Já
Mataram a Humanidade Dez Mil Vezes
Saímos de Cachoeiro de Itapemirim para ir morar
em Linhares, de sul para norte do Espírito Santo em 1963, tinha nove anos. Um
irmão tinha nesse ano 17 e outro 20, não se interessariam, outro nasceu em
1959, acho que ela deixava com parentes ou vizinhos, eu ia pelas mãos dela, os
ônibus eram pouco e caros e de qualquer forma teríamos de ir ao pé do Morro
Santo Antônio, já boa parte do caminho. Soltavam fumaça preta horrorosa,
arretada (como dizem os nordestinos), era impressionante, a imagem ficou. Papai
era motorista, viajava sempre, ficava muito tempo fora, ela e eu éramos
companheiros desde cedo; portanto, é possível que desde os cinco a
acompanhasse, tornei-me cinéfilo e continuei assistindo filmes para vida
inteira.
A década dos 1970 foi especialmente pródiga
em filmes-catástrofe, já estava em Vitória para o vestibular em 1971, janeiro.
Era um atrás do outro. E depois conheci os álbuns e revistas em quadrinhos, eram
em número bem menor; e livros, sempre muitos.
Por toda parte os autores matavam a
humanidade, aniquilavam daqui para ali o trabalho de 12 mil anos desde Jericó,
100 mil anos desde o começo dos CROM cro-magnons. Se imaginarmos 10 mil dólares/ano
por cabeça e oito bilhões de indivíduos (incluídas as crianças e os velhos
aposentados), teríamos PIB mundial de 80 trilhões, bate mais ou menos com o que
é. Deflacionando para trás e somando tudo, se alguém é capaz de fazer tal
conta, teríamos aí montanha de tarefas cumpridas, mesmo levando em conta a
ferrugem: com a maior insensibilidade acabam com tudo, destroem todo o penoso labor
humano de milhares de gerações, todos os (dizem) 100 bilhões de partos pelas
mulheres, é horrível.
Alguém deveria fazer a apuração cuidadosa,
não sei se há tempo de vida que baste, um só não conseguiria, penso, seria
preciso um grupo grande para selecionar e assistir os 10 mil filmes destrutivos
para aquilatar o quanto Tanatos perturba essa gente a ponto dela condenar o
próximo com tanta displicência. É chocante!
AINDA
FAZEM LISTAS DOS 10 MAIS
Quantas vezes já mataram a humanidade?
Qual é a psicologia que anima essa gente?
Que tipo de doença é esse? E nem é a penúria que
leva a ela, é o excesso de produtos e mimos.
Vitória, sábado, 4 de agosto de 2018.
GAVA.

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