terça-feira, 11 de julho de 2017


Visconde, um Nobre

 

                            Visconde é proprietário de um bar em Venda Nova do Imigrante, onde no caminho para o posto fiscal Zito Pinel em Pequiá, Iuna, divisa com Minas Gerais paramos para lanchar.

                            Contou que menos aos domingos - são 52 num ano - há 29 anos acorda às 4:00 (quatro da manhã) e vai até as 22:00 horas (dez da noite), naturalmente fazendo alguns minutos de almoço. Contando uma hora de almoço e outra para as necessidades, são 16 horas por dia - o que é comum na empresa privada - nesses quase 30 anos teria trabalhado nada menos que 145 mil horas, a serviço das famílias que atendem todos juntos: ele, a esposa e agora a filha, mais os funcionários. Naturalmente acumulou alguma coisa, talvez terreno, construiu uma casa, comprou carro e deve ter algum dinheiro guardado, nada sei dele. Colocou uma pequena indústria de embutidos e sabe-se lá o que mais fez. Juntos, ele e os familiares prestaram várias centenas de milhares de horas de trabalho à população. Evidentemente ninguém discute que foi por interesse, pois, claro, como que não seria?

                            Nem se diz que não existam milhares como ele. Não estou louvando o indivíduo e sim o grupo representativo, ele como tantos outros que se empenham para prestar bons serviços. Já falei do Nelson, já falei de vários, escrevendo ou não. Sem dúvida é impressionante a capacidade humana de trabalhar. Quando vemos todas as coisas caminhando podemos com certeza ver nisso zilhões de horas de trabalho de tantos milhões de viscondes, os verdadeiros nobres deste mundo, que por décadas mourejam e nem recebem uma citação no rodapé de algum livro de história.

                            Pois fiz então questão de lembrar todos esses viscondes que estão espalhados pelo planeta.

                            Vitória, sábado, 07 de agosto de 2004.

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