: 100 % das mães (mais as meninas e a estéreis), 100 % dos pais (mais os garotos e os estéreis), 100 % de todos.

Viva as mãos!

Sou a favor de um museu e uma biblioteca dedicada às mãos.

Elevo minhas mãos aos céus em agradecimento.

Serra, quarta-feira, 09 de maio de 2012.

De Pressa

 

O mundo é muito injusto.

Deu aos miseráveis e aos pobres excesso de pressa e aos médio-altos e ricos porções mínimas.

Rigorosamente, os ricos quase não tem pressa.

Ao se alimentar são de uma lentidão exasperante, conversam muito, brincam com a comida, ficam horas ali, exatamente por não terem pressa.

Na repartição universal da pressa quase não lhes coube nada.

Uma insignificância.

Pelo contrário, os pobres têm-na em demasia.

Você pode ver nos terminais do TRANSCOL: eles estão sempre correndo, cheios de pressa. E agradecem por isso? Não, de modo nenhum, neste caso não falam de sua riqueza, só gostam de reclamar da riqueza monetária dos ricos e médio-altos.

Tremenda injustiça, esse excesso.

E você já viu alguma liderança comunitária, algum líder político pedir para equipartir a pressa? Não? Nem eu. E ninguém dá um pio, ninguém reclama, ninguém fala contra a divisão injusta. Você já viu esses pseudo-revolucionários de camisa vermelha reclamar de os pobres terem pressa em demasia? Na hora de dividir a pressa que possuem descomedidamente os pobres são generosos?

Nunca.

Eu lhe digo: nunca.

Nem uma vez.

E não é só no Brasil, quando se trata de pressa é a mesma coisa nos demais países: os pobres têm muito e os ricos têm pouco.

Eu lhe pergunto: alguém fica perturbado com isso?

Já houve algum discurso de político em Brasília ou mesmo na Assembléia Legislativa do ES pedindo para repartir melhor a pressa?

NUNCA, eu lhe garanto.

E fica assim, uns com muito e outros com pouco.

Na hora de jogar seus esportes os ricos não podem ter pressa e, não podendo, estando impedidos disso, não têm pressa mesmo. É vergonhoso. Alguns ricos sequer conhecem a pressa e as crianças deles são criadas assim, sem pressa nenhuma.

Vá ao shopping nas vésperas de Natal para ver quem tem pressa. Os ricos tiveram de fazer suas compras com todo vagar, sem pressa nenhuma e na semana anterior.

Meu Deus, é demais! É vilania, é desconsideração os pobres terem recebido toda a carga de pressa do mundo, estarem livres para correr, para fazer tudo com afobação.

Até quando, meu Deus?

Serra, segunda-feira, 23 de abril de 2012.

De Olho no Tira

 

Não é o tira, policial, se bem que nesse devemos ficar de olho também. De fato, urge criar um sítio para denunciar todas as estripulias policiais militares e civis. Faria todo sentido criar uma Wikipédia das forças policiais de todo o mundo, com moderador e tudo, com responsabilidade, sem falsificações, pois é tudo muito sério, não se vá ferir as reputações.

MIRANDO O TIRA

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Seria bom.

Aqui estou falando de organizarmos, nós todos desta cidade de Vitória - pois é para os capixabas que falo – um sítio para cuidarmos com extrema vigilância do que é nosso, pois o que cedemos aos governos através dos tributos continua sendo nosso, pois não o demos, emprestamos.

TIRA A MÃO

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Tira a mão, ladrão.

Devemos ficar de olho no Tira a Mão.

Temos de organizar oposição ativa a essas roubalheiras, ajuntando as forças vivas da coletividade para nos defendermos. Afinal de contas, se metessem a mão no seu bolso você não iria reclamar?

