quarta-feira, 12 de julho de 2017


Os Americanos que Fizeram 5,2 Milhões de Prisioneiros

 

                            No seu livro (Mais Platão Menos Prozac) que já citei muitas vezes, Lou Marinoff diz na p. 47: “Em 1987, a American Psychiatric Association (Associação Psiquiátrica Americana) votou na classificação da síndrome de distúrbio de atenção e comportamento (ADHD – attention deficit hyperactivity disorder) como doença mental – ciência por votação secreta. Naquele ano, meio milhão de crianças americanas foram diagnosticadas com ADHD. Em 1996, 5,2 milhões de crianças – 10 por cento das crianças americanas em idade escolar – foram diagnosticadas com distúrbio de atenção e comportamento. A ‘cura’ para essa ‘epidemia’ é Ritalin, cuja produção e venda – e efeitos colaterais horripilantes – aumentaram rapidamente”.

                            Em nove anos multiplicou por DEZ. Bastou dar a ordem de prisão e muitos soldados correram a fazer seus prisioneiros, para exibi-los publicamente. No caso eram os próprios filhos. “Oh, estou com grande dificuldade em casa no sentido de criar esse menino ou menina”. Ou “como estou sofrendo com essa criança, meu Deus! ”. No montante de 290 milhões os 5,2 milhões de crianças constituem 1,8 %. Só nessa doença, fora as outras todas. Os americanos não têm inimigos externos, a não ser os inventados, mas têm muitos inimigos internos. Aos montes, aos magotes, às toneladas. Eles se aprisionam uns aos outros. As ciências, de um bem se tornaram um excesso, um abuso, uma enormidade que tolhe e amedronta a todos, tanto física quanto mentalmente. No sentido de sofrerem e fazerem sofrer os sadomasoquistas de lá vão a busca de instrumentos novos; e como, de fato, a psicanálise e a psiquiatria já prestaram alguns serviços, foram a elas à procura desses aparelhos de tortura. É extraordinário como um povo pode ser subjugado. A dialética, o TAO e o modelo dizem que será assim mesmo: no auge da economia exuberante, de toda aquela superprodutividade, a magia escandalosa penetrará as almas, como já aconteceu com a Grã-Bretanha nos séculos 19 e 20, neste até bem depois da Segunda Guerra, quando os voláteis espíritos e fantasmas ali se abancaram em tudo, inclusive no cinema, naquele misticismo enlouquecido. É o que estamos presenciando nos EUA.

                            Vitória, terça-feira, 10 de agosto de 2004.

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