quinta-feira, 20 de julho de 2017


Roça na Cidade

 

                            Tenho insistido muito, visando firmar bem, que a quantidade de gente está aumentando desmesuradamente e a quantidade de terra ou está ficando igual ou diminuindo (em vista das várias desertificações). Por outro lado, quanto mais aumentar a pressão maior será a conservação pública e privada, até um ponto em que o Governo geral estará tomando de volta o que cedeu ou vendeu. No futuro não haverá 100 ou 200 parques, mas milhares, quanto mais gente apareça. Só os ricos terão terra.

                            O processo começará pelas cidades, onde o solo livre mais faz falta; as cidades já são 200 ou 300 mil (com dois ou três milhões de bairros e distritos), na minha estimativa. Passarão de um milhão não demora muito e serão cada vez maiores. Do mesmo modo como as pessoas ficaram ansiosas por virem para os confortos e os benefícios das cidades, a que só os ricos tinham acesso, no futuro o movimento será inverso, de modo que qualquer pedacinho de terra nas cidades valerá uma fortuna.

                            Mais ainda, qualquer porçãozinha que seja retransformada em campo valerá o equivalente ao peso em ouro. Será preciso comprar desde já esses pedaços, desde lotes até espaços maiores, para retransformá-los em fazendolas, sítios urbanos. As pessoas irão a bares-fazenda, a restaurantes-sítios e a tudo que se assemelhe ao campo, com vacas mesmo, com cafezais, com tudo simbólico próximo ou muito semelhante ao que tinham e detestavam seus pais, avós ou bisavós. Uma empresa que faça isso nos próximos 30, 60 ou 90 anos pode ficar bilionária, tornando-se mesmo uma multinacional poderosíssima servindo a ricos e médios-altos, vendendo-lhes os terrenos “camponizados” (como se diria urbanizado só que ao contrário? A palavra não existe, nem para a urbanização do campo, já em curso, nem para a “camponização” da urbe, que tarda ainda), e aos pobres e miseráveis, alugando entradas aos governos.

                            Enfim, mina de ouro, pois cada centímetro quadrado será muito valorizado; vale a pena começar o processo e deixar a missão a filhos e netos treinados para isso: três gerações de riqueza sem medidas.

                            Vitória, segunda-feira, 06 de setembro de 2004.

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