quinta-feira, 20 de julho de 2017


Todos Querem a Morte do Gênio

 

                            Quando os gênios já morreram todos aplaudem e dizem que grande pessoa ele foi. Quando ele está vivo todos (ou quase todos) desejam sua morte. É a lógica.

                            QUE VIVO ERA O GÊNIO (o que é reconhecido depois que                                   ele morreu, graças a Deus)

1.       Só é considerado gênio quem dá prova disso (a presença dos gênios é existencialista; se você disser que A é gênio, sempre perguntarão o que ele fez de genial);

2.       Genialidade é contestação do “estado de arte”, isto é, da situação anterior, da ortodoxia, por qualquer heterodoxia VÁLIDA (pois é opinião diferente que vale; se não valesse seria besteira e portanto prova de burrice);

3.      Se for contestação, logo que cara – diz o modelo – 50 % serão ofendidos;

4.      Quanto mais genial é uma pessoa mais os outros 50 % se reduzem às proporções do modelo: 1/40 ou 2,5 %. Quer dizer, mais gente se colocará contra o gênio;

5.      As pessoas que o negam pertencem à ortodoxia, conseqüentemente podem expressar livremente seus pensamentos e podem agir para denegrir o gênio. O contrário não é verdadeiro: 1) o gênio, por definição, está excluído da expressão tolerada pelo poder; 2) se ele está ocupado em ser gênio, ou em criar, não pode perder tempo em infamar – porisso é unilateral, semrpe CONTRA o gênio, nunca o inverso;

6.      Ora, a ortodoxia, que é aceita pela maioria, faz vazar sua propaganda entre a maioria, razão pela qual o gênio é detestado pela maioria (gênios totais são detestados por quase todos);

7.       E assim por diante (você pode continuar listando).

Além do mais, gênios fazem as pessoas se sentirem pequenas e retraídas, o que elas detestam, razão pela qual preferem sempre (em relação aos gênios muito geniais, ardentemente) ficar longe deles. Eis porque os gênios parecem amargurados (mas não são; devem ser alegres, ou de outro modo não perderiam tempo em criar, pois a amargura é sempre julgamento desfavorável dos outros). Na realidade, para quase todos, “gênio bom é o gênio morto”. QED. Bater palmas, sim, porque de outro modo seria ingratidão, mas depois de findo o espetáculo e com o artista já tendo se retirado. Tal é o pensamento de quase todos.

Vitória, domingo, 05 de setembro de 2004.

Nenhum comentário:

Postar um comentário