Páleo-Dieta
Desde quando comecei a ouvir falar de regimes
lá se vão décadas, foram centenas de modalidades, o que por si só vale livro
alentado (pois é preciso expô-las, mesmo que sucintamente). Deveriam
entrevistar médicos, biólogos, farmacêuticos, nutricionistas, seguidores,
familiares.
Primeiro, o núcleo delas fala de falhas
clamorosas de nossa educação público-privada, de nosso modelo de
desenvolvimento, que de um lado enche as pessoas dos mais variados alimentos
(elaborados de formas sofisticadíssimas tanto em forma quanto em conteúdo) e do
outro tenta tirar com ginásticas em academias caríssimas (valor mensal, roupas,
transporte) o sobrepeso conseguido com superalimentação.
Quanta gente (inclusive eu) sofreu com elas!
Quanto dinheiro gasto à toa, quanto
desperdício de tempo, quanta dor mental e corporal, caso de polícia.
Os governempresas deveriam se preocupar com
elas e com seus proponentes, ainda mais agora que pela Internet oferecem montes
de soluções milagrosas com uso de comidas estranhíssimas (sem a anuência da ANVISA,
Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e remédios perigosos (agora a
cargo do SNCM, Sistema Nacional de Controle de Medicamentos) vendidos como
panacéias a preços elevados. Ninguém os pune, nem publica o resultado das
punições.
Agora surgiu essa páleo-dieta,
dieta-antiga (na verdade, dieta paleolítica, da idade da pedra antiga), tentando-se
volta ao modo como, presumidemente, nos alimentávamos como espécie há 40 mil
anos, com base no que a antropologia revelou.
ANTIGA DIETA
Era mesmo assim?
Posso dizer que não.
Em primeiro lugar, os CROM cro-magnons só
criaram as cidades ao fim da Glaciação de Wisconsin/Wurm há 12 mil anos, 28 mil
depois dos 40 mil, quando estavam nos gelos, a vida era muito difícil, cultivar
era penoso. Depois, as mulheres provavelmente não tinham (é preciso pesquisar)
domesticado seus BIF, Bioinstrumentos Femininos, entre os quais estavam as
galinhas (portanto, sem ovos). Terceiro, as frutas eram pequeníssimas,
minúsculas mesmo, estavam em processo de desenvolvimento genético pela escolha
das maiores para propagação. Terceiro, as vacas eram pequenas e quase não davam
leite (um ou dois litros por dia, como as cabras de agora), quase com certeza
eram, quando adultas, do tamanho de bezerros. Não existia azeite de oliva como
o conhecemos e o pouco que começava a ser produzido devia ser consumido como
remédio, assim como o mel, raríssimo, dos reis e chefes. Quinto, as mulheres
estavam começando a cultivar, não havia muitas hortas. Sexto, elas estavam
interessadas na grande proteína que os homens iam caçar e pescar. E segue nos
detalhes. Todos eles eram menores, homens, mulheres e crianças, e comiam muito
pouco, eram famélicos, eram mirrados, fracos lá para trás, melhoraram justamente
com as carnes (inicialmente semi-apodrecidas) obtidas pelos hominídeos que
seguiam os grandes predadores para pegar as carcaças.
Então, tudo isso não passa de outra lorota,
uma embromação.
Claro que será possível realmente elaborar
uma dieta dessas com investigações conscienciosas dos tecnocientistas, levando
em conta que com o crescimento populacional houve escolha de animais e vegetais
cada vez maiores e de produção cada vez mais rápida, visando o aumento
populacional e não a qualidade de vida. Por exemplo, nozes se tornaram imensas
(relativamente ao passado: não eram essas de agora), porque ao plantar as
mulheres escolheram a árvores que davam exemplares maiores. Frutas, as maiores,
com perda de qualidade nutricional, assim como as galinhas ciscadeiras de 60
anos passados foram substituídas pelas criadas em confinamento em nossos dias,
com rações venenosas. Provavelmente as galinhas de outrora tinham metade do
tamanho de agora, eram com as galinhas garnisé (talvez sejam as verdadeiras).
Enfim, patacoada, ilusão essa nova dieta:
moda, modismo.
Vitória, sábado, 16 de setembro de 2017.
GAVA.




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