Por sinal, está passando um abaixo assinado para cada um que quiser assinar e levar folhas para seu bairro, buscando outras assinaturas, enviar para nosso escritório. Temos de nos mobilizar, juntar gente da computação, engenheiros, cientistas, técnicos, administradores, advogados, criar uma associação que não caia no marasmo, que espalhe mesmo o que descobrirmos.

Vamos continuar aceitando essas indecências?

Ano após ano a imprensa e a mídia vêm denunciando, vem divulgando, fazendo a parte dela, sem que a sociedade se aprume, sem que combata, sem que puna, sem que acabe com os desacertos, sem fazer retornar os valores ganhos com sangue, suor e lágrimas pelos apressados trabalhadores que deixam os mais de 80 tributos nos cofres estatais.

Os endereços para enviar as reclamações são:

1)       Assembléia Legislativa do ES – ALES

Enseada do Suá

Vitória, ES

2)      Congresso Nacional

Esplanada dos Três Poderes

Brasília, DF.

Serra, quinta-feira, 26 de abril de 2012.

De Cor e Salteado

 

Como já disse noutro artigo neste jornal, o povo pegou a mania de colocar cores fortíssimas em tudo. Aquilo que a burguesia faz com comedimento o povo faz com descomedimento, desbragadamente, abusadamente, com desequilíbrio.

Põem as cores mais fortes dentro e fora de casa, o que é um horror, porque ao invés de acalmar a mente, exige muito dela. As cores fortes são agressivas. E colocavam cor sim, cor não, alternadas, ficando pior ainda.

CORES FORTES

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CORES SUAVES

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De repente, você vai passando nas ruas e as cores vão saltando, salteando, agredindo-o com mudanças de um extremo a outro. Ninguém estudou ainda POR QUÊ as cores fortes batem em você, agredindo, exigindo tanto. Os biomédicos deveriam se pronunciar.

É certo que a arquiengenharia (arquitetura-engenharia) é uma psicologia. Por outro lado, a medicina é somente a da Vida (fungos, plantas, animais e primatas), enquanto a medicina humana é psicologia.

ARQUIENGENHARIA É PSICOLOGIA, QUE É MEDICINA (assim, transitivamente, arquiengenharia é medicina)

ARQUIENGENHARIA
É PSICOLOGIA...
... PSICOLOGIA É MEDICINA...
... ARQUIENGENHARIA É MEDICINA.

Desse modo, cuidar do corpomente humano é cuidar do corpo e da mente sob a ótica da arquiengenharia ou, ao contrário-complementar, bem-desenhar a arquiengenharia é bem desenhar o corpo e a mente.

Neste caso, é cuidar das cores que os olhos externinternos vêem.

Perturbar a mente com cores é perturbar as PESSOAS (indivíduos, famílias, grupos e empresas) e os AMBIENTES (cidades-municípios, estados, nações, mundo).

Casas pintadas agressivamente significam uma sociedade agressiva; e a agressividade é o medo preventivo daquele indivíduo que, temendo ser atacado, agride primeiro e atencipadamente, afastando todos os pseudo-oponentes.

Veja o leitor, quando uma casa está pintada com cores berrantes isso é indício certo de que ali reside família medrosa, sujeita a ataques; inconscientemente os ladrões e os agressores miram esse lar por sabê-lo fraco e o atacam.

Cores brandas indicam gente confiante, receptiva, que nada teme.

Serra, quinta-feira, 26 de abril de 2012.

Contos de Reis

 

Quantos eram os livros que falavam de reis e rainhas, tendo-os como personagens principais ou pelo menos atuantes?

Foi essa pergunta o começo da minha pesquisa.

ORGANIZEI A BUSCA

1.       Álbuns e revistas em quadrinhos;

2.       Livros;

3.      Contos avulsos (saindo em livros de contos);

4.      Google Livros e Projeto Gutenberg (é mais extenso do que eu conseguiria em no item 3 e oferece resposta para centenas de milhares (até os estimados 130 milhões de livros, já com ficha catalográfica);

5.      Contos que saíram em revistas, em jornais, na Internet, em outros canais de mídia;

6.      Outras oportunidades.

Era muito material.

