quinta-feira, 14 de junho de 2018


Lendo o Diário de Silas

 

Silas é o cachorro labrador de Gabriel.

Não custa barato por mês, mas é uma alegria para nós, ainda que minhas pernas e braços (bem como as de Gabriel; raramente morde as mulheres) estejam lanhadas ou magoadas e cheias de cicatrizes de mordidas.

Como já disse neste Livro 193 em O Prisioneiro Silas que Saía para os Banhos de Sol, Silas é nosso prisioneiro, particularmente de nossa família e da humanidade, depois de 100 mil anos de devoção à nossa espécie. Foi tirado do pai e da mãe com menos de um mês de idade e de animal convive só com a Yuki, gata persa da Clara.

A ROTINA DE SILAS (varia, mais ou menos)

·       De manhã ele fica sentado sobre as patas traseiras à porta fechada do quarto de Gabriel e quando ele desponta dá saltos, saltita do chão, pula mesmo tentando fundir-se com ele – faz festas “intermináveis”;

·       Antes se alimentava de manhã, ao meio-dia e de noite duas xícaras de cada vez; depois passou a três de manhã e de noite no período de crescimento, agora come a qualquer hora, quando quer, em geral três xícaras;

·       Sai de manhã para passear com Gabriel ou quando ele não pode com a Neném; muito raramente quando ninguém pode, comigo, mas a força de puxão dele está aumentando;

·       De tarde às 17h30min quando estou em casa brincamos de puxar fortemente com o saco (quando vai chegando a hora ele começa a me morder);

·       Deita bastante e é fácil saber quando realmente está dormindo, pois seu corpo vibra em pequenos estremecimentos;

·       Quando lhe é dado o saco ele o coloca junto de nossos braços para, mordendo-o, morder-nos;

·       Com alguma insistência persegue a Yuki, nem que seja “para mostrar serviço” ou porque sente ciúmes dela;

·       Anda pela casa, late para a própria imagem nos vidros ou para sombras que não vemos ou pelos motivos mais inesperados;

·       Corre de lá para cá e de cá para lá de inopino, de repente;

·       Pega alguma coisa se esconder debaixo da cama e ser pego lá e acarinhado;

·       Defeca, defeca, defeca; urina, urina, urina e a gente sempre limpando em casa ou na rua.

E faz muito mais coisas, o pobre do Silas, mas nunca é como na Natureza da qual se desagregou para nos acompanhar. É um escravo, um cativo, um prisioneiro sem dúvida alguma de nossa humanidade. Dá dó e muito amor vê-lo assim pedinte.

Vitória, segunda-feira, 1º de janeiro de 2007.

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