terça-feira, 19 de setembro de 2017


A Demanda por Violência

 

                            Esse Cereja (CEREJA, William Roberto, MAGALHÃES, Thereza Cochar. Gramática:  texto reflexão e uso. São Paulo: Atual, 1998) foi dado como matéria de discussão em sala de aula pela professora PC na UFES. Na passagem anexa “Língua oral e língua escrita” um texto é colocado: “O problema da violência na tevê... bem... quer dizer... a violência chega em nossa casa através da televisão. Por exemplo, você liga a televisão e vê um filme policial que o mocinho mata vinte bandidos de uma vez só... aí, né, todo mundo fica torcendo pra ele matar mesmo os caras... Por isso eu acho que a televisão acaba sendo um mau exemplo e leva a moçada a matar também, a praticar a violência”.

                            No Mali pode passar o mesmo filme que na Suécia, mas neste país a procura ou demanda por violência é muito menor, dado que a homogeneidade cultural e a riqueza são grandes. Trata-se, creio, da busca ou pleito por violência e não da oferta. Se tais e quais filmes fossem passados em mosteiros católicos de frades recolhidos à oração ou a monges budistas eles olhariam como curiosidade; se a motivação, se o empenho aberto, se a tolerância com o crime estão presentes a acolhida aos crimes mostrados é muito maior. Na época do domínio das rádios o som de guerras, de combates de bandidos também chegavam: então será a polêmica polar entre som e imagens? Também não, tudo diz respeito a quem está recebendo a mensagem, a predisposição: se fosse o objeto mulheres e homens responderiam do mesmo modo, crianças e adultos, negros e brancos, leigos e religiosos e assim por diante.

O que deve ser curada é a demanda, porque assim a oferta nada significará, pois magros não o são por falta de alimentos; mas se a oferta TAMBÉM for controlada, melhor ainda: comidas muito gordurosas, doces e de um modo geral atrativas se ofertadas aos magros irão igualmente descompensá-los. São as duas coisas, tanto oferta quanto procura, pois as urgências socioeconômicas postas podem contribuir para preparar o campo para a demanda excessiva.

Vitória, terça-feira, 03 de maio de 2005.

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