quinta-feira, 14 de junho de 2018


O Golpe de Dom Fernando e o Rei do Mundo

 

No livro já citado de Victor Mendanha História Misteriosa de Portugal, 5ª edição, Lisboa, Pergaminho, 1999 (sobre 1ª edição de 1995), na página 253 e ss. o autor coloca a história de D. Fernando da Rosacruz.

O picareta D. Fernando.

Tece elogios intermináveis ao “formidável” Dom Fernando, que foi rei-consorte de Dona Maria II com o nome de Dom Fernando II, como consta abaixo. Dom Fernando era de origem príncipe alemão da casa de Saxe-Coburgo-Gotha, filho de Fernando Jorge Augusto de Leuchtenberg, príncipe menor de um reino inexistente. Mirou os “otários” portugueses e foi.

Isso vale um filme fantástico.

Chegando a Portugal ele se mostrou super-gente-boa, como diz o povo, se interessando pela restauração de monumentos e pela geo-história de Portugal. Ele comprou o Palácio da Pena “com dinheiro do seu próprio bolso”, mandando arborizar as colinas em volta, preparando o golpe, até hoje passado em branco. Daí mandou chamar um amigo engenheiro militar também alemão, Barão Eschwege (eles devem ter rido muito juntos), para reformar o palácio.

Diz o autor na página 262: “O Tesouro Real Português, formado por uma quantidade enorme de pedras preciosas, jóias de grande valor e várias dezenas de quilos de libras em ouro, tinha sido levado de Lisboa, por D. Miguel, durante a guerra civil”. Verificou-se depois que não, D. Miguel (irmão mais novo de Dom Pedro I do Brasil, depois Dom Pedro IV de Portugal) negou terminantemente.

Em 1827, quando Dona Isabel Maria era regente, o tesouro existia, pois em 12 de maio daquele ano foi entregue em caixas ao Banco de Lisboa; em 11 de outubro de 1942 não existia mais, tinha sido levado. No primeiro ano Dom Fernando tinha não mais que 11 anos, mas em 1º de janeiro de 1836 tinha casado com Dona Maria por procuração.

SEQUÊNCIA

·       1816: nasce Dom Fernando;

·       1827: as jóias existem (produto dos roubos de Portugal durante mais de 300 anos no mundo inteiro);

·       1836: Dom Fernando casa por procuração (tinha não mais de 20 anos);

·       1842: o tesouro já tinha desaparecido (em apenas seis anos Dom Fernando e o barão fizeram tudo; os alemães são espertos à bessa: mais de um século depois o descendente-alemão Geisel – 1908 a 1996, presidente-ditador de 1974 a 1979 - deu um golpe de 30 bilhões de dólares no Brasil, desviando tudo isso como dívida externa para auxiliar a falida indústria nuclear alemã).

Diz o autor na página 263: “(...) tendo sido grande a surpresa ao verificar-se que já lá não estavam as jóias magníficas, as deslumbrantes pedras preciosas nem os quilos e quilos de libras de ouro mas, apenas, bijuterias falsas de valor insignificante”. Ninguém estranhou as jóias terem sido copiadas (o que depende necessariamente de proximidade de um artista competente e de planejamento eficiente, capaz de burlar a desconfiança).

Acrescenta Victor Mendanha, p. 263: “(...) mas não nos esqueçamos que o início da construção do Palácio da Pena aponta para o ano de 1840, dois anos antes de se ter dado pelo desaparecimento”; e depois, mesma página: “Teria sido D. Fernando, de parceria com o seu Irmão rosacruciano e engenheiro militar, o autor da ocultação do enorme tesouro, para alguns talvez destinado a ser descoberto quando mais falta fizesse a Portugal, para outros intocáveis por se tratar do dízimo pago ao Rei do Mundo”.

Eles devem estar gargalhando na tumba até hoje!

O tesouro deve ter sido repartido e enviado aos poucos para o pai e parentes, que o estocaram e revenderam; Dom Fernando saiu incólume e com aura de santo-restaurador.

Rei do Mundo!

Essa é boa.

Claro, foi entre 1840 e 1842, precisamente; na primeira data Dom Fernando tinha não mais de 24 e na segunda não mais de 26 anos – muito precoce conspirador.

Seria preciso rastrear as “vidas aparentes” depois disso, porque se individualmente o ano tem 365 dias para a história há a grande vantagem de se poder dar saltos: pode-se seguir a trilha do barão, de Dom Fernando e de seus parentes no principado alemão remoto e obscuro, depois muito rico.

Na página 264 o autor esperançoso acrescenta: “Estamos cientes de que na altura devida, quando a pessoa própria lá entrar, verá claramente a chave do segredo e bastará um simples gesto para ele [o tesouro] ser encontrado” [pelo Rei do Mundo].

Vitória, segunda-feira, 25 de dezembro de 2006.

 

DOMINE

Fernando II de Portugal (1816-1885), rei consorte de Portugal (1836-1853), esposo da rainha Maria II. Atuou como regente (1853-1855) de seu filho, o rei Pedro V, e estabeleceu um governo constitucional.Microsoft ® Encarta ® Encyclopedia 2002. © 1993-2001 Microsoft Corporation. Todos os direitos reservados.

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