segunda-feira, 10 de julho de 2017


Outra Forma de Construir Livros

 

                            Normalmente os autores compõem livros de chofre, de súbito, por assim dizer, estabelecendo as figurambientes, quer dizer, as FIGURAS (no caso racional humano indivíduos, famílias, grupos e empresas humanas) e os AMBEINTES (aqui os tipos característicos assumidos: cidades/municípios, estados, nações e mundo) para suprir a linha de lógica que conduz desde o princípio.

                            Por exemplo, escolhe um indivíduo, Marcos, sua família, seu grupo de amigos, a empresa onde é operário ou patrão, ou o que for, e o coloca em tal ou qual cidade. Propõe um enredo Psicológico (para as figuras ou psicanálises acima; com objetivos ou psico-sínteses; nas economias ou produções julgadas apropriadas; dentro das sociologias ou organizações onde será engajado; nos espaçotempos ou geo-histórias de eleição – pode ser tempo passado, presente ou futuro). Recheia sua casa de móveis, põe um carro em sua mão, atribui uma trilha. Faz o tempo correr mais depressa ou mais devagar. Dilata os espaços ou tempos. Independente de como, freqüentemente principia com uma lógica dentro de si; que é mais alta ou mais baixa, de um grande ou de um pequeno autor, ou médio. Em todo caso começa imaginando como a trama se desenrolará para atingir clímax ou anticlímax, com um vazio no começo, no meio ou no fim. Em resumo, segue as técnicas de composição ou vai na marra, marinheiro sem escola de marinha.

                            Como fui construindo ponto por ponto em ASC, segui trilha diferente; escrevi cada assunto como um artigo, juntando-os então conforme me pareceu mais lógico, em blocos, como está estabelecido lá, segundo as linhas da geo-história e dos mitos e meu conhecimento deles. Em todo caso mais de 500 ou 600 títulos diferentes foram se encaixando antes de aparecer uma esfera consistente. A vantagem disso é que os elementos de tensão vieram de várias exigências distintas, em vários instantes – não foram desde o início manifestações da linha única de lógica. Várias delas guerrearam antes de um acordo começar a emergir. A desvantagem, é claro, é que não há uma lógica dominante e é mais difícil compor linha única de resumo.

                            Como sabemos que a soma é zero não há indicação do que seja melhor, este ou aquele método. É o caso de cada um experimentar. O primeiro é do todo para as partes; o segundo, este com que acidentalmente topei, é das partes para o todo.

                            Vitória, sexta-feira, 06 de agosto de 2004.

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