Lendo o Diário de
Silas
Silas é o cachorro labrador de
Gabriel.
Não custa barato por mês, mas é uma
alegria para nós, ainda que minhas pernas e braços (bem como as de Gabriel;
raramente morde as mulheres) estejam lanhadas ou magoadas e cheias de cicatrizes
de mordidas.
Como já disse neste Livro 193 em O Prisioneiro Silas que Saía para os Banhos
de Sol, Silas é nosso prisioneiro, particularmente de nossa família e da
humanidade, depois de 100 mil anos de devoção à nossa espécie. Foi tirado do
pai e da mãe com menos de um mês de idade e de animal convive só com a Yuki,
gata persa da Clara.
A
ROTINA DE SILAS
(varia, mais ou menos)
·
De
manhã ele fica sentado sobre as patas traseiras à porta fechada do quarto de
Gabriel e quando ele desponta dá saltos, saltita do chão, pula mesmo tentando
fundir-se com ele – faz festas “intermináveis”;
·
Antes
se alimentava de manhã, ao meio-dia e de noite duas xícaras de cada vez; depois
passou a três de manhã e de noite no período de crescimento, agora come a
qualquer hora, quando quer, em geral três xícaras;
·
Sai
de manhã para passear com Gabriel ou quando ele não pode com a Neném; muito
raramente quando ninguém pode, comigo, mas a força de puxão dele está
aumentando;
·
De
tarde às 17h30min quando estou em casa brincamos de puxar fortemente com o saco
(quando vai chegando a hora ele começa a me morder);
·
Deita
bastante e é fácil saber quando realmente está dormindo, pois seu corpo vibra
em pequenos estremecimentos;
·
Quando
lhe é dado o saco ele o coloca junto de nossos braços para, mordendo-o,
morder-nos;
·
Com
alguma insistência persegue a Yuki, nem que seja “para mostrar serviço” ou
porque sente ciúmes dela;
·
Anda
pela casa, late para a própria imagem nos vidros ou para sombras que não vemos
ou pelos motivos mais inesperados;
·
Corre
de lá para cá e de cá para lá de inopino, de repente;
·
Pega
alguma coisa se esconder debaixo da cama e ser pego lá e acarinhado;
·
Defeca,
defeca, defeca; urina, urina, urina e a gente sempre limpando em casa ou na
rua.
E faz muito mais coisas, o pobre do
Silas, mas nunca é como na Natureza da qual se desagregou para nos acompanhar.
É um escravo, um cativo, um prisioneiro sem dúvida alguma de nossa humanidade.
Dá dó e muito amor vê-lo assim pedinte.
Vitória, segunda-feira, 1º de janeiro
de 2007.
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