Roça na Cidade
Tenho insistido
muito, visando firmar bem, que a quantidade de gente está aumentando
desmesuradamente e a quantidade de terra ou está ficando igual ou diminuindo
(em vista das várias desertificações). Por outro lado, quanto mais aumentar a
pressão maior será a conservação pública e privada, até um ponto em que o
Governo geral estará tomando de volta o que cedeu ou vendeu. No futuro não
haverá 100 ou 200 parques, mas milhares, quanto mais gente apareça. Só os ricos
terão terra.
O processo começará
pelas cidades, onde o solo livre mais faz falta; as cidades já são 200 ou 300
mil (com dois ou três milhões de bairros e distritos), na minha estimativa.
Passarão de um milhão não demora muito e serão cada vez maiores. Do mesmo modo
como as pessoas ficaram ansiosas por virem para os confortos e os benefícios
das cidades, a que só os ricos tinham acesso, no futuro o movimento será
inverso, de modo que qualquer pedacinho de terra nas cidades valerá uma
fortuna.
Mais ainda, qualquer
porçãozinha que seja retransformada em campo valerá o equivalente ao peso em
ouro. Será preciso comprar desde já esses pedaços, desde lotes até espaços
maiores, para retransformá-los em fazendolas, sítios urbanos. As pessoas irão a
bares-fazenda, a restaurantes-sítios e a tudo que se assemelhe ao campo, com
vacas mesmo, com cafezais, com tudo simbólico próximo ou muito semelhante ao
que tinham e detestavam seus pais, avós ou bisavós. Uma empresa que faça isso
nos próximos 30, 60 ou 90 anos pode ficar bilionária, tornando-se mesmo uma
multinacional poderosíssima servindo a ricos e médios-altos, vendendo-lhes os
terrenos “camponizados” (como se diria urbanizado só que ao contrário? A
palavra não existe, nem para a urbanização do campo, já em curso, nem para a “camponização”
da urbe, que tarda ainda), e aos pobres e miseráveis, alugando entradas aos
governos.
Enfim, mina de ouro,
pois cada centímetro quadrado será muito valorizado; vale a pena começar o
processo e deixar a missão a filhos e netos treinados para isso: três gerações
de riqueza sem medidas.
Vitória,
segunda-feira, 06 de setembro de 2004.
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