quinta-feira, 14 de junho de 2018


O Pavoroso Mundo das Mulheres

 

Quando eu era criança em Cachoeiro do Itapemirim de 1954 a 1963 (quando fomos para Linhares), provavelmente depois dos sete anos, nas procissões de Ramos as mulheres iam com folhas de coqueiro para serem bentas, simbolizando a entrada de Jesus em Jerusalém, quer dizer, sua sagração informal como Rei dos Judeus e Rei do Mundo, negada espontaneamente por ele, como pude raciocinar depois. Tais palhas ficavam secas e eram guardadas para invocar proteção as tempestades de raios, quando supostamente deveriam nos proteger. Mamãe reunia as crianças (eu, meu irmão menor, aquelas porventura presentes) e nos punha de joelhos rezando. Lembrei disso ontem no Shopping com a mãe dizendo “dodói” ao filho que tocou a ponta do guarda-chuva, quando evidentemente a ponta não o machucaria, pois era de metal oblongo, oval, arredondado. As mães falam de “bicho papão” e centenas de outras superprecauções que envenenam nossas mentes.

De fato, se elas mentem mesmo hoje quando tem poucos filhos quanto mais terão mentido quando tinham 14 como minha avó materna! Seria interessante pesquisar como recheavam o universo de perigos e quanto isso terá obscurecido a vontade de nele entrar, de se aventurar. Quanto esse excesso mentiroso de zelo terá contribuído para a super-cautela em relação ao mundo? Quanto as mães terão induzido de pavor nas crianças, depois adultos, e quanto isso travou os avanços da humanidade?

Vitória, segunda-feira, 1º de janeiro de 2007.

 

MÃE BICHO-PAPÃO

Enfrentando o bicho-papão
Ensinando crianças a lidar com seus medos e fobias
Jofrey L. Brown com Julie Davis
Título original: No More Monsters in The Closet
Summus Editorial   ISBN 8532305687

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