segunda-feira, 17 de julho de 2017


Os Dentes do Cavalo Dado

 

                            Evidentemente o ditado (“não se olha os dentes de cavalo dado”) refere-se a não colocar defeitos em presente, em objeto dado, mas disso podemos tirar duas lições.

                            AS LIÇÕES QUE VIERAM COM OS DENTES DO CAVALO

1.       As pessoas, desde antigamente, já associavam dentes podres a problemas do corpo, a doenças; não é coisa de agora. Olhavam os dentes (inclusive de escravos) porque sabiam perfeitamente que dentes estragados indicavam corpos estragados, doentios. Como, por exemplo, o povo brasileiro está sempre com os dentes cariados isso significa que nossos corpos estão sempre com problemas mais ou menos graves, enquanto os da burguesia, não. Desde sempre a burguesia tratou bem seus próprios dentes (quando começaram a comer açúcar demais foi que deram importância aos dentistas; mas não para o povo, sempre abandonado);

2.       Se uma pessoa lhe dá presente estragado, não pode ser sua amiga. Você pode estar pegando uma carga pesada a transportar e é melhor não aceitar, ou doar a quem tenha condições de consertar. O correto seria olhar, sim, os dentes, porque pegar um cavalo doente pode significar que você terá de gastar o que tem e o que não tem para devolver-lhe a saúde (aí a doadora não estaria te dando solução e sim uma carga ainda maior de problemas).

Convém olhar muito de perto os dentes do cavalo.

Por outro lado, podemos ver que os conselhos antigos, só por serem antigos, não são sempre bons, nem muito menos perfeitos; a sabedoria não reside na Antiguidade, reside em ser sabedoria – quando é. É preciso sempre investigar os dentes da sabedoria, de modo a ver se não estão podres – o que indicaria que é sabedoria podre e como tal inservível, devendo ser descartada.

Vitória, domingo, 22 de agosto de 2004.

Nenhum comentário:

Postar um comentário