O Prisioneiro Silas
Saía para os Banhos de Sol
Silas é o cachorro Labrador de
Gabriel.
Vive conosco no apartamento e só tem a
amizade de meu filho, de minha filha Clara, minha e de Neném, que faz a maior
parte da limpeza. Foi apartado de sua mãe e irmãos, mas parece ser o alfa, ou
teria sido se tivesse ficado em família canina. Dá saltos de felicidade quando
Gabriel acorda e chega a sair do chão ao saltitar. Mais de 90 % do tempo é
Gabriel quem passeia com ele de manhã.
APARTAMENTO
DE SILAS
·
APARTAMENTO EM RELAÇÃO AOS AMBIENTES:
8. o mundo humano ruge lá longe;
7. Silas não tem nação e nem sabe o
que é isso;
6. Silas não sabe que está dentro de
um estado;
5. há uma cidade, Vitória, mas ele a
desconhece;
·
APARTAMENTO EM RELAÇÃO ÀS PESSOAS:
4. Silas não participa de empresas;
3. Silas não forma grupo;
2. Silas foi afastado de sua família;
1. Silas não convive com indivíduos de
sua espécie (apenas encontra de vez em quando algum cachorro na rua ou late
para eles de longe).
Pobre do Silas, ele só conta consigo
mesmo e conosco. Tem comida à vontade e água abundante, é vacinado, é tratado,
recebe banhos, passeia pela manhã, mas é um prisioneiro da humanidade. Ainda
“dá sorte” por viver numa família que é com ele (e com Yuki, a gatinha persa de
Clara) carinhosa, amorosa, dedicada, pois poderia estar sendo espancado
barbaramente ou estar passando fome como certos cães famélicos que vejo por aí.
E porque temos bastante dinheiro para comprar as rações de ambos eles podem
pelo menos nisso se dar por bem-amados. Fica que ele é totalmente dependente de
nós para abrigo, alimentação, carinhos, vacinação.
Mesmo como indivíduo, suas patas são
abrutalhadas e sua mente não se especializou em mãos como as nossas, nem pés,
nem os sentidos que temos: não pode gozar todos esses milhares de coisas que os
seres humanos em geral até desprezam, por puro tédio e excesso de prêmios. A
vida de Silas é bem restrita, interage um pouco conosco e sente falta, pois é
altamente dependente em termos de emoções – fica se roçando em busca de um
carinho, de um afago.
É um prisioneiro da humanidade, daí
termos pensado em criar abrigos para os animais, santuários onde possam viver
com os seus, Paraísos Animais, digamos assim. São centenas de milhões como ele
através do mundo.
Vitória, sexta-feira, 29 de dezembro
de 2006.
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