quarta-feira, 13 de setembro de 2017


Jericó Consome o Mundo

 

                            Vimos neste Livro 114 artigos sobre Jericó.

                            Como (presumida) primeira cidade surgida há 11 mil anos (mesmo que não seja a primeiríssima, o raciocínio vale; basta deslocar para a primeira de fato), Jericó estava na ponta, naquilo que denominei PONTA DA LANÇA DA CRIAÇÃO. Era a mais avançada, indo além da mais adiantada das pré-cidades e de toda aglomeração que a antecedeu. Era os Estados Unidos da época. Não existia nada além daquilo.

                            Despontava como o maior avanço humano.

                            MAIS ATRASADOS QUE JERICÓ

1.       COMO GENTE:

·       Os primatas;

·       Os hominídeos;

·       Os neandertais;

·       Os cro-magnons;

2.       COMO AMBIENTE:

·      As cavernas;

·       As pós-cavernas;

·       As pré-cidades.

Isso pode parecer muito antiquado para você, mas Jericó era a jóia da coroa da distinção humana – tudo que a humanidade seria dependia do que se estava fazendo em Jericó. Claro, para nós era de uma pobreza e de simplicidade assustadora, de uma insignificância a todo prova, mas para o tempespaço de então era puro arrojo, puro avanço, pura grandeza, referência MUNDIAL, e TODAS as pessoas, acaso tivessem conhecimento de Jericó, a veriam com assombro e até com terror, pois como podia ser que algo TÃO GRANDE (com uns poucos milhares de habitantes, se tanto) tivesse sido construído?

Ora, essa potência inultrapassável tão magnífica e estarrecedora, tão esplendorosa e sublime, uma vez instalada em seu patamar de proficiência dilatou-o ainda mais, atingindo níveis exponencialmente cada mais altos, a ponto de deixar rapidamente as pré-cidades que a originaram para trás, antes que elas pudessem se recuperar do susto e perseguir a mesma meta de eficiência.

Uma vez assim separada, uma vez desenhado o fosso que a distanciou das demais, evidentemente Jericó começou a impor-se ao mundo, a consumi-lo em seu próprio proveito, como acontece com todo poder absoluto, mesmo em nossos tempos. Onde estão as marcas dessa expansão logicamente esperada de Jericó? Não temos notícia, porque os tecnocientistas bobearam mais uma vez. Não tendo o modelo para guiá-los ficaram satisfeitos em descobrir Jericó.

Que acontece com qualquer conjunto? Seja PESSOA (indivíduo, família, grupo, empresa) ou AMBIENTE (cidade/município, estado, nação, mundo) ele consome as redondezas, ele se alimenta, ele devora, ele se apropria do meio, pois ser é isso: comer. Até os não-seres pela gravidade se apoderam do que está em volta.

Mais ainda Jericó, que como primeira cidade estava tão além das pré-cidades quanto uma cidade está adiante dos distritos de agora. Que faz São Paulo? Devora tudo à sua volta, antes de tudo a Grande São Paulo (que ela já agregou com sua grande voracidade característica), depois o estado de São Paulo, a Região Sudeste e o Brasil inteiro, embora menos; vai a todos abocanhando, roendo. O mesmo fez Jericó. Precisamos descobrir as marcas dessas garras e unhas que cravou no mundo (depois o mundo fez de volta a mesma coisa com Jericó – embora o mundo tenha crescido à bessa, Jericó ainda permanece quase a mesma).
Vitória, terça-feira, 12 de abril de 2005.

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