Ortodoxias e
Heterodoxias das Cadeiras
Olhando as cadeiras
dos alunos e dos professores, que são individuais, e os telões que são as
interfaces coletivas, todos dependem de elaboração principal ou primária ou de
lançamento e de reelaboração secundária ou seqüencial, como faz brilhantemente
a Microsoft, apesar de tudo que dela dizem. Pois é preciso relançar de três em
três anos.
Cabe a ortodoxia,
que é o núcleo a conduzir toda a construção enquanto eixo, e as heterodoxias
que evitam a morte precoce do antigo por puro enjôo da repetição. Assim, o
heterodoxo ou inusual ou não repetitivo ou revolucionário deve penetrar no
sistema, mas em que proporção? Muito, e as pessoas sufocariam sem uma
referência, um apego, uma língua comum, mínima, que todos falassem e ouvissem,
a moeda de troca; pouco, e haverá estancamento, cristalização no formalismo,
exigência excessiva de cumprimento da forma, doença sobreafirmativa da forma ou
superfície em rituais imbecis.
Se todos pudessem mudar
o núcleo ninguém reconheceria a ordem de construção; e se ninguém o puder fazer
nunca, não serão mais as pessoas a se servirem do instrumento e sim o
contrário, escravizando os racionais. Daí que devem existir vários níveis de
estancamento das heterodoxias ou de validação do Conhecimento (Magia/Arte,
Teologia/Religião, Filosofia/Ideologia, Ciência/Técnica e Matemática) novo,
venha ele de onde vier. A pergunta é esta: o que é incorporável? O que pode
fazer parte do conhecimento admitido na cadeira do aluno em termos de formas e
estruturas, quer dizer, de desenhos e conceitos? Deve haver um tempo para
maturação e incorporação, com código de cores, como no arco-íris, talvez
seguindo as cores do espectro eletromagnético em tons mais pálidos e não
ofensivos, conforme os artistas digam. De dois em dois anos uma passagem, o que
é aborrecido mas necessário, porque deve haver um tempo mínimo para as
discussões se darem; porém, se não houver um mercado paralelo mais ágil para os
debates cairemos no marasmo do academicismo. Assim, proponho que haja um texto
ANCIÃO e um texto LIXO, tirando-se deste os avanços por triagem. Os dois
estariam disponíveis, tanto o oficial que é de todos quanto o não-oficial que é
de quem o quiser freqüentar, dentro de certos limites (não pode ser violento ou
obsceno).
Vitória, domingo, 29
de agosto de 2004.
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