quinta-feira, 14 de setembro de 2017


Pastiche Grotesco

 

                            Em seu livro, A Tapas e Pontapés, 5ª edição, Rio de Janeiro, Record, 2004, página 100, Diogo Mainardi (crítico semanalmente publicado na revista Veja; ele diz que o livro é uma reunião de suas “melhores crônicas”) coloca:

                            “Os ideais que circulam nos meios intelectuais são um pastiche grotesco daquilo que os europeus enterraram no século anterior”.

Com o quê concordo inteiramente, acrescentando algo.

                            Imitação grosseira, de fato. Aqui dentro passa por ser autêntica invenção nacional, pois os brasileiros quase todos têm o mal-costume de colocar seus nomes nas obras dos outros sem citar a fonte. É assim com quase todos, especialmente as elites.

                            Agora, “século anterior” dá a entender (sendo agora 2005) que foi há apenas cinco anos, quando na verdade ele provavelmente quis dizer coisas de 100 anos atrás, passadistas, retrógradas até, que levam de volta ao passado. Os ideais, as idéias “revolucionárias” de fora, adotadas aqui são as que foram revolucionárias 100 anos atrás na Europa ou nos EUA ou no Japão ou onde for. É ridículo. As idéias internas que realmente podem nos fazer avançar são renegadas e abandonadas e devem ser adotadas primeiro fora para voltarem vitoriosa e triunfalmente como se fosse de venerados estrangeiros. As elites brasileiras são patéticas e grosseiramente imitadoras.

                            Vitória, quinta-feira, 07 de abril de 2005.

                                                        

                            NOS DICIONÁRIOS

DICIONÁRIO
PASTICHO
GROTESCO
Aurélio Século XXI
[Do fr. pastiche < it. pasticcio.] S. m. 1.Obra literária ou artística imitada servilmente de outra. 2. Mús.  Espécie de representação lírica composta de árias, duetos, etc., tirados de várias óperas, com o fim de reunir num só espetáculo, em rápida sucessão, os seus números de maior êxito. [Não é necessário que os trechos escolhidos sejam do mesmo compositor. ]
(ê). [Do it. grottesco, 'que lembra o estilo das grutas' (v. grotesco [1]).] Adj. 1. Diz-se do estilo plástico que se originou na imitação de ruínas de edificações descobertas no séc. XIV, em Roma, e que foram tidas como grutas; nelas se encontraram pinturas que retratavam, sob forma de arabescos e linhas sinuosas, homens e animais. [O estilo grotesco foi us. por pintores renascentistas, como Rafael Sanzio (v. rafaelesco), Giovanni da Udine (1487-1564), etc. ]  2. Que suscita riso ou escárnio; ridículo 3. Tip.  V. lineal (2). 4. Teatr. Diz-se do drama (2) [segundo Victor Hugo (v. hugoano) ] que, no romantismo, passa, naturalmente, da tragédia à comédia, do sublime ao grotesco. S. m.  5. Qualidade ou caráter daquilo que é ridículo, grotesco: 2   [Cf. grutesco. ] 
Houaiss digital
Substantivo masculino 1 imitação servil de obra literária ou artística 2, Rubrica: música. No s. XVIII, ópera composta de fragmentos de outras, não necessariamente do mesmo autor 3, Rubrica: música. Obra instrumental que contém partes compostas por diferentes autores
Adjetivo e substantivo masculino
1 Rubrica: artes plásticas. diz-se de ou cada um dos ornamentos que representam objetos, plantas, animais e seres humanos ou freq. seres fantásticos, reunidos em cercaduras, medalhões e frisos que envolvem os painéis centrais de composições decorativas realizadas em estuques e esp. em afrescos, e característicos do chamado terceiro estilo de Pompéia ou estilo egipcianizante, em voga esp. nas sete primeiras décadas do sI, de Augusto a Nero; brutesco, grutesco [Tais motivos e esquemas decorativos influenciaram decisivamente o Maneirismo, foram reinterpretados pelo Barroco e o Rococó, e retomados pelo Neoclassicismo.]
Obs.: ver gram a seguir 2, Rubrica: artes plásticas. Diz-se de ou criação ornamental de graciosa fantasia que utiliza tais ornamentos
Ex.: Rafael foi dos primeiros pintores modernos a se utilizar dos g. 3, Derivação: por extensão de sentido. Rubrica: artes plásticas. Diz-se de, ou estilo artístico ou obra desenvolvida a partir de tais ornamentos Ex.: <a pintura g. de Arcimboldo> <o g. dos flamengos e alemães> 4 Derivação: por extensão de sentido. Rubrica: artes pásticas, cinema, fotografia, literatura, teatro.
Diz-se de ou categoria estética cuja temática ou cujas imagens privilegiam, em seu retrato, análise, crítica ou reflexão, o disforme, o ridículo, o extravagante e, por vezes, o kitsch Ex.: <o estilo g. da obra de Georg Grosz> <o g. na fotografia de Diane Arbus> 5, Derivação: por extensão de sentido.
Que ou o que se presta ao riso ou à repulsa por seu aspecto inverossímil, bizarro, estapafúrdio ou caricato Ex.: <aspecto g.> <situação g.> <charge g.> 6 Rubrica: artes gráficas. Diz-se de ou caráter tipográfico que apresenta traço uniforme, todo ele da mesma espessura, e é desprovido de serifa, ou seja, remate nas extremidades da letra; bastão, bastonete, etrusco, lineal

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