segunda-feira, 17 de julho de 2017


Ortodoxias e Heterodoxias das Cadeiras

 

                            Olhando as cadeiras dos alunos e dos professores, que são individuais, e os telões que são as interfaces coletivas, todos dependem de elaboração principal ou primária ou de lançamento e de reelaboração secundária ou seqüencial, como faz brilhantemente a Microsoft, apesar de tudo que dela dizem. Pois é preciso relançar de três em três anos.

                            Cabe a ortodoxia, que é o núcleo a conduzir toda a construção enquanto eixo, e as heterodoxias que evitam a morte precoce do antigo por puro enjôo da repetição. Assim, o heterodoxo ou inusual ou não repetitivo ou revolucionário deve penetrar no sistema, mas em que proporção? Muito, e as pessoas sufocariam sem uma referência, um apego, uma língua comum, mínima, que todos falassem e ouvissem, a moeda de troca; pouco, e haverá estancamento, cristalização no formalismo, exigência excessiva de cumprimento da forma, doença sobreafirmativa da forma ou superfície em rituais imbecis.

                            Se todos pudessem mudar o núcleo ninguém reconheceria a ordem de construção; e se ninguém o puder fazer nunca, não serão mais as pessoas a se servirem do instrumento e sim o contrário, escravizando os racionais. Daí que devem existir vários níveis de estancamento das heterodoxias ou de validação do Conhecimento (Magia/Arte, Teologia/Religião, Filosofia/Ideologia, Ciência/Técnica e Matemática) novo, venha ele de onde vier. A pergunta é esta: o que é incorporável? O que pode fazer parte do conhecimento admitido na cadeira do aluno em termos de formas e estruturas, quer dizer, de desenhos e conceitos? Deve haver um tempo para maturação e incorporação, com código de cores, como no arco-íris, talvez seguindo as cores do espectro eletromagnético em tons mais pálidos e não ofensivos, conforme os artistas digam. De dois em dois anos uma passagem, o que é aborrecido mas necessário, porque deve haver um tempo mínimo para as discussões se darem; porém, se não houver um mercado paralelo mais ágil para os debates cairemos no marasmo do academicismo. Assim, proponho que haja um texto ANCIÃO e um texto LIXO, tirando-se deste os avanços por triagem. Os dois estariam disponíveis, tanto o oficial que é de todos quanto o não-oficial que é de quem o quiser freqüentar, dentro de certos limites (não pode ser violento ou obsceno).
                            Vitória, domingo, 29 de agosto de 2004.   

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