Eu já havia lido muito durante 40 anos, mas frente ao mundo que era eu? Poderia passar 200 ou 300 anos lendo (e mesmo assim se tudo estivesse próximo, à mão, não se falando das buscas, não se falando no desaparecimento ou das perdas definitivas) e não conseguiria chegar a todos.

Sem falar no cansaço.

Então veio a ideia de publicar seqüencialmente em vários volumes, um a cada ano. Também existem as facilidades hodiernas, atuais, por exemplo, colocar um blogue anunciando meu propósito – isso poderia levar outros a repetir a iniciativa. Havia a agregação paga, a mais-valia, porém neste caso eu precisava fazer dinheiro, vender o primeiro para contratar, a menos que a editoria providenciasse os pesquisadores. Existiriam iniciativas semelhantes que eu pudesse secundar com mais apuro? Não se trataria de chupar propriamente, porque eu não conhecia nada de tão focado, tão dirigido a algo específico assim. Também podia tentar as comunicações com quem soubesse e desse indicações, dizendo onde achar, com endereço atrás do livro.

Enfim, a gente não sabe a riqueza de alguma coisa até que a traga à luz, era como a ponta de um novelo que fôssemos desenrolando: não acreditamos haver tanta linha num pacote tão pequeno. Era surpreendente.

E era sem dúvida muito focado.

Meu propósito?

Saber quanta deferência os reis e rainhas recebiam dos próximos, de todos aqueles que com eles lidavam nas ficções de todo tipo, inclusive aquela dita científica, e a fantasia, romances, tudo mesmo.

Quanto se prosternavam aqueles que com eles lidavam?

Compre o livro Os Tapetes dos Reis, volume 1. Está nas bancas e nas livrarias de todo o estado do ES.

Serra, sexta-feira, 20 de abril de 2012.

Congresso dos Anjos

 

A Presidência do Congresso declarou instalados os trabalhos.

Na frente sentava o chamado Alto Clero, os anjos-deputados mais notáveis, mais reputados, mais projetados; para trás ficam os segundos-anjos, terceiros-anjos, quartos-anjos e quase na saída do recinto os quintos-anjos, a quem ninguém, fora as famílias e os amigos, davam importância.

Os primeiros anjos eram os que cuidavam os primeiros países, os 40 dentre os 200 que lideravam o mundo, aqueles chamados “primeiro mundo”. Os dos terceiro mundo, por exemplo, os que cuidavam do Brasil tinham uma trabalheira danada, ficavam atarefados o tempo inteiro com os escândalos dos deputados, com os desvios de verba, com o fornecimento de alimentação deficiente aos alunos das escolas, com as invenções do tipo Fome Zero, com o Drawback e as guerras fiscais, com a sonegação deslavada, com tudo de malfeito, com a verborragia presidencial, com os desacertos do Judiciário, com as bandidagens empresariais e assim por diante, a grande lista arrepiaria os cabelos se anjos tivessem cabelos.

Eles são mais como o Surfista Prateado.

Já os primeiros-anjos viviam no “bem-bom”, quase não iam ao serviço, passavam a vida flanando, flutuando no vento, ficavam de manhã vendo o nascer do Sol acima das nuvens e de tarde vendo o por do Sol abaixo delas.

Apadrinhamento junto a Deus-pai, eu acho, pelo menos era o que os terceiros-anjos e daí para trás diziam.

Alguém tinha mexido os pauzinhos, com toda certeza, gente de dentro, não podia ser outra coisa, era o famoso QI (quem indicou). Por mais que gritassem da retaguarda, a Mesa Diretora nem dava bola, entrava por um ouvido e saía por outro, o sussurro de um primeiro-anjo valia mais que os gritos de 500 terceiros-anjos - para trás é pior ainda.

