sábado, 10 de setembro de 2016


As 1001 Noites

 

O bar da Rua da Lama em Jardim da Penha, Vitória, teve iniciativa bastante interessante: em imitação de Sherazade decidiu editar as “1001 Noites”, quando ela contava estórias inacabadas ao sultão com o qual casara e que tinha o estranho e péssimo costume de matar as sucessivas esposas após ficar com cada uma apenas uma noite. Para livrar-se, ela contava essas estórias incompletas, prometendo terminá-las no dia seguinte, quando deixava outra por terminar. Assim foi dilatando o tempo até o sultão se apaixonar por ela e livrá-la do assassinato. Em todo caso, era assassino, mas os “grandes” não são julgados tais e não são julgados (nem muito menos condenados; lembra-se de Henrique VIII?)

Fizeram diferente.

Além de venderem os livros em tradução direta do árabe e as inúmeras edições deturpadas, assim como obras de comentários, fizeram palestras analisando-os e passaram filmes antigos ou mais recentes, por exemplo, Simbad, o Marujo.

FILMES DAS 1001 NOITES

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Não era “baratinho” freqüentar, porque cada qual pagava como se em cinema estivesse, pois a marcação do sindicato das salas de exibição era eficaz. Ninguém reclamava, por ser novidade nunca vista em lugar nenhum do mundo, ser oferta bem cuidada, o chope geladíssimo, os salgados perfeitos e assim por diante.

Se existia um filme antigo e um recente, remake, os dois eram passados, um mais cedo e outro depois.

Palestrantes traziam seu conhecimento.

Embaixadores dos países árabes se fizeram presentes, vindos de Brasília, bem como artistas e cientistas muçulmanos; cônsules vieram do Rio, um ou outro dignitário, afinal durariam 1.001 noites (2,74 anos). Mesmo custando 50 por pessoa/dia (com direito a couvert) e patrocínio de várias empresas árabes, inclusive petrolíferas, custou um dinheirão e capacidade logística admirável.

Não foi muita gente logo de início, as pessoas contavam fosse a iniciativa cair aos pedaços logo em seguida, mas não foi assim, seguiu fiel até o fim. Em algum momento a coisa toda estava consolidada e tão famosa a ponto de sair nos jornais brasileiros de grande circulação e nas revistas, inclusive Veja. Vitória ficou famosa, os convites eram verdadeiramente disputados a tapa. Foi preciso combinar com o governo para fazer as apresentações na área livre do IBC (Instituto Brasileiro de Café) situado no bairro.

Deu tão certo que os países árabes compraram a iniciativa, o bloco dela devendo circular por lá sem bebidas e com alguns cortes. Nos demais países houve liberdade, exceto na Índia, onde beijos em público são proibidos, e na China, onde agarração não é bem vista. Em todo caso os filmes antigamente não contavam com isso, e as passagens aonde a imoralidade dos contos vinha à tona foi abrandado.

Nunca pensei em ver uma coisa do ES dar certo, mas essa deu.

Fiquei de queixo caído.

Aplaudi.

E, claro, eu estava lá na primeira fila e no primeiro momento, afinal de contas sou fã das 1001 Noites. Custaram 50 mil no mínimo (mais, por conta das bebidas e salgadinhos, talvez o dobro, mas não falhei um dia, já estava aposentado; aproveitei para fazer os milhões de negócios que passei aos meus filhos).

Serra, quinta-feira, 03 de maio de 2012.

Aposentado Ria

 

Certa vez um colega disse que eu não acostumaria com a aposentadoria. Nessa ocasião eu trabalhava no posto fiscal e mesmo no regime folgado que tínhamos de 2 x 6 (dois dias trabalhados por seis de folga: na realidade eram 5,5, pois viajávamos bastante – 270 km num sentido e outro tanto de volta, correndo perigo nas estradas).

Fiquei pensando.

1.       Não atender mais à clientela (bem e mal-humorados);

2.       Não ter de aguentar os colegas implicantes;

3.      Não ter de suportar os chefes que procuravam fazer fama à custa de nossa intranqüilidade;

4.      Poder estar perto da família o tempo todo;

5.      Apoiar o término da formação dos filhos e o processo deles mesmos terem filhos e filhas;

6.      Passear o quanto quisesse em férias permanentes;

7.      Descer para ir à praia em frente de casa em Vila Velha, Praia da Costa, mar azulzinho, areia branquinha, calçadão, quiosques, água de coco, gente bonita;

8.      Conversar com a patroa;

9.      Bajular os netos;

10.   Fazer compras quando quisesse;

11.     Acompanhar o embelezamento da casa;

12.    Conversar com os amigos sem quaisquer limites;

13.    Cuidar da saúde com apuro, definindo alimentação adequada, sem as variações do posto;

14.   Prestar mais atenção às contas;

15.   Poder andar o tempo todo de bermuda e camisa aberta;

16.   Inúmeros outros pontos (se você lembrar-se de mais, coloque aqui).

E aí, você acharia que eu não acostumaria?

Pois acostumei, sim, foi tranquilo, tranquilo, uma beleza.

Só espero que dure muito mais.

Serra, quarta-feira, 25 de abril de 2012.

Algo Ritmo

 

O jornalista, de tanto acompanhar bandas pelo país, de fazer matérias sobre músicas e ritmos decidiu fazer livro a respeito, mas com tema novo, não fosse repetir - neste mundo vastíssimo e de grande concorrência - uma das investigações já publicadas.

Uma lista completa dos ritmos brasileiros, as danças aqui desenvolvidas, seria boa abordagem.

Associá-los às músicas, por exemplo, o ritmo-dança do baião com as músicas constituiria preciosidade, por exemplo, filmar no Nordeste brasileiro, que foi o lugar de nascimento com Luís Gonzaga e outros, acrescentaria; e poderia seguir os nordestinos até aonde tivessem ido, em São Paulo capital havia grande número deles.

Seria possível desenvolver um algoritmo para cada ritmo?

Um modelo matemático?

E os passos de dança estavam conectados ao modelo?

Quer dizer, dançar baião “cria” pessoa-baião?

Vendo a música como um gênero de psicologia, o que cada dança-ritmo evocava no espírito humano? Que liberdades promovia, que autenticidades chamava, que autorizações dava?

Que é esse “algo” que o ritmo defende?

Qual a importância do ritmo para a política?

Não era jornalista qualquer.

Escreveu assim num papel, guardei.

AS PERGUNTAS DOS JORNALISTAS

PERGUNTA
REFERÊNCIA
PSICOLOGIA
Quem?
Figura
Psicanálise
Para quê?
Objetivo
Psico-síntese
Com quê?
Produção
Economia
Como?
Organização
Sociologia
Quando?
Tempo
História
Onde?
Espaço
Geografia

Sem dúvida não era jornalista qualquer, ia a fundo.

Em que medida as músicas (letras e melodias), os ritmos, as danças interferiam na condição humana? Elas teriam horizontes culturais, condição de aceitação em certa faixa temporal?

Na época em que conversei com ele lá no bar no Triângulo das Bermudas, na Praia do Canto, em Vitória, estava nesse pé, não sei se foi para diante, fiquei atento para ver se algo aparecia em qualquer parte, mas não vi nada, acho que ele desistiu, moitou.

Serra, quinta-feira, 03 de maio de 2012.

Adiversário

 

Aquele cara argumentou comigo que depois dos cinco primeiros anos, de que ninguém se lembra bem, a gente não sente quase dor quase nenhuma (fora as de dentes, se não tratar) até bem tarde, 40 anos ou mais, e quando elas começam a acontecer - para uns mais cedo que para outros - não param mais.

Depois dos 40 ou dos 50 não há um dia sem dor, exceto para alguns felizardos que nem se dão conta das dores dos demais, ficamos felizes por eles.

Disse que até essa idade do princípio das dores comemoramos aniversário e daí para frente o aniversário-adversário, o adiversário.

PARABÉNS PRA VOCÊS (a saúde é infinita enquanto dura)

Descrição: http://i.s8.com.br/images/cds/cover/img2/178182_4.jpg
Gente velha reunida.
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Gente jovem cheia de companhia.

Até que venham tais dores ninguém agradece, não estar sofrendo-as, ao passo que quando começam reclamamos o tempo todo.

Concordei em gênero, número e grau.

DOLORES INDISPOSIÇÃO

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Ou é photoshop ou é um em um milhão.
Descrição: http://www.hipertrofia.org/blog/wp-content/uploads/2008/12/dores.jpg
Dói em tudo.
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Não permanece, não; velhice é corporal.
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A gaveta dos comprimidos.

Há reuniões dos alcoólicos, dos desejosos de abandonar as drogas e dos workoólicos, mas ninguém apóia os que sentem dores. Você já viu reunião de gente com dor? Quem vai querer ouvir reclamações?

Bem que podia haver, não para reclamar, mas para conversar sobre soluções, que médicos procurar, que tratamentos freqüentar, onde estão as melhores academias de ginástica em cada caso e assim por diante. COM TANTOS VELHOS, em número crescente, todos com dores, certamente vamos chamar atenção de algum vereador se pelo menos pudermos nos arrastar em passeata sem sermos atropelado por qualquer motorista aborrecido com a lentidão da nossa marcha de protesto, ou com as cadeiras de rodas dos companheiros e companheiras.

Ou podemos escrever cartas se pudermos fazê-lo com artrose e tudo ou mandar e-mail para os governantes, se pudermos digitar.

Ai, tá difícil escrever.

Deixe-me parar um pouco.

Serra, quarta-feira, 09 de maio de 2012.

Água Ardente

 

Não é somente que existam os apreciadores de aguardente, cachaça que por vezes “desce rasgando”, há-os em dupla sádico-masoquista, na sexinternet (internet-sexual) chamada BDSM, algo de inqualificável.

Esse sádico em especial inventou a Água Ardente, H2O com pimenta de variadas graduações ou graus de ardência. Parecia algo de completamente imbecil, e era, mas não que não interessasse os idiotas e não tivesse apelo a que eles atendiam. Não sei se você sabe, há gente que gosta de sofrer, que sente prazer nisso e há outra gente que gosta de proporcionar dor. Há ofertantes e platéia.

É quase incompreensível, mas existe.

A explicação é que o lado negro está lá como vazio, inclusive psicológico, perante o qual as pessoas podem se inclinar.

ÁGUA ARDENTE

Cachaça
Descrição: http://www.cachacapoesia.com.br/files/muitas%20marcas.jpg
Água
Descrição: http://futurodaagua.atarde.uol.com.br/wp-content/uploads/2009/11/agua6.jpg
Pimenta
Descrição: http://www.sitedecuriosidades.com/im/g/D9E59.jpg
Água ardente
(Cachaça com pimenta)

2,5 % ou 1/40 estão o tempo todo dispostos (atualmente 175 milhões em vários estágios de crescimento e decrescimento) a sofrer, com outro tanto disposto a fazer sofrer, o casamento do sádico com a masoquista.

MASOQUISTA – me bate, me bate.

SÁDICO – não, não.

Pois bem, contra as expectativas dos 95 % os 5 % envolvidos eram públicos certo e compraram pimenta com água (que qualquer um poderia preparar em casa, mas estava envolvida a “boa” dor de perder dinheiro); o inventor oferecia água ardente gaseificada que queimava a língua, um atrativo a mais.

Espalhou-se pelo mundo inteiro.

É como a auto-ajuda, ajudou muito o vendedor.
Serra, terça-feira, 24 de abril de 2012.

Evolução em Dobzhansky

 

Estou lendo ou relendo até onde for possível os livros que fui juntando ao longo de 47 anos (fora os surrupiados e os doados), desde os primeiros que ganhei de meu irmão, JAG, neste caso o de T. Dobzhansky, O Homem em Evolução, São Paulo, Polígono, 1968, prefácio de 1961.

O AUTOR E SEU LIVRO

AUTOR
LIVRO
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Theodosius Hryhorovych Dobzhansky - 1900, Ucrânia, 1975, EUA.
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Logo nessa introdução ele diz, página I:

“Duas correntes rivais competem constantemente pelo predomínio na Ciência: a especialização e a síntese. Geralmente é a primeira que vence. Os cientistas são especialistas; um bom especialista domina apenas uma fração, ou fragmento do conhecimento”.

Se competem, a síntese está levando de carroçada da especialização, 10 a 0: os cientistas querem aparecer, como quase todos, ser evidenciados, pegar o primeiro lugar no pódio, ser fotografados, se possível ganhar os prêmios - havendo poucos fora desse esquema, há pouca projeção possível em promover sínteses, só tecnocientistas em fim da carreira, só depois de terem se firmado e adquirido reputação inatacável se atrevem a sintetizar. Além do mais, é preciso extrema competência, assim como larga visão, para produzir qualquer visão de conjunto.

COMO O MP, MODELO PIRÂMIDE, COLOCA

ESPECIALIZAÇÃO.
KOESTLER.
SÍNTESE.
Partição.
Partecompõe.
Composição.
Divisão.
Divide-reúne.
Reunião.
Investigação da parte.
Hólon, partodo ou tudoparte, como chamei.
Conjuminação.
Dedução.
Dedutivindutivo.
Indução.
Do todo para a parte.
 
Das partes para o todo.
Lidar com um só.
Lidar com muitos.
Fragmento.
Globalidade.
Particularizador.
Generalizador.

É preciso ter enorme coragem para ser generalizador em lugar de trilhar o caminho fácil da particularização, ação permanente de particularizar.

A síntese quase nunca é praticada na Ciência geral, porque se a particularização é criticada acerbamente (os tecnocientistas estão sempre procurando erros alheios, o que pode ser bom), a generalização, então..., sem falar no restante Conhecimento (Magia-Arte, Teologia-Religião, Filosofia-Ideologia, Ciência-Técnica e Matemática) geral.

Quase sempre a síntese fica por conta da Filosofia.

Vitória, sábado, 10 de setembro de 2016.

GAVA.