segunda-feira, 6 de agosto de 2018


O Iceberg do Desejo

 

Quando temos um desejo só enxergamos mesmo a intensidade da pulsão, o impulso, o ímpeto de fazer – não avistamos a parte de baixo, o que está oculto no futuro como pagamento; por exemplo, quando alguém deseja ter filhos deverá passar os seguintes 20, 30, 40, 50 anos preocupado e tenso, tentando deter as sucessivas avalanches.

MONTANHA GELADA COM FUTURO OCULTO

http://www.fporgs.com/Iceberg-FPO_Version.gif
http://www2.skolor.pedc.se/mellanheden/bild/iceberg2.jpg

Claro, ninguém ensina isso nas escolas, pois de um lado somos supostos tolos e do outro não interessam insistentes pedidos de recompensas mais avantajadas – não é de bom-tom no capitalismo pleitear o que é da senhoria. Não obstante, sabemos da Curva do Sino e da soma zero 50/50 dos pares polares oposto-complementares que o videocassete significa pagamento e defeitos; não há dia ensolarado, brilhante, luminoso que não tenha sido precedido por - ou não vá ser seguido por - tempestade e escuridão.

É assim o Desenho do Mundo, apesar de Cazuza e Gil tornarem o ambiente responsável por seus 50 % na ferida. DECIDIR é Curva do Sino: de um lado o iceberg é intenso na qualidade do gozo evidente, por outro lado o pagamento é extenso, lento e inexorável, pois se trata da carga 50-50 = 0 = 25x – 75y. Como diz o povo, “não há choro nem vela”, tem de pagar mesmo. Só que ninguém conta isso na escola (pelo menos poderíamos aproveitar melhor e sem remorsos nossa cota de felicidade).

Vitória, quinta-feira, 10 de maio de 2007.

 

O RANCOR INCOMPREENSIVO DE CAZUZA E GIL

Um Trem Para as Estrelas
Cazuza e Gilberto Gil
São 7 horas da manhã
Vejo Cristo da janela
O sol já apagou sua luz
E o povo lá embaixo espera
Nas filas dos pontos de ônibus
Procurando aonde ir
São todos seus cicerones
Correm pra não desistir
Dos seus salários de fome
É a esperança que eles tem
Neste filme como extras
Todos querem se dar bem

Num trem pras estrelas
Depois dos navios negreiros
Outras correntezas

Estranho o teu Cristo, Rio
Que olha tão longe, além
Com os braços sempre abertos
Mas sem protejer ninguém
Eu vou forrar as paredes
Do meu quarto de miséria
Com manchetes de jornal
Pra ver que não é nada sério
Eu vou dar o meu desprezo

Pra você que me ensinou
Que a tristeza é uma maneira
Da gente se salvar depois

Num trem pras estrelas
Depois dos navios negreiros
Outras correntezas

Nenhum comentário:

Postar um comentário