Achar que não havia proteção indicava o tolo.

Era a panelinha dos anjos, sem dúvida alguma.

Aí tem.

A Mesa Diretora e a Presidência só ouviam os da frente. Os segundos-anjos se debruçavam para frente no sentido de serem ouvidos. Discurso só da frente. Nenhum dos de trás dessa ONU celestial conseguia a mínima brecha. O Senado Angélico era pior ainda, pura cupinchada, tudo amiguinho, que nojo!

Decidiram ir até a imprensa, deram entrevistas, prometeram publicar, mas no dia tão esperado saiu matéria sobre a preparação da ambrosia. Eles ficaram furiosos, foram lá, mas de nada adiantou.

Criaram a Comunidade dos Anjos Não-Alinhados, com o Brasil como um dos líderes, mas ela nada conseguiu em mais de 40 anos.

Arre, é tudo tão repartidinho por aqui...

Serra, segunda-feira, 07 de maio de 2012.

Comumbeira V

 

Não houve jeito, o Tribunal não arredou pé na primeira instância; na segunda instância a Comumbeira (comunidade macumbeira, o condomínio dos macumbeiros) perdeu de novo e foi condenada a pagar os 70 mil e as custas, mais 20 %, total de 84 mil.

Possesso como estava, Gilberto conversou (ver, propriamente, não viu, porque havia uma fumaceira danada no ambiente da reunião, viam-se os exus brigando perto do teto, pedaços de reboco caíam) com os condôminos, conseguindo anuência irritada sobre prestar serviços avulsos nas redondezas, cada qual fazendo um bico (e às vezes uma segunda boca nos desafetos) para juntar o dinheiro, até que o Supremo Xamã fosse acionado e desse uma decisão definitiva.

A cidade foi dividida em zonas (literalmente, eram zonas) de influência com tantas quadras cada qual. De vez em quando aparecia uma perna torta ou um braço fino nas áreas divisórias, nas ruas limítrofes, se um condômino fazia trabalhos que desagradavam o “proprietário” vizinho, sem falar em tampas quebradas de bueiros, canos de abastecimento d’água que estouravam, redes de esgoto que explodiam na ruas comuns.

Quando complicou mais, uma vez espalhou uma ziquizira coletiva e as pessoas não paravam de coçar na quadra T, seguida de proliferação de escrófulas na vizinha quadra S; parece que houve um mal entendido. Depois disso ambas pararam miraculosamente.

Pegou fogo numa casa na quadra H, o corpo de bombeiros pensou em botija de gás explodida como causa, mas a dona da casa alegou usar fogão elétrico, um dos raros daquela cidade. Seguiu-se a retaliação e uma casa afundou no solo sem nem deixar vestígios. O síndico, Gilberto, reuniu os dois grupos e chegou a conciliação, mas a casa que voltou era diferente, bem como os moradores. Onde tinha ido parar a antiga casa e os seus ocupantes ninguém sabia dizer. Ficou por isso mesmo, caluda.

Quando a coisa foi ficando mais pesada as pessoas brancas acordavam negras, as negras acordavam pintadas como zebras, os índios da aldeia próxima principiaram a falar norueguês, os pescadores descobriram assustados que os peixes tinham adquirido asas; por infelicidade eram agora piranhas aladas muito vorazes, vários foram parar no hospital.

Depois disso degringolou de vez: toda uma quadra foi transformada em zumbi e começou a andar estranhamente, quase como se fossem atores, querendo como eles cachê. Em compensação na antagônica todos foram transformados em postes, vendo-se postes dirigindo, cozinhando, indo para a escola, cuidando da grama e assim por diante, com luz apagada ou luz acesa.

Até juizado interferir e cancelar a dívida.

O problema é que os condôminos foram obrigados a trabalhar três semanas para reparar as modificações e alguns estão bravos à beça.
Serra, sexta-feira, 20 de abril de 